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Apoiador de Lula morre após facadas; bolsonarista confessa crime e é preso

Bruna Barbosa e Caíque Alencar

Colaboração para o UOL, em Cuiabá, do UOL, em São Paulo

09/09/2022 12h00Atualizada em 09/09/2022 15h18

Um apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL) foi preso preventivamente ontem após confessar ter matado um apoiador do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com golpes de faca e machado na cidade de Confresa, no estado de Mato Grosso, depois de uma discussão política.

A vítima é Benedito Cardoso dos Santos, de 42 anos, e o suspeito é um homem de 24 anos, identificado como Rafael Silva de Oliveira.

Segundo o delegado Vitor Oliveira, da Delegacia Civil de Confresa, foram 15 facadas e um golpe de machado no pescoço.

"Eles estavam sozinhos na casa da chácara onde trabalham, não eram amigos. Em determinado momento, começaram uma discussão sobre política", contou o delegado Oliveira, em entrevista ao UOL.

"O lulista deu um soco no queixo do bolsonarista, que revidou. A vítima então pegou uma faca e partiu para cima do bolsonarista, que conseguiu tomar a faca e correu atrás dele. O lulista conseguiu correr, mas foi alcançado pelo suspeito e esfaqueado", acrescentou o delegado.

Agente da Polícia Civil prende suspeito de matar apoiador do ex-presidente Lula - Divulgação - Divulgação
Agente da Polícia Civil prende suspeito de matar apoiador do ex-presidente Lula
Imagem: Divulgação

Segundo o boletim de ocorrência, Rafael de Oliveira, ao confessar o crime, disse que o cometeu porque "saiu de si". Após os primeiros golpes, ele deu mais facadas em Benedito dos Santos e ainda tentou decapitá-lo usando um machado e aplicando um golpe na altura da garganta.

"O golpe fatal foi no pescoço. Ele escondeu as armas do crime e foi para a cidade. A Polícia Civil autuou em flagrante por homicídio duplamente qualificado, meio cruel."

Ele é acusado de homicídio qualificado por motivo fútil e meio cruel. O UOL tenta localizar a defesa de Rafael de Oliveira.

Crime ocorreu em uma chácara

De acordo com o boletim de ocorrência registrado na polícia, o caso ocorreu em uma chácara na zona rural de Confresa e foi relatado por um funcionário do mesmo local onde a vítima trabalhava.

A faca e o machado foram encontrados perto do corpo da vítima. Ainda de acordo com o delegado, o suspeito saiu do local do crime e procurou um hospital, porque estava com um ferimento na mão.

"No hospital, a Polícia Militar suspeitou do caso. Já tinham conhecimento de uma vítima morta na chácara. A Polícia Civil começou a realizar diligências, localizaram a arma do crime, uma faca e um machado."

Segundo o boletim de ocorrência, o suspeito chegou a dizer a um dos funcionários da chácara que encontrou o corpo na manhã seguinte ao crime e que dois homens tinham matado a vítima e conseguiram escapar.

Essa testemunha achou a história estranha e sem nexo e resolveu contar para a patroa. Ele chegou a pedir dinheiro para a patroa, que também achou estranho e acionou a Polícia Militar.

O suspeito Rafael Oliveira trabalhava com serviços gerais na fazenda havia aproximadamente um mês.

Oliveira estava preso em flagrante, mas teve a detenção convertida em preventiva, pelo juiz Carlos Eduardo Pinho Bezerra de Menezes, da 3ª Vara da Comarca de Porto Alegre do Norte.

Segundo o juiz, ficaram comprovados "requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva em face do custodiado", após a polícia sustentar que "há prova da existência do crime", "indícios suficientes de autoria" e "perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado".

"A intolerância não deve e não será admitida, sob pena de regredirmos aos tempos de barbárie. Lado outro, verifica-se que a liberdade de manifestação do pensamento, seja ela político-partidária, religiosa, ou outra, é uma garantia fundamental irrenunciável", afirmou o juiz Menezes, na decisão que converteu a prisão do suspeito em preventiva.