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PT perde no Recife e em Vitória e fica sem prefeito em capitais pela 1ª vez

Marília Arraes (PT) perdeu a disputa para seu primo João Campos no Recife - Avener Prado/Folhapress
Marília Arraes (PT) perdeu a disputa para seu primo João Campos no Recife Imagem: Avener Prado/Folhapress

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, no Recife

29/11/2020 18h44Atualizada em 30/11/2020 15h20

As derrotas de Marília Arraes, no Recife, e de João Coser, em Vitória, fizeram o PT amargar seu pior resultado em capitais em uma eleição municipal desde de sua entrada na política. É a primeira vez que o partido não elege nenhum prefeito em capitais.

O primeiro turno já havia sinalizado um resultado ruim para a legenda, que já não havia conseguido nenhum prefeito eleito. Também estava em segundo lugar nas duas capitais que disputava, resultado mantido hoje.

A maior aposta do partido era o Recife, onde Marília chegou a liderar as pesquisas até o início da semana da eleição, mas acabou perdendo a liderança e chegou para a disputa em empate técnico contra seu adversário, João Campos (PSB).

A queda do partido pode ser vista na redução no comando de capitais desde 2008. Em 2004, quando Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estava no primeiro mandato da Presidência, o partido conseguiu eleger seu maior número de prefeitos em capitais: nove ao todo.

A partir dali, o PT foi caindo , até chegar em 2016 elegendo apenas Marcus Alexandre em Rio Branco. O partido acabava de sair do processo de impeachment da então presidente Dilma Rousseff.

Antipetismo?

Para o cientista político e professor da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) Adriano Oliveira, a derrota não pode ser atribuída apenas a um sentimento antipetista ou de rejeição apenas pelo partido.

"Não podemos dizer que temos esse antipetismo forte, intenso, em virtude das boas votações, tanto da Marília, no Recife, como do Coser, em Vitória", afirma.

Segundo ele, como a nacionalização dos debates não predominou nessa eleição, os partidos não foram tão levados em conta pelo eleitor. "Essa nacionalização foi variável menor, o que fez com que se discutisse a continuidade de gestão ou não. E não vejo muito entrelaçamento da eleição de 2020 com a de 2022, que deve ter outra agenda", diz.

Para ele, entretanto, o PT agora deve pensar com cuidado qual será sua estratégia em 2022. "O que vemos agora é que o PT precisa fazer uma avaliação se vai lançar candidato ou se vai ser vice de alguém."

Já a cientista política do Observatório das Eleições, diz que enxerga um antipetismo ainda muito forte e um ponto a ser visto com cuidado pelo partido.

"Ele não tem mais o domínio de nenhuma capital, e isso acaba sendo um prejuízo pensando um projeto para 2022, especialmente para encabeçar chapa. Isso reforça ainda a presença de um antipetismo, que não pode ser negligenciado", afirma.

Ela ainda destaca o crescimento do eleitor conservador. "Isso também tem feito diferença para esse resultado. A gente precisa olhar também para cidades de médio porte que não sejam capitais, mas que tenham aí uma população acima de 500 mil habitantes, que tem uma cenário parecido", finaliza.

Prefeitos eleitos em capitais pelo PT:

  • 1985 - 1 (Fortaleza)
  • 1988 - 3 (Porto Alegre, São Paulo e Vitória)
  • 1992 - 4 (Belo Horizonte, Goiânia, Porto Alegre e Rio Branco)
  • 1996 - 2 (Belém e Porto Alegre)
  • 2000 - 6 (Aracaju, Belém, Goiânia, Porto Alegre, Recife e São Paulo)
  • 2004 - 9 (Aracaju, Belo Horizonte, Fortaleza, Macapá, Palmas, Porto Velho, Recife, Rio Branco e Vitória)
  • 2008 6 - (Fortaleza, Palmas, Porto Velho, Recife, Rio Branco e Vitória)
  • 2012 - 4 (Rio Branco, João Pessoa, Goiânia e São Paulo)
  • 2016 - 1 (Rio Branco)
  • 2020 - zero

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