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Busca só ocorreu em casa de Moro porque ex-ministro a indicou como comitê

Sergio Moro - Alexandre Meneghini/Reuters
Sergio Moro Imagem: Alexandre Meneghini/Reuters

Letícia Casado

Do UOL, em Brasília

03/09/2022 17h44

A medida de busca e apreensão na casa do ex-juiz Sergio Moro neste sábado só ocorreu porque ele indicou o local como sede do comitê da campanha ao Senado ao fazer o registro de sua candidatura pelo União Brasil.

Moro, assim como o deputado federal Paulo Eduardo Martins (PL), também postulante ao Senado pelo Paraná, foram alvos de uma ação da Justiça Eleitoral a pedido do PT, PCdoB e PV. A federação de partidos apontou irregularidades no material de campanha deles, como o tamanho das letras dos candidatos e de seus suplentes.

A legislação eleitoral determina uma proporcionalidade no tamanho das letras nos nomes de senador e suplentes no material de campanha: os dos suplentes têm que estar escrito com pelo menos 30% do tamanho do nome do candidato. O advogado da coligação do PT disse que Moro e Martins estavam ferindo a regra.

Este é mais um questionamento sobre a candidatura de Sergio Moro ao Senado.

O ex-juiz e ex-ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro (PL) enfrenta problemas com a candidatura desde quando anunciou oficialmente sua entrada na política, depois de negar diversas vezes ao longo dos últimos anos que seria candidato a algum cargo.

Inicialmente Moro planejava concorrer à Presidência da República. No ano passado ele se filiou ao Podemos, legenda do seu ex-padrinho político Álvaro Dias, com quem agora também disputa a única vaga ao Senado no Paraná nesta eleição.

A presidente do partido, deputada federal Renata Abreu (SP), construiu a candidatura de Moro ao longo dos meses, mas, às vésperas do fim do prazo da janela partidária (quando os políticos podem mudar de legenda sem punição), Moro deixou o Podemos, brigou com a cúpula do partido e migrou para o União Brasil, partido criado a partir da fusão de DEM e PSL.

Sua filiação foi questionada por uma ala do União Brasil, que tentou evitar com que ele fizesse parte dos quadros.

Moro chegou a um acordo com a cúpula da legenda, que desde o início deixou claro que ele não seria o nome para a Presidência da República —posto então ocupado por Luciano Bivar, presidente do União Brasil, que depois desistiu e colocou a senadora Soraya Thronicke (MS) na vaga.

O ex-ministro de Bolsonaro ficou com a opção de se candidatar a deputado federal em São Paulo. Ele, no entanto, queria a vaga para o Senado e teve o domicílio eleitoral vetado no Estado.

Moro então registrou sua candidatura no Paraná e colocou o endereço residencial como o de comitê de campanha —local que foi alvo da operação neste sábado.

Nas redes e também em vídeo, disse que a diligência foi abusiva e atacou o PT.

"Hoje, o PT mostrou a 'democracia' que pretende instaurar no país, promovendo uma diligência abusiva em minha residência e sensacionalismo na divulgação da matéria. O crime? Imprimir santinhos com letras dos nomes dos suplentes supostamente menores do que o devido", escreveu em sua conta no Twitter.

"Nada comparável aos bilhões de reais roubados durante os governos do PT e do Lula. Não me intimidarão, mas repudio a tentativa grotesca de me difamar e de intimidar minha família."

Em nota, o PT do Paraná afirmou que a legislação eleitoral deve ser cumprida e que a Federação Brasil da Esperança no Paraná (PT, PCdoB e PV) segue vigilante no combate à possíveis irregularidades.

"Os candidatos ao Senado no Paraná, Sérgio Moro e Paulo Martins, não estão acima das regras eleitorais, assim como qualquer outra candidatura", diz o texto.

Ainda de acordo com o texto, "a medida de busca e apreensão contra o ex-juiz Sérgio Moro apenas foi realizada em sua residência, porque o próprio candidato informou o endereço como sede de seu comitê central de campanha."