Topo

Lula ataca Bolsonaro: 'Coloca sujeira sob o tapete e transforma em sigilo'

Os presidenciáveis Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) - Ricardo Stuckert Clauber e Cleber Caetano/PR
Os presidenciáveis Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) Imagem: Ricardo Stuckert Clauber e Cleber Caetano/PR

Colaboração para o UOL, em Brasília, e do UOL, em São Paulo

31/08/2022 12h56

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou hoje o procurador-geral da República, Augusto Aras, e o presidente Jair Bolsonaro (PL) por suposta falta de transparência e omissão ao conduzir crimes que teriam sido praticados por filhos e aliados do atual chefe do Executivo. Em discurso a apoiadores, o petista lembrou ainda de Geraldo Brindeiro, que integrou o MPF (Ministério Público Federal) durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

"Antes de mim, tinha o famoso engavetador, que era um procurador que não abria nenhum processo contra o presidente da República. Depois, nós tivemos um presidente que sequer exigiu investigação de Fabrício Queiroz, dos filhos de Bolsonaro, nem sequer investigou denúncias do CPI da Covid. Temos um presidente que não só coloca a sujeira embaixo do tapete, mas também transforma em sigilo de 100 anos", disse o petista.

Lula também afirmou que Bolsonaro mentiu no debate, realizado no domingo pelo UOL, em parceria com Band, Folha de S.Paulo e TV Cultura. "Ele vai no debate e mente descaradamente. Ontem, no programa, ele colocou a mulher para dizer que foi ele que levou água para o povo do Nordeste, para ajudar as mulheres pobres. Ele tem a insensatez de contar essa mentira sem nenhuma vergonha", disse.

No evento, o presidente e o candidato petista trocaram acusações, com Bolsonaro chegando a dizer que o governo de Lula foi o mais corrupto da história do Brasil. A primeira interação entre eles ocorreu no bloco inicial do debate, quando Bolsonaro lembrou os casos de irregularidades investigados na Petrobras durante do governo do PT. "O senhor quer voltar para quê?. Para continuar fazendo a mesma coisa na Petrobras?", questionou.

No início de sua resposta, Lula comentou: "Era preciso ser ele [Bolsonaro] para me perguntar. E eu sabia que essa pergunta viria."

O ex-presidente listou medidas de seus mandatos que, segundo Lula, foram tomadas para melhorar o combate à corrupção. Ele citou a criação do Portal da Transparência, aprimoramento da CGU (Controladoria-Geral da União) e a aprovação das leis de acesso à informação, anticorrupção, e da lei contra o crime organizado.

Na réplica, Bolsonaro disse: "O seu governo foi marcado pela cleptocracia. Ou seja, um governo feito à base de roubo. E essa roubalheira era pra conseguir apoio dentro do parlamento. Não era apenas para o ex-presidente Lula. Era para ele também conseguir apoio dentro do parlamento. Assim sendo, nada justifica sua resposta mentirosa que você deu nessa questão. Sim, o seu governo foi o governo mais corrupto da história do Brasil", afirmou o presidente.

Procurado pelo UOL, o gabinete de Augusto Aras não havia se manifestado até a última atualização desta reportagem.

O que diz a lei sobre 'sigilo de 100 anos'

O sigilo de 100 anos está previsto na LAI (Lei de Acesso à Informação), sancionada em 2011 pela então presidente Dilma Rousseff (PT). No artigo 31, a lei prevê que informações pessoais relativas à intimidade, vida privada, honra e imagem tenham acesso restrito pelo prazo de até 100 anos.

"Informação relativa à vida privada, honra e imagem de pessoa não poderá ser invocada com o intuito de prejudicar processo de apuração de irregularidades em que o titular das informações estiver envolvido, bem como em ações voltadas para a recuperação de fatos históricos de maior relevância", diz o texto.

Os sigilos de 100 anos impostos na gestão Bolsonaro são alvo de críticas de opositores do presidente e viraram arma eleitoral da campanha de Lula. Em abril deste ano, o presidente ironizou os ataques que recebe pela medida sobre todos os assuntos considerados polêmicos do seu governo.