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Bolsonaro vai usar discurso de eleições fraudadas em 2022, diz colunista

Colaboração para o UOL, em São Paulo

29/11/2020 17h27

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a defender neste domingo (29) o voto impresso e questionou mais uma vez, novamente sem apresentar provas, a segurança do processo eletrônico. A jornalista Carla Araújo, colunista do UOL, comentou a declaração de Bolsonaro durante a live da apuração do segundo turno das eleições e vê uma tática do mandatário pensando nas eleições de 2022.

"O presidente mostra que ele vai usar esse discurso em 2022. Não tem jeito, essa briga vai continuar. Por mais que o presidente disse que não ia se meter em eleições e tal, ele se intromete nesse momento defendendo, o que vai ser uma briga dele até 2022. E ele diz ainda que tem o poder na mão, então provavelmente a gente vai começar a ver aí alguns projetos aqui em Brasília pela volta do voto impresso", analisou Carla.

Bolsonaro defende a mudança no formato de votação no país e afirma de forma recorrente que as últimas eleições sofreram fraudes, inclusive a de 2018 quando venceu Fernando Haddad (PT) no segundo turno.

"Está cada vez mais claro e não dá para negar. O presidente já está pensando em 2022. É um jeito dele já se preparar e se antever ali. Ele fala que teve fraude na eleição que ele foi eleito e de novo não apresenta provas. É uma acusação muito grave o presidente sem provas acusar isso. E mais ainda, nessa declaração de hoje, ele ainda falou que teve fraude nas eleições americanas", afirmou Carla.

Bolsonaro votou no domingo de manhã na escola municipal Rosa Da Fonseca, na Vila Militar, na zona oeste do Rio de Janeiro e conversou com a imprensa na saída.

"Eu espero do sistema eleitoral brasileiro que em 2022 tenhamos um sistema seguro, que possa dar garantias ao eleitor que, em quem ele votou, o voto foi efetivamente para aquela pessoa. O voto impresso é uma necessidade, as reclamações são demais. Eu estou vendo trabalho de hacker aqui e em qualquer lugar. A apuração tem que ser pública. Quem não quer entender isso, eu não sei o que pensa da democracia", afirmou o presidente.

A live também contou com a participação de Maria Cecília Oliveira Gomes, professora no Data Privacy Brasil e pesquisadora em proteção de dados na FGV. Carla questionou a especialista sobre a declaração do presidente sobre a confiança na segurança dos dados.

"As declarações do presidente, como você mencionou, elas têm se repetido sobre essa questão da urna eletrônica desde 2018, e agora também em 2020. Contudo, até o momento não tem nenhuma comprovação que de fato houve algum tipo de insegurança em relação a fraudes associadas às urnas eletrônicas, ou algo que tenha sido uma comprovação de fraude aqui no Brasil. O TSE trabalha bastante em relação a garantir a segurança das urnas eletrônicas, em relação também a todo processo de votação. O e-título é uma comprovação do quanto o TSE tenha investido dentro dessa agenda, voltado a votação eletrônica. Então, eu acredito que é algo que vai continuar acontecendo em termos de declaração dele, mas também em termos de que não há comprovação que houve alguma fraude", afirmou.