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Randolfe pede ao STF apuração de imóveis do clã Bolsonaro: 'Teve ladroagem'

Colaboração para o UOL, em São Paulo e Brasília

31/08/2022 10h18Atualizada em 31/08/2022 15h08

Em participação na edição de hoje do UOL News, o senador Randolfe Rodrigues (Rede) adiantou no programa que faria uma petição ao STF (Supremo Tribunal Federal) para que o caso de pagamentos com uso de dinheiro vivo da família Bolsonaro seja investigado pelas autoridades competentes.

Reportagem exclusiva publicada pelo UOL ontem mostrou que quase metade do patrimônio em imóveis do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) e de seus familiares mais próximos foi construída nas últimas três décadas com uso de dinheiro em espécie. Desde os anos 1990 até os dias atuais, o presidente, irmãos e filhos negociaram 107 imóveis, dos quais pelo menos 51 foram adquiridos total ou parcialmente com uso de dinheiro vivo, segundo declaração dos próprios integrantes do clã.

"Com o salário legal que a gente recebe não é possível [enriquecer na política]. Estou há 10 anos em Brasília e não moro em mansão, moro no mesmo apartamento funcional e não comprei mansão. Não tenho carros de R$ 1 milhão, de R$ 500 mil, não tenho patrimônio dessa natureza. Creio eu que um salário de senador da República, que não é ruim, mais de R$ 22 mil, é incapaz desse tipo de fácil enriquecimento na política, é impossível", disse o senador sobre o patrimônio da família Bolsonaro durante participação no UOL News.

"Só enriquece na política e constrói esse patrimônio quem está roubando. (...) Estou convencido que teve ladroagem e roubo de alguma forma", continuou Randolfe. Logo após ao programa, o parlamentar protocolou o pedido no STF.

Randolfe vê falta de atuação do Coaf. Durante o UOL News, o parlamentar também chamou as movimentações financeiras de "atípicas" e criticou a possível falta de atuação de órgãos fiscalizadores, como o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).

"Queremos saber como é que esse dinheiro vivo anda circulando por aí. Por que o Coaf não identifica a retirada desse dinheiro vivo, já que qualquer tipo de movimentação acima de R$ 10 mil deveria ser identificada pelo Coaf? Como essas operações se deram?", questionou,

O pedido de quebra de sigilo bancário dos empresários foi feito pelo senador e acatado pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.

Randolfe: Pedido ao STF foi atuação como senador, não pela campanha eleitoral

"Isso eu tenho feito não é de agora ou desde que estou na campanha do presidente Lula. Isso tenho feito como senador da República desde 1º de janeiro de 2019 quando Jair Bolsonaro tem atentado contra o Estado Democrático de Direito e tem ofendido as instituições", disse Randolfe Rodrigues, quando foi questionado sobre uma possível relação da sua petição com o fato de estar participando da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à presidência.

O senador também fez críticas ao procurador-geral da República Augusto Aras, afirmando que sua atuação tem sido inócua e, por isso, tem feito petições diretamente ao STF.

"Tenho me recusado a peticionar ao procurador-geral da República, por inócuo que é. Tenho optado pelas ações de petição direta junto ao Supremo Tribunal Federal, ao Ministério Público da 1ª instância ou ao Tribunal de Contas da União, o que eu compreendo que cumpre melhor efeito".

Patrimônio de clã Bolsonaro: Reportagem mostra que família é lavanderia de dinheiro, diz Sakamoto

"Investigação sugere sim que a família Bolsonaro é uma grande lavanderia de dinheiro, é isso que está posto aos nossos olhos" afirmou o colunista do UOL Leonardo Sakamoto.

"Há quem não confie no sistema bancário e acabe guardando seu dinheiro em colchão e pote de arroz, outros têm tanta dívida que acaba sumindo qualquer dinheiro, outros estão na informalidade e não acreditam no sistema, ganham pouco e têm que juntar suas moedinhas. Não é o caso do presidente da República, que está há anos, e toda a sua família também, recebendo gordos salários por parte do governo e tem cargos públicos", completou.

Durante participação no UOL News, Sakamoto também falou sobre a prática de lavagem de dinheiro como uma forma de "legalizar" o dinheiro ilegal.

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