Bolsonarismo que levou Crivella a 2º turno não é invencível, diz Tarcísio
Tarcísio Motta (PSOL), que superou Carlos Bolsonaro (Republicanos) nas urnas e se tornou o vereador mais votado do Rio, diz que apoiadores do presidente Jair Bolsonaro levaram o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) ao 2º turno, mas que o resultado das eleições municipais mostrou que o bolsonarismo não é mais invencível. O PSOL liberou seus integrantes para votar em Eduardo Paes (DEM) como um veto a Crivella.
Em entrevista ao UOL, o vereador, que se reelegeu com 86.243 votos, reconhece erros na tentativa de uma aliança frustrada para as eleições deste ano na capital. E diz já trabalhar para a articulação de uma frente única progressista a fim de levar a esquerda ao poder em 2022. O assunto será debatido após o 2º turno.
Tarcísio fala abertamente de discussões internas no PSOL voltadas à disputa para a Presidência da República. "Queremos construir um partido forte e disposto a participar de uma unidade com a esquerda para derrotar o bolsonarismo em 2022. E o [Marcelo] Freixo tem um papel fundamental nisso", diz, citando o deputado federal do PSOL do RJ.
O vereador vê no deputado federal uma das principais lideranças da esquerda no país, capaz de auxiliar o PSOL na construção de uma aliança progressista, apesar da tentativa fracassada de montar uma chapa única nas eleições do Rio neste ano —em maio, Freixo desistiu da sua candidatura à prefeitura após enfrentar resistências na construção de uma chapa encabeçada por ele e com Benedita da Silva (PT) como vice.
"A proposta era de uma unidade da esquerda. Mas o PDT e o PSB não quiseram. Na avaliação do Marcelo [Freixo], uma aliança só com o PT ainda era pouco pelo desafio", explica o vereador.
Para Tarcísio, o episódio serviu de lição para os partidos progressistas.
Os erros não estão só de um lado. Há erros no PSOL, no PT, no PSB... Mais do que ficar apontando um responsável, precisamos aprender com isso e ter a capacidade de dialogar em torno de um projeto para derrotar o bolsonarismo em 2022
Tarcísio Motta, vereador do PSOL no Rio
Para o vereador, a articulação das legendas em uma frente única da esquerda deve ser anterior ao debate de nomes que integrariam a chapa. A deputada estadual Martha Rocha (PDT), candidata derrotada à Prefeitura do Rio, criticou em sabatina do UOL/Folha o fato, segundo ela, de Freixo ter se colocado como o cabeça da chapa no Rio durante a discussão da frente.
"O nosso erro foi a demora para buscar essa aliança para as eleições deste ano. E já tínhamos um nome, porque o Freixo estava à frente nas pesquisas. Por isso, precisamos fazer essa discussão agora, antes que as pesquisas comecem a sair", complementou Tarcísio.
'O bolsonarismo não é mais invencível', diz Tarcísio
Tarcísio também vê o bolsonarismo em queda no país, abrindo espaço para um movimento de oposição.
"O bolsonarismo está levando o Crivella para o 2º turno no Rio. Mas não é mais invencível. A gente ainda não virou o jogo, mas fizemos um gol. E vamos para cima. O futuro está em aberto", argumenta.
O mandato do Carlos Bolsonaro é medíocre. Ele é muito ativo nas redes sociais. Mas no seu trabalho, pelo qual é pago pelo dinheiro do contribuinte, se cala. É tipo aquele aluno que só vai para a escola para responder a chamada
'Esquerda tem muito a aprender com Boulos'
Tarcísio comentou o desempenho de Guilherme Boulos, que disputa o 2º turno das eleições para a Prefeitura de São Paulo contra o prefeito Bruno Covas (PSDB). "A esquerda tem muito a aprender com a estratégia do Boulos", elogia.
Ele ainda comenta a composição da chapa, com a vice Luiza Erundina, de 85 anos. "Há uma conjunção de fatores em São Paulo muito peculiar e interessante. Temos lá uma chapa fantástica, que alia a juventude capaz de incorporar sonhos e projetos de Boulos com a experiência da Erundina, que recupera a memória da sua própria trajetória como prefeita de São Paulo", observa.
Enfrentamento às milícias no Congresso em 2021
O PSOL está elaborando um plano integrado de enfrentamento às milícias voltado ao Executivo, Legislativo e Judiciário, em proposta em conjunto entre Tarcísio e Marcelo Freixo. A ideia é apresentar o projeto em março do próximo ano no Congresso Nacional.
O vereador vê com preocupação os casos de suspeitos de integrar as milícias eleitos vereadores na Baixada Fluminense, conforme revelou o UOL na série 'Milícia nas urnas'. Levantamento da reportagem identificou ao menos quatro candidatos suspeitos de ligação com o crime organizado que se elegeram.
"As milícias são o principal problema político e social do estado do Rio. Na baixada, o avanço econômico e social também vira avanço político em um cenário de aumento da violência", analisa.
Na capital, diz acreditar que o assunto possa ser enfrentado com um combate à especulação imobiliária, feita com base em construções irregulares em áreas pobres. "Mas precisa enfrentar com política de moradia, licenciamento e fiscalização. Outra questão é a regularização do transporte alternativo de vans, que precisa ser reintegrado ao sistema de transporte do município", antecipa.
Segundo ele, esses assuntos vão nortear os debates para a elaboração do Plano Diretor do Município na Câmara do Rio.
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