Topo

Após dobro de eleitas em 2016, Câmara de SP terá só duas vereadoras a mais

Beatriz Montesanti

Colaboração para o UOL, de São Paulo

16/11/2020 14h18Atualizada em 16/11/2020 16h24

Com 13 vereadoras eleitas neste domingo (15), as mulheres representarão em 2021 23,6% das 55 cadeiras da Câmara Municipal de São Paulo.

O número representa um aumento de 18% em relação a 2016, quando 11 mulheres foram eleitas, compondo assim 20% da casa. Na ocasião o avanço foi mais expressivo, houve um crescimento de 120% em relação à configuração anterior, que só contava com 5 mulheres.

Apesar do aumento, a representação ainda está aquém da participação feminina na população da capital paulista, que é de 52%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A mulher mais votada foi Erika Hilton (PSOL), com 50.508 votos. No total, ela foi a sexta vereadora com a maior quantidade de votos. Depois estão Silvia da Bancada Feminista (PSOL), com 46.267 votos, e Rute Costa (PSDB), com 41.546 votos. Elas foram a 7ª e 11ª vereadoras mais votadas, no ranking geral.

Entre as 13 eleitas, 4 se declaram pretas e uma, indígena —Juliana Cardoso (PT). As demais são brancas.

O PSOL será o partido responsável pela maior bancada de mulheres: são quatro, entre seis vereadores eleitos pela legenda. Dois dos mandatos, o da Silvia da Bancada Feminista, e o da Elaine do Quilombo Periférico, serão compartilhados -um subterfúrgio que aumentará a presença feminina na casa.

Em compensação, nove dos 17 partidos com representação não elegeram nenhuma mulher.

As vereadoras eleitas com mais votos em São Paulo: Erika Hilton, Silvia da Bancada Feminista e Rute Costa - Karime Xavier - 3.dez.19/Folhapress; Nelson Antoine - 10.set.2018/Folhapress; Reprodução/Instagram - Karime Xavier - 3.dez.19/Folhapress; Nelson Antoine - 10.set.2018/Folhapress; Reprodução/Instagram
As vereadoras eleitas com mais votos em São Paulo: Erika Hilton, Silvia da Bancada Feminista e Rute Costa
Imagem: Karime Xavier - 3.dez.19/Folhapress; Nelson Antoine - 10.set.2018/Folhapress; Reprodução/Instagram

Vereadoras eleitas em São Paulo:

  • Erika Hilton (PSOL)
  • Silvia da Bancada Feminista (PSOL)
  • Rute Costa (PSDB)
  • Luana Alves (PSOL)
  • Janaína Lima (Novo)
  • Juliana Cardoso (PT)
  • Sandra Santana (PSDB)
  • Elaine do Quilombo Periférico (PSOL)
  • Dra. Sandra Tadeu (DEM)
  • Sonaria Fernandes (Republicanos)
  • Ely Teruel (Podemos)
  • Cris Monteiro (Novo)
  • Edir Sales (PSD)

Melhoria irrisória

Ao todo, 658 mulheres lançaram candidatura para a vereadora em São Paulo, 32,86% do total de candidatos para o Legislativo municipal. Em 2016, foram 412 candidatas, 31,33% do total.

A melhoria é irrisória, e permanece próxima ao mínimo exigido por lei. Além disso, as urnas mostram que as candidaturas femininas ainda são desfavorecidas, já que uma taxa menor entre elas é de fato eleita.

Para reverter essa situação, a lei ainda determina que reservas do fundo eleitoral e partidário sejam destinadas às mulheres de acordo com a distribuição de candidatos por gênero, mas a regra também é muitas vezes descumprida. Nas últimas eleições, proliferou o surgimento de candidaturas "laranjas" —ou seja, que não recebiam recursos, mas serviam para cumprir a cota no papel.

"A gente sabe que, quanto mais dinheiro, mais as mulheres aparecem para o eleitorado, mas também tem a questão de o eleitorado ser consciente, diagnosticar o cenário de sub-representação feminina e votar nelas. É um trabalho de conscientização e diálogo com o eleitorado, tanto entre os homens quanto entre as mulheres", diz Beatriz Sanchez, cientista política da USP (Universidade de São Paulo), especializada em representação.

Em todo o país, 180.222 mulheres concorreram para o cargos de vereadora, o que representa 34,7% das candidaturas. Entre elas, metade se declarou branca, 10,76% preta e 37,81%, parda.

No Congresso Nacional, apesar de a participação das mulheres estar em crescimento, ainda não passa de 15%, o que mantém o Brasil no pé de um ranking mundial de presença feminina em Parlamentos.

Segundo o relatório "O Progresso das Mulheres no Mundo", feito pela ONU (Organização das Nações Unidas), seguindo o ritmo atual de representatividade serão necessários mais 40 anos para se alcançar a paridade de gênero na política mundial.

Errata: este conteúdo foi atualizado
A primeira versão deste texto desconsiderou a eleição da vereadora Edir Sales (PSD). Com isso, são 13 vereadoras (e não 12) eleitas. As mulheres representarão, em 2021, 23,6% (e não 21,8%) das 55 cadeiras da Câmara Municipal de São Paulo. O número de eleitas representa um aumento de 18% (e não 9%) em relação a 2016, quando 11 mulheres conquistaram uma vaga. O texto foi corrigido.