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Em 1º debate no 2º turno, Covas e Boulos ensaiam embate, mas adotam cautela

Guilherme Boulos (PSOL) e Bruno Covas (PSDB) antes do debate promovido pela CNN Brasil para a Prefeitura de São Paulo - Kelly Queiroz/CNN Brasil
Guilherme Boulos (PSOL) e Bruno Covas (PSDB) antes do debate promovido pela CNN Brasil para a Prefeitura de São Paulo Imagem: Kelly Queiroz/CNN Brasil

Lucas Borges Teixeira

Do UOL, em São Paulo

16/11/2020 22h15

O primeiro encontro entre os candidatos à prefeitura de São Paulo no segundo turno foi marcado por cautela à frente das câmeras e clima de bom humor nos bastidores. Bruno Covas (PSDB) e Guilherme Boulos (PSOL) participaram na noite desta segunda (16), do debate realizado pela CNN e retransmitido pelo UOL.

Um dia depois da eleição, Boulos, que atingiu 20,24% dos votos válidos, se mostrava mais animado enquanto Covas, na liderança com 32,86%, manteve serenidade. O debate, que começou um pouco mais quente, aos poucos tomou tom técnico e de cautela.

Fora os poucos assessores, o candidato do PSOL chegou sozinho e Covas, acompanhado do filho, como no dia da votação.

Boulos estava eufórico. Como no discurso da noite de domingo, falava quase em tom de surpresa sobre a ida ao segundo turno, ponderando o impacto de enfrentar "a onda bolsonarista e a máquina da prefeitura e do governo do estado" com 17 segundos na televisão.

Covas manteve o tom ameno de toda a campanha. Confiante, era como se não esperasse menos do que conseguiu.

À frente das câmeras, a euforia do candidato do PSOL assumiu posição mais assertiva no começo. Ora funcionava bem, como ironia — um aceno ao público que, mesmo sem ser simpático à esquerda, não aprova a gestão tucana na capital —; ora acabava servindo como um suporte para o prefeito manter o tom de ponderação e falar em ações da sua gestão.

Durante o primeiro turno, Covas procurou não se antagonizar a figuras política nem atacar adversários — proposta oposta ao de João Doria (PSDB), com quem ganhou a última eleição. No primeiro discurso dessa nova fase, falou sobre radicalismo e falta de noção econômica do psolista, sugestão que seguiu no debate.

Nos bastidores o clima se manteve de bom humor. No estúdio, por causa da pandemia, cada um tinha acesso a apenas um maquiador e dois assessores, a que ambos recorreram pouco — sobrava tempo até para algumas piadas entre eles nos intervalos.

Com poucos momentos realmente quentes, ambos optaram por argumentos e pautas mais técnicas. Covas referendava a gestão tucana, enquanto Boulos aderiu ao discurso do novo (com uma pitadinha de elogios a projetos do PT). O tom mais incisivo do primeiro bloco aos poucos se dissipou em cautela.

Os dois se estudaram. Boulos procurou manter o diálogo mais enérgico, jovem — foco da campanha desde o começo — e tentou acenar a apoiadores não tradicionais. Covas seguiu na ponderação, falando em experiência, voltado ao eleitorado mais seguro. É um indicativo do que será o curto segundo turno.