Trevisan: PT segue o maior da esquerda, mas precisa de reorganização
O resultado do primeiro turno das eleições municipais indica que o PT continua sendo a maior sigla da esquerda, mas precisa de conversa, reorganização e renovação, segundo a colunista do UOL Maria Carolina Trevisan. "Todos os pleitos municipais mostraram isso, que o PT vai ter que se reposicionar, e trocar mais diálogo com os partidos mais ao centro e mais à esquerda também. Vai ter que haver isso", disse. O partido não conquistou nenhuma prefeitura entre as 100 maiores cidades do país no primeiro turno. Mas está na disputa do segundo turno em 15 municípios.
A declaração de Trevisan está no podcast Baixo Clero #66, apresentado por Carla Bigatto e com a participação dela e de Diogo Schelp, também colunista do UOL.
"Não tem como você conseguir fazer frente de oposição para esse governo Bolsonaro ou qualquer outra posição, se você não se reorganizar. Então o PT vai ter que buscar uma renovação também dos seus quadros, de discurso, de proposta porque já não estamos mais naquele momento em que o PT era o líder da esquerda. Ainda é, ainda é muito forte, isso é importante dizer", afirmou. "E por que não abrir um diálogo, né? Seria super importante e benéfico para o país." (Ouça a partir do minuto 22:24)
Trevisan falou sobre o futuro da legenda quando comentava a pesquisa Datafolha no Recife, que mostrou Marília Arraes (PT) com 55% dos votos válidos e João Campos (PSB) com 45%.
"É uma campanha muito interessante porque os dois são primos, Marília Arraes é neta do ex-governador Miguel Arraes e o João Campos é bisneto. Ela já foi do PSB, então assim, o PSB, esse grupo político, familiar tem um domínio muito grande. Uma tendência, uma tradição muito grande no estado. É uma continuidade dessa tradição política só que agora dividida com a Marília Arraes no PT", comentou Diogo Schelp. (Ouça a partir do minuto 20:40)
Ainda sobre os resultados do dia 15, Trevisan destacou a votação para as Câmaras municipais brasileiras. Em diversas cidades, mulheres negras e trans foram eleitas com somas expressivas de votos.
"O que a gente viu de fato acontecendo foi um aumento de candidatura de mulheres, de pessoas negras e eleições dos trans, das trans. Muito interessante que isso esteja acontecendo agora. Talvez seja um sinal de que há uma mudança de rumos, ou uma tentativa de equilíbrio em relação a extrema-direita. Até a direita, a centro-direita está tentando se afastar da extrema-direita, porque já viu que isso não funciona nas eleições." (Ouça a partir do minuto 7:30)
Para Trevisan, "tem um movimento muito interessante acontecendo na sociedade agora". "Como a gente já falou aqui, no fim de semana a gente viu que nas eleições o bolsonarismo perdeu força, (...) esse jeito de fazer política, o ódio, o uso de fake news, essas expressões mais agressivas e violentas, que não tem a ver com a política necessariamente." (Ouça a partir do minuto 6:55)
O podcast de política do UOL abordou também, nesta edição, as pesquisas de intenção de voto para o segundo turno em outros municípios, como São Paulo e Rio de Janeiro, e a possível aproximação do presidente russo, Vladimir Putin, com Jair Bolsonaro (sem partido).
Baixo Clero está disponível no Spotify, na Apple Podcasts, no Google Podcasts, no Orelo, no Castbox, no Deezer e em outros distribuidores. Você também pode ouvir o programa no YouTube. Outros podcasts do UOL estão disponíveis em uol.com.br/podcasts.
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