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Moraes se reúne com ministro da Defesa em meio a ação contra bolsonaristas

16.ago.2022 - O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, durante seu discurso de posse do cargo em Brasília - Antonio Augusto/TSE
16.ago.2022 - O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, durante seu discurso de posse do cargo em Brasília Imagem: Antonio Augusto/TSE

Do UOL, em Brasília

23/08/2022 17h14Atualizada em 23/08/2022 17h14

O ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), se reuniu hoje (23) com o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira. Marcado desde a semana passada, o encontro ocorreu em meio a uma operação autorizada pelo magistrado contra apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Nesta manhã, a Polícia Federal cumpriu oito mandados de busca contra oito empresários que defenderam, em conversas pelo WhatsApp, a ideia de um golpe de Estado caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença Bolsonaro nas eleições.

Além das diligências, Moraes também autorizou a quebra dos sigilos fiscal e bancário do grupo e a suspensão das contas dos empresários nas redes sociais.

Apesar da operação, fontes da caserna ouvidas pelo UOL consideram que as buscas não afetariam o encontro, que continuou marcado apesar das críticas do governo a Moraes.

O ministro Paulo Sérgio Nogueira não falou com a imprensa após o encontro. O gabinete de Moraes também não comentou a reunião.

O encontro durou cerca de uma hora e foi realizado no gabinete de Moraes, restrito somente ao ministro e ao general, sem a presença de técnicos das Forças Armadas.

O ministro da Defesa, general Paulo Sérgio - Roque de Sá/Agência Senado - Roque de Sá/Agência Senado
O ministro da Defesa, general Paulo Sérgio
Imagem: Roque de Sá/Agência Senado

Reunião restrita

Desde a gestão de Edson Fachin, os militares pedem uma reunião restrita entre seus representantes e servidores do tribunal.

As reuniões são tratadas como visitas institucionais, mas evidenciam o trabalho de Moraes em buscar um alinhamento com o Legislativo na defesa das urnas e uma reaproximação com as Forças Armadas, cujas relações com o TSE ficaram estremecidas durante a gestão Edson Fachin.

Em um de seus últimos atos à frente da Corte, Fachin retirou da comissão fiscalizadora das Forças Armadas o coronel Ricardo Sant'Anna, que divulgou informações falsas sobre as urnas nas redes sociais. O despacho, inclusive, foi assinado em conjunto com Moraes.

A medida desagradou o Exército, que, em nota, disse que desistiria de enviar um substituto e que o coronel havia sido selecionado pela sua "inequívoca capacitação técnico-científica e de seu desempenho profissional".

Apesar disso, Moraes tem mais interlocução com a caserna que seu antecessor, ponto que passou a ser visto como positivo por integrantes da Defesa para uma reaproximação, como mostrou a colunista Carla Araújo, do UOL. O general Paulo Sérgio Nogueira tem um bom trâmite com o ministro desde a época em que estava no comando do Exército.

Embora endosse as críticas do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao sistema eleitoral, Nogueira tem dito a interlocutores que espera uma melhora do diálogo com o TSE na gestão de Moraes.

Polícia Federal

Além do ministro da Defesa, o ministro também se reúne hoje com o diretor-geral da Polícia Federal, Marcio Nunes de Oliveira.

Técnicos da PF fiscalizam desde ontem o código-fonte das urnas na sala montada no subsolo do tribunal. Ao todo, a corporação enviou 13 representantes, entre delegados, peritos e papiloscopistas. Na semana passada, as Forças Armadas concluíram a análise dos dados.

Pacheco defendeu urnas após encontro com Moraes

Ontem, Moraes teve uma conversa de quase duas horas com o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

O UOL apurou que a conversa discutiu pautas prioritárias da presidência do ministro, como a defesa da democracia e o sistema eleitoral. A reunião durou cerca de uma hora e 40 minutos.

Ao sair, Pacheco fez uma declaração em defesa das urnas, afirmando que o modelo adotado foi uma opção feita desde 1996 e que tem "plena confiança" que a eleição transcorrerá dentro da normalidade.

"Não há nenhum tipo de fato que possa descredenciar ou deslegitimar esse método [sistema eletrônico de votação]. Não há base que demonstre justa causa em questionamentos feitos ao sistema eleitoral", disse.

O presidente do Congresso disse ainda acreditar em um feriado de 7 de Setembro será marcado pela ordem e pela paz, apesar das convocações de Jair Bolsonaro (PL) para atos pelo país — a expectativa é que o presidente evite confronto e ataques direto a juízes, diferentemente do que fez no ano passado, quando chegou a chamar Moraes de canalha e pregar a desobediência ao Supremo.

"O que nós esperamos é que haja manifestações ordeiras, pacíficas, legítimas, respeitamos tudo isso. As questões de segurança em razão de eventuais excessos que podem acontecer por grupos, que não tenho dúvida são minoritários, é papel das forças de segurança de cada um dos estados através de suas polícias para inibir qualquer tipo de atitude que não seja democrática e republicana", disse Pacheco.

Moraes tomou posse na terça passada (16) com um forte discurso em defesa das urnas e prometeu um combate "implacável" da Corte às fake news contra o sistema eleitoral. Moraes afirmou que a interferência da Justiça sobre as eleições será mínima, mas que ela não permitirá abusos do direito à liberdade de expressão.