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Boulos vai à Justiça contra Covas por abuso envolvendo cestas básicas

Imagem mostra carro de som e veículo com número de Bruno Covas em local de distribuição de cestas básicas - Reprodução
Imagem mostra carro de som e veículo com número de Bruno Covas em local de distribuição de cestas básicas Imagem: Reprodução

Felipe Pereira e Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

27/11/2020 12h54Atualizada em 27/11/2020 19h29

A campanha do candidato do PSOL a prefeito de São Paulo, Guilherme Boulos, entrou hoje com uma ação na Justiça Eleitoral contra seu adversário no segundo turno, Bruno Covas (PSDB). Os advogados de Boulos acusam Covas de abuso de poder político "em prol da promoção do candidato à reeleição".

A ação tem como base a distribuição de cestas básicas na periferia de São Paulo por organizações sociais ligadas à prefeitura. As entregas aconteceram nos últimos dias, em meio à eleição paulistana, e viralizaram nas redes sociais.

Covas disse hoje que sua campanha não se beneficiou da entrega de cestas básicas e que pediu investigação do caso (leia mais abaixo).

À Justiça Eleitoral, os advogados de Boulos pedem que o caso seja investigado e testemunhas, ouvidas. O caso precisará ser analisado por um magistrado do TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo), que decidirá se acolhe ou não a ação. Esta é a segunda ação de Boulos apresentada nesta semana em que Covas é acusado de abuso de poder.

Caso a Justiça decida que houve abuso, o registro da candidatura de Covas poderá ser cassado. O tucano também poderá ficar inelegível.

"A distribuição foi feita às escâncaras, enquanto carros de som oficiais de campanha do representado tocavam jingles de campanha e militantes distribuíam flyers informativos do candidato", diz o pedido da campanha de Boulos.

Os advogados de Boulos dizem que "houve uso de programa social em benefício" da candidatura de Covas.

"A mera distribuição das cestas a uma semana do segundo turno das eleições já seria suficiente para denotar a prática do abuso. Não bastasse isso, houve efetiva vinculação da distribuição das cestas com a campanha do representado, candidato à reeleição", dizem os defensores da campanha de Boulos.

Entenda o caso das cestas básicas

Um homem de 39 anos gravou a entrega de cestas básicas no Morro Grande, localidade da Brasilândia, zona norte. Nas imagens, há uma fila para pegar caixas, um carro de som tocando o jingle da campanha de Covas e um veículo com o número do candidato cobrindo o capô do veículo.

Moradores da rua afirmaram ao UOL que no local da distribuição funciona um projeto social que distribui leite todas as terças e quintas-feiras. A entidade se chama Mosobe (Movimento Social Beneficente) e atua na Brasilândia, de acordo com Emilson Almeida da Silva, seu diretor-secretário.

Ele nega qualquer relação com a campanha e declarou que estava fazendo o trabalho normal da entidade. Acrescentou que entrega cestas básicas porque desde a pandemia passou a ajudar o Cidade Solidária, um programa de entrega de alimentos a pessoas em situação de vulnerabilidades, da prefeitura.

Mas o diretor-secretário do Mosobe tem ligação com o PSDB. Ele é filiado ao partido e disse que foi diretor zonal do partido na Brasilândia. A presidente licenciada já trabalhou foi assessora parlamentar de um deputado estadual tucano na Assembleia Legislativa de São Paulo até 2018.
O deputado em questão é Celino Cardoso que é descrito numa foto do Mosobe no Facebook como "líder e parceiro".

O que diz Covas

Em evento hoje, Covas defendeu das acusações. "Mais de 2 milhões de cestas básicas já foram distribuídas pelo Cidade Solidária, em nenhum momento a campanha se utilizou deste tipo de distribuição".

"Já determinei a Controladoria [Geral do Município] que investigue o que aconteceu ali na Brasilândia, quem são os responsáveis, mas não tem nenhuma ação da campanha utilizando estes dois milhões de cestas básicas que foram distribuídas aqui na cidade de São Paulo neste momento de pandemia", declarou

"Boulos divulgou o vídeo [da entrega das cestas]. O nível do debate caiu com esta atitude? Mais de 40 mil cestas foram distribuídas por entidades ligadas ao MTST [Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, ligado a Boulos]. Em nenhum momento fiz qualquer tipo de ilação que isto beneficia A, B ou C. O ônus da prova cabe a quem acusa", afirmou.

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