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Caixa vira arma eleitoral de Bolsonaro após caso Pedro Guimarães esfriar

Presidente Jair Bolsonaro no almoço de lançamento do programa "Caixa pra elas" - Clauber Cleber Caetano/PR
Presidente Jair Bolsonaro no almoço de lançamento do programa "Caixa pra elas" Imagem: Clauber Cleber Caetano/PR

Do UOL, em Brasília

22/08/2022 04h00

A pouco mais de um mês das eleições, a Secom (Secretaria de Comunicação) do governo tem mobilizado equipes ministeriais para usar a Caixa Econômica Federal como arma eleitoral para o presidente Jair Bolsonaro (PL), e candidato à reeleição.

A estratégia leva em conta o esfriamento da crise causada pelas denúncias de assédio sexual e moral contra o então presidente do banco, Pedro Guimarães

Qual é a ação da Secom? Assessores da Secretaria da Comunicação e de ministérios alinharam postagens para os perfis das pastas na internet. As publicações deviam ter "expressões-chave", como "o Auxílio Brasil é permanente" e "Auxílio de R$ 600".

Após uma reunião no começo do mês entre a Secom e integrantes desses núcleos do governo para explicar o planejamento, foi solicitado que as pastas deveriam focar também no programa "Caixa para elas". Ministérios usaram as redes sociais para falar sobre o benefício:

O que é esse projeto? Lançado no dia 9 de agosto, o programa é um espaço exclusivo de atendimento e oferecimento de produtos financeiros para mulheres. A ação de divulgação mira duas frentes:

  1. Uma força-tarefa dos ministros em visitas às agências do banco em São Paulo;
  2. Turbinar as redes sociais dos ministérios com material sobre o Auxílio Brasil.

O Ministério da Cidadania também deu suporte às outras pastas com técnicos para tirar dúvidas sobre o material que dever ser divulgado — já que alguns ministérios não têm tanta proximidade com o tema.

Quem é o público-alvo? Com ascensão de Daniella Marques ao comando da estatal no lugar de Guimarães, a equipe que toca a campanha tenta aproximar Bolsonaro do eleitorado feminino — por meio de valores como o "empreendedorismo" e o planejamento familiar.

Aliados do governo ouvidos reservadamente pela reportagem dizem que o reposicionamento de imagem da Caixa mirando as eleições de Bolsonaro é "algo natural" e que a expectativa é de "um resultado positivo" até outubro. O "Caixa para elas" é a grande aposta do Executivo dentro desse processo.

Por que a Caixa? A visibilidade que a Caixa Econômica Federal teve nos últimos anos, sobretudo pela operacionalização no pagamento de auxílios, já era vista pelos auxiliares de Bolsonaro como um trunfo na mão da equipe publicitária do governo.

O presidente chegou a levar Pedro Guimarães, à época em que comandava o banco, a várias viagens pelo Brasil, em ritmo de campanha eleitoral. O ex-presidente da Caixa tinha o hábito de discursar no mesmo palanque do chefe e era bem avaliado pelo Planalto.

Procurada pelo UOL, a Caixa informou que "tem o propósito institucional de tratar de frente esse problema social, por meio da força da sua rede e de ações concretas implementadas em todo o país no Caixa pra elas".

O banco citou ainda dados de violência doméstica registrados no país e informou que firmou "protocolo de intenções com o Ministério da Justiça e Segurança Pública e com representantes de 16 organizações e empresas" sobre o tema.

A Secom não respondeu ao pedido de posicionamento até a publicação desta reportagem. O UOL também questionou o Ministério da Cidadania, mas não houve resposta.