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Daniel Silveira usa as redes sociais da esposa para atacar Moraes e Romário

4.mai.22 - O deputado Daniel Silveira em evento no Planalto - Adriano Machado/Reuters
4.mai.22 - O deputado Daniel Silveira em evento no Planalto Imagem: Adriano Machado/Reuters

Do UOL, em São Paulo

22/08/2022 08h42Atualizada em 22/08/2022 15h11

Candidato a uma vaga no Senado, o deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) usou as redes sociais da mulher para atacar Alexandre de Moraes, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), e o senador Romário (PL-RJ). Silveira está suspenso das redes sociais desde fevereiro de 2021, quando o STF bloqueou suas contas no Twitter, Instagram e Facebook.

Em vídeo publicado no domingo (21), Daniel Silveira chamou Moraes de "mentiroso da República" e disse que "caga e anda" para as determinações do magistrado. No mês passado, Moraes multou Silveira em R$ 405 mil por descumprir as medidas cautelares impostas pelo STF, como o uso de tornozeleira eletrônica.

Um parlamentar federal jamais pode ser censurado, tanto que eu cago e ando para das medidas do Alexandre de Moraes porque são medidas que não existem dentro do Direito. Estou aqui justamente para disputar, tenho a lei ao meu lado. Vou recorrer até o final e sei que a gente vai vencer porque o bem sempre vence o mal.
Daniel Silveira em vídeo publicado nas redes sociais

Em abril, Silveira foi condenado a oito anos e nove meses de prisão por ameaças a ministros da Corte, mas recebeu a graça (perdão) do presidente Jair Bolsonaro (PL).

O indulto concedido por Bolsonaro criou um impasse sobre a candidatura de Silveira, que ainda pode ser considerado inelegível pela Corte Eleitoral. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral), presidido por Alexandre de Moraes, deve tomar a decisão.

Procurado pelo UOL, o STF não quis comentar as declarações de Daniel Silveira.

Silveira diz que Romário usa Bolsonaro por 'conveniência'

No mesmo vídeo, Daniel Silveira reclamou do PL, partido do presidente Bolsonaro, e disse que Romário virou bolsonarista e conservador por ocasião. "Agora se batiza, se converte, agora [diz] eu sou cristão, mas nunca foi. Era sempre festa, aquele tipo de libertinagem".

Romário e Silveira disputam o mesmo eleitorado no Rio de Janeiro. O deputado começa o vídeo dizendo que não tem nada contra Romário, mas o critica por "não entregar nada de trabalha" em oito anos como senador.

"Não tenho nada contra o Romário. A única coisa que tenho contra é a conveniência: agora eu sou cristão, agora eu sou conservador, agora eu sou bolsonarista. Não posso ficar oito anos no Senado sem entregar nada de trabalho, votando contra o presidente, e depois falar que sou bolsonarista", diz Silveira no vídeo publicado no perfil da mulher, Paola Silveira (PTB-RJ).

Não podemos permitir que pessoas que de repente se tornam cristãos, mas que antes estavam na bebedeira, festa de orgia, sexualização de crianças com drogas e tudo o mais, peguem a bandeira da religião. Só estou exemplificando. Depois da eleição, vai voltar a atacar o presidente. A única coisa que Romário não é é candidato do presidente da República.
Daniel Silveira critica Romário em vídeo publicado nas redes sociais

Silveira também afirmou que o PL está pressionando candidatos que o apoiam. "A diretoria do PL está chantageando, que vai tirar recurso, tempo de TV, qualquer material se os candidatos me apoiarem e não apoiarem o Romário".

"Eu não posso aceitar que um deputado da base bolsonarista [filiado ao PL] e que quer me apoiar tenha falado que [o partido] tirou R$ 700 mil do fundo [eleitoral]."

O UOL procurou a assessoria de imprensa de Romário e aguarda manifestação.

Indulto presidencial de Bolsonaro

No final de abril, um dia após a condenação de Daniel Silveira, Bolsonaro se pronunciou em evento agrícola no interior de São Paulo e concedeu a graça, um indulto individual, para o parlamentar.

O instituto da graça é uma prerrogativa do presidente da República para extinguir a condenação de uma pessoa. Advogados dizem que é um direito do presidente garantido na Constituição, mas que isso cria uma tensão com o STF.

Desde então, o deputado vem descumprindo as decisões da Justiça sobre o uso da tornozeleira eletrônica e a participação em eventos públicos.

Em junho, a PGR (Procuradoria-Geral da República) apresentou manifestação para o Supremo recomendando a extinção da pena contra o parlamentar por conta do decreto do indulto.