Lula se compara a Gandhi, cita imóveis de Bolsonaro e ataca imprensa em SP
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comparou-se hoje ao ex-presidente sul-africano Nelson Mandela e ao ex-líder indiano Mahatma Gandhi ao comentar o período em que esteve preso.
Hoje, Lula participou de um ato de campanha com assistentes sociais em São Paulo. O evento, realizado na sede da Central Sindical, faz parte de uma série de encontros que o ex-presidente tem feito com diferentes classes trabalhistas —ontem, ele se reuniu com trabalhadoras domésticas.
Lula citou ainda as compras de imóveis em dinheiro vivo pela família do presidente Jair Bolsonaro (PL), como revelou matéria do UOL no final do mês passado —e ainda deu uma cutucada na imprensa.
Como um mártir. Lula se comparou a três líderes internacionais que foram presos e, depois de mortos, transformados em mártir: Mandela, Gandhi e o ex-ativista e pastor norte-americano Martin Luther King. Os dois últimos foram assassinados por opositores.
Ele respondia ao padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo da Rua. Em sua fala, o religioso, conhecido por trabalhos com as pessoas em situação de rua, pediu que o ex-presidente não "tivesse vergonha" de ser chamado de ex-presidiário.
Lula ficou preso entre 2018 e 2019 após ser condenado em processos da Operação Lava Jato. O ex-presidente teve suas condenações anuladas em 2021 após o STF (Supremo Tribunal Federal) julgar parcial o ex-juiz Sergio Moro, atual candidato ao Senado pelo União Brasil no Paraná.
Padre Júlio, o senhor sabe que eu não me incomodo mais com o fato da minha prisão. O Mandela foi preso e saiu para ser presidente da República. Gandhi foi preso e foi ele quem libertou um país do tamanho da Índia da Inglaterra, depois mataram ele. Luther King foi preso e depois fez a luta que fez. E eu estou convencido de que aqui no Brasil vai acontecer a mesma coisa
Lula, candidato do PT a presidente
A fala faz parte de uma nova estratégia da campanha do ex-presidente em falar abertamente de sua prisão. Questionado por não ter rebatido o presidente quando interpelado sobre corrupção no debate de 28 de agosto, o petista tem mudado a estratégia para refutar mais as acusações e provocações sobre o caso.
Imóveis de Bolsonaro. Lula não só se defendeu como fez a primeira referência explícita à reportagem do UOL, citando o veículo nominalmente.
Segundo o UOL apurou, desde os anos 1990 até os dias atuais, o presidente, irmãos e filhos negociaram 107 imóveis, dos quais pelo menos 51 foram adquiridos total ou parcialmente com uso de dinheiro vivo, segundo declaração dos próprios integrantes do clã.
Paulo Teixeira [PT], você é deputado, por que você não compra tantos imóveis assim? Pergunta para a família [Bolsonaro] como eles conseguem fazer isso. Eu não sei o que é. O que eu sei é que tem algo podre no ar. E é importante que essas coisas sejam investigadas. Porque quem não deve não teme. Porque não é com salário de deputado que se compra isso, é algo que não vem do salário. Por isso que essa gente, em vez de ficar dizendo que são honestos, tem que se explicar para a sociedade
Lula, candidato do PT a presidente
O uso de dinheiro em espécie para transações imobiliárias não é ilegal, mas pode indicar operações de lavagem de dinheiro ou ocultação de patrimônio.
Cutucada na imprensa. Em meio às críticas a Bolsonaro, Lula fez ainda um ataque à imprensa, como tem acontecido em grande parte dos seus discursos. Para o petista, a mídia teve sua parcela de responsabilidade para a eleição de Bolsonaro. Os ataques à imprensa também são comuns por parte de Bolsonaro.
Um cara que tinha 28 anos de mandato [Bolsonaro] passou para a sociedade como se não fosse político. E os outros todos eram políticos. E o povo todo se enganou porque, mais uma vez, os meios de comunicação deram uma contribuição divulgando mentiras como se fossem verdade
Lula, candidato do PT a presidente
Em seu pronunciamento, em que tentou desacreditar a imprensa, Lula não esclareceu quais seriam as "mentiras" divulgadas como verdade.
Propostas e voto feminino. Nos últimos encontros, Lula também tem focado na pauta feminina, público em que tem ampla vantagem sobre Bolsonaro. O ex-presidente tem relembrado feitos do seu governo e, entre histórias cotidianas e da sua vida, fez promessas para melhorar a vida das mulheres, porém de forma mais geral, voltadas à economia e ao dia a dia feminino.
Antes do discurso do presidenciável petista, assistentes sociais falaram sobre suas experiências de trabalho e histórias de vida e entregaram uma carta de compromisso da campanha com propostas para a categoria.
Entre as promessas, está melhorar o acesso à saúde e aumentar as escolas em tempo integral para que a mulher —geralmente responsável por cuidar dos filhos— tenha mais tempo para trabalhar sem deixar as crianças sozinhas.
De acordo com o último Datafolha, Lula tem uma vantagem de 20 pontos percentuais entre as mulheres: 48% contra 28% do atual presidente. Já entre os homens, é mais pareado: 43% contra 37%. Veja as principais propostas apresentadas:
- Criar o Ministério das Mulheres;
- Diminuir o tempo de espera por consultas e exames no SUS (Sistema Único de Saúde);
- Aumentar o financiamento federal para escolas em tempo integral;
- Retomar a Farmácia Popular;
- Reajuste do salário mínimo acima da inflação.
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