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Lula diz que não mistura religião e política, mas acena a evangélicos no RJ

Stella Borges e Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro e do UOL, em São Paulo

26/08/2022 10h58Atualizada em 26/08/2022 12h32

Uma semana após afirmar que não iria disputar voto religioso, o candidato à Presidência Luis Inácio Lula da Silva (PT) fez um novo aceno aos evangélicos, durante evento no Rio, na tentativa de se aproximar desse segmento da população.

Em reunião com Marcelo Freixo (PSB), candidato ao governo fluminense, o petista disse que sua campanha planeja uma agenda em São Gonçalo, região metropolitana do estado, voltada aos religiosos.

Durante sua fala, Lula listou leis criadas em governos petistas envolvendo o grupo. O candidato tem sido alvo de notícias falsas visando o público evangélico e de ataques do presidente Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição, vinculados à religião.

"Eu não sou daqueles que mistura campanha política com religião, mas precisamos esclarecer algumas coisas. As pessoas não sabem que quem criou a lei da liberdade religiosa foi o meu governo em 2003. É preciso que a gente diga para os evangélicos — para as pessoas normais, porque alguns pastores não querem dizer — que o dia nacional da Marcha para Jesus foi feita por nós em 2009. É preciso dizer que o dia nacional do evangélico foi criado em 2010, ainda no meu governo. É preciso dizer que o dia nacional da proclamação do evangelho foi no governo da Dilma Rousseff", enumerou o candidato.

Lula criticou ainda "pessoas de má-fé, mentirosas, tentando transformar religião em partido político".

Embora lidere as pesquisas de intenção de voto, levantamento do Datafolha divulgado na semana passada apontou Lula em desvantagem contra Bolsonaro entre o público evangélico — 49% ante 32%.

Conforme mostrou o UOL, a ampliação dessa vantagem e o embarque da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, na campanha provocaram uma resposta da coligação que apoia Lula. A campanha do petista mobilizou pastores e teólogos, que traçaram uma estratégia de contra-ataque para viralizar conteúdo entre esse segmento.

Durante o evento, o ex-presidente afirmou que tem interesse em ir ao Rio para realizar um grande debate com os evangélicos para discutir "Brasil, política, emprego, salário, fome, cultura, a situação da mulher brasileira".

A proposta é fazer um evento na cidade vizinha à capital fluminense com lideranças evangélicas, mas a agenda ainda não foi definida nem confirmada.

Além de Freixo e Lula, participaram do encontro hoje o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB), candidato a vice na chapa de Lula; o deputado estadual André Ceciliano (PT), candidato ao Senado, e Gleisi Hoffmann, presidente do PT.

Emprego e cultura. O candidato classificou ainda a criação de emprego como uma "obsessão" do seu programa de governo e destacou que irá ajudar a recuperar a indústria de óleo e gás e a indústria naval para "fazer que o Rio volte ser um estado promissor".

Ele aproveitou ainda para se comprometer com a recuperação do Ministério da Cultura e a descentralização da cultura no país e criticar Bolsonaro." A cultura também terá investimento muito forte que o atual governo destruiu".

Um dia depois do JN. Em entrevista ao JN na noite de ontem, o ex-presidente admitiu casos de corrupção durante os governos petistas, defendeu sua gestão econômica e voltou a criticar a Operação Lava Jato.

Transmitida ao vivo, esta foi a terceira entrevista de presidenciáveis no jornal neste ano e a primeira de Lula na emissora desde que saiu da prisão, em 2018.

O candidato defendeu ainda Dilma Rousseff, mas avaliou que ela errou na precificação da gasolina, criticou a Lava Jato e afirmou que a operação "entrou no limite da política". Ele brincou que tem "ciúme de Alckmin" por sua popularidade no PT e fez indiretas a Bolsonaro dizendo que não quer "amigo na PF".