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Toledo: Ipec mostra que tendência de crescimento de Bolsonaro parou

Colaboração para o UOL, em São Paulo

05/09/2022 22h08Atualizada em 06/09/2022 05h52

A pesquisa Ipec divulgada hoje indicou uma oscilação para baixo, dentro da margem de erro, nas intenções de voto para o atual presidente Jair Bolsonaro (PL). Enquanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva manteve 44% das intenções de voto, Bolsonaro aparece com 31%. A chamada "terceira via" mostrou Ciro Gomes com 8% e Simone Tebet (MDB) com 4%. Para o colunista do UOL José Roberto de Toledo, os resultados mostram que a tendência de crescimento de Bolsonaro parou. Ele ainda pontuou durante o Análise de Pesquisas que, apesar de Bolsonaro ter estagnado, fica cada vez mais difícil Lula vencer a eleição no 1º turno.

"Para o Bolsonaro é ruim porque essa oscilação para baixo não é uma oscilação só de um ponto, ela mostra que aquela tendência que o Bolsonaro vinha apresentando até meados de julho de crescimento, parou. E parou mesmo, porque não foi só nessa pesquisa que ele oscilou para baixo, nas outras ele já tinha ficado estacionado", disse.

Toledo ainda justificou esse "não crescimento" de Bolsonaro relembrando sua participação no debate organizado pelo UOL, Folha de S.Paulo, Band e TV Cultura, e também a série de reportagens do UOL sobre a compra de imóveis pelo clã Bolsonaro com a utilização de dinheiro vivo.

"O efeito do debate e dessas reportagens do UOL sobre o patrimônio da família comprando imóveis com milhões de reais com dinheiro vivo, malas e malas de dinheiro, tudo isso aparentemente freou a tendência do Bolsonaro de crescimento. Até fez refluir esse um pontinho que está dentro da margem, então não dá para dizer que caiu, mas não é uma boa notícia para o Bolsonaro. Ele está pagando um preço pelas más notícias que enfrentou nos últimos 10 dias".

Mas, apesar de Bolsonaro não conseguir encurtar a distância para Lula, a definição da eleição ainda no 1º turno está cada vez mais difícil. A migração de uma parcela de votos brancos e nulos para Ciro Gomes e Simone Tebet, diminui o percentual de votos válidos do candidato do PT.

"Se a gente pegar os votos válidos, está dando na minha conta 49% dos votos válidos para Lula, que é menos do que ele tinha em votos válidos na outra pesquisa Ipec que estava dando 50%. Isso acontece porque os votos válidos aumentaram. A Simone Tebet cresceu, o Ciro cresceu, então saíram dois pontos que eram de 'não voto' e com isso o total de votos válidos cresceu. Mesmo o Lula ficando igual, tem proporcionalmente menos votos do que teve na edição passada. Ou seja, ficou um pouco mais difícil para o Lula ganhar no 1º turno", analisou Toledo.

Bombig: Auxílio e PEC não estão surtindo efeito eleitoral para Bolsonaro

Ainda durante o Análise de Pesquisas, o colunista do UOL Alberto Bombig destacou que o pacote de benefícios autorizado pelo governo acabou não surtindo o efeito esperado na campanha de Bolsonaro.

"Já falamos isso, mas sempre vale lembrar que o tal do Auxílio Brasil e da 'PEC das bondades' que ia distribuir aquela derrama de dinheiro que o Centrão achava que iria ser a pedra filosofal da eleição para ajudar o Bolsonaro não está surtindo efeito. A gente já tem um mês praticamente pagando esse Auxílio Brasil de R$ 600 e ele não consegue crescer".

Bombig também pontuou que o tempo para Bolsonaro crescer está ficando cada vez mais curto. Faltando 27 dias para as eleições, ele afirmou que Bolsonaro na verdade perdeu mais uma semana.

"Bolsonaro perdeu uma semana para tirar essa diferença do Lula, e em uma semana em que a campanha de aumentar a rejeição do Lula não parou. O Bolsonaro errou muito. A gente sabe que foi mal no debate e as reportagens do UOL mostrando a questão do dinheiro vivo e aumento do patrimônio, então tem esse lado que foi ruim para ele. Mas do outro lado, ele bateu no Lula sem dó e nem piedade, inclusive com muita fake news. A gente olha os instrumentos de verificação de fake news e de cada 10, nove ou oito são fake news contra a campanha do Lula".

Brígido: Bolsonaro agora precisa de um milagre

A colunista do UOL Carolina Brígido também participou do Análise de Pesquisas e, diante da estagnação de Bolsonaro, afirmou que o atual presidente precisará de um milagre. Ela também pontuou que existia uma expectativa de crescimento na campanha de Bolsonaro, mas que não se concretizou.

"Dentro da campanha do Bolsonaro tinha uma expectativa de que com todas essas coisas que aconteceram no meio do caminho [Auxílio Brasil e 'PEC dos benefícios'] a candidatura pudesse ser mais alavancada. O horário eleitoral gratuito começou no dia 26 e normalmente os presidentes que tentam a reeleição costumam aumentar bastante na pesquisa de intenção de voto com o início do horário eleitoral gratuito. Não aconteceu isso em relação a Jair Bolsonaro, então agora ele precisa de um milagre".

Brígido ainda afirmou que diante do atual cenário, é possível que Bolsonaro adote um tom mais radical durante as manifestações do dia 7 de setembro, acenando, sobretudo, para sua própria base eleitoral.

"A campanha está apostando muito nesse 7 de Setembro. Vão ter muitas manifestações e o presidente Jair Bolsonaro inicialmente foi aconselhado por aliados próximos a não bater tanto no Judiciário, a ter um discurso mais ameno. Mas pode ser que agora, diante desse quadro estacionado que ele está vivendo, ele faça uma aposta maior para esse 7 de Setembro, mudando de ideia e realmente adotando um discurso um pouco mais firme acenando para a militância clássica".

O Análise de Pesquisas vai ao ar sempre após a divulgação de pesquisas Ipec ou Datafolha para presidência da República.

Quando: toda semana após divulgação de pesquisa Ipec ou Datafolha.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.