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Kennedy: Haddad escorregou em casca de banana ao falar de irmão de Rodrigo

Do UOL e colaboração para o UOL, em São Paulo

14/09/2022 00h32

Para o colunista do UOL Kennedy Alencar, que analisou o debate entre candidatos ao governo de São Paulo promovido por UOL, Folha de S.Paulo e TV Cultura, Fernando Haddad (PT) "escorregou em uma casca de banana" durante o terceiro bloco, ao falar do irmão de Rodrigo Garcia (PSDB), Marco Aurélio Garcia.

O jornalista do UOL Thiago Herdy perguntou ao tucano sobre seu irmão, suspeito de participar da chamada máfia do ISS, um esquema que desviou mais de R$ 500 milhões da Prefeitura de São Paulo desde 2007, quando o prefeito era Gilberto Kassab (PSD).

"Rodrigo Garcia fica em uma saia justa, mas diz que não pode responder pelo malfeito de um parente ou de um aliado e dá a resposta dele. O Haddad vem e diz que concorda parcialmente com o Rodrigo Garcia. 'Olha, de fato as responsabilidades são individualizadas no Brasil, você tem que responder pelos crimes que você comete. Mas como você que estava perto não sabia Rodrigo?'", começou Kennedy.

"Aí o Rodrigo devolve pro Haddad e fala 'você não sabia dos casos de corrupção de companheiros do PT?'. Portanto Haddad atravessou a rua para escorregar em uma casca de banana", opinou.

O que foi a máfia do ISS? Segundo o Ministério Público, a máfia cobrava propina de construtoras e desviava verba de impostos municipais. O irmão do governador seria "testa de ferro" ao ajudar fiscais "a ocultarem e dissimularem a origem e localização de valores provenientes das práticas criminosas por intermédio da aquisição de apartamentos", de acordo com o Gedec (Grupo Especial de Repressão aos Delitos Econômicos) do Ministério Público.

Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, o irmão de Rodrigo assinou, em meados de 2021, um acordo com o MP no qual confessava a ocultação de imóvel e se comprometia a pagar R$ 900 mil em reparações.

Ao jornal, a assessoria do empresário afirma que o "caso que deu ensejo a esse processo ocorreu há cerca de uma década, não existindo mais processo criminal em curso contra ele" e que Marco Aurélio Garcia foi incluído no caso "somente porque vendeu três flats a corréus, em operação de venda absolutamente legal, por meio de cheques nominais a ele destinados".

A fala de Haddad. Após a pergunta do jornalista Herdy, do UOL, sobre seu irmão, Rodrigo respondeu que "ninguém é responsável por irmão, ninguém é responsável por ninguém (...) Se ele fez algo de errado, ele que pague". Haddad, no entanto, insistiu na pergunta:

"Você estava a poucos metros da sala onde o seu irmão agia criminosamente", disse. "Um irmão seu, a poucos metros de distância, você tendo o dever de proteger a Prefeitura de São Paulo, na gestão Kassab, [e deixa] isso acontecer, é uma coisa que chama atenção e justifica a pergunta."

Rodrigo, em sua réplica, respondeu atacando também: "Haddad, é a mesma coisa de eu dizer para você que você tinha que ter cuidado do erário público quando você foi ministro do Lula", afirmou.

"O mensalão começou no governo que você participou. Silvinho Land Rover, Delúbio Soares, Vaccari... Nós tivemos os maiores escândalos de corrupção da história do Brasil no seu partido, e nem por isso eu acuso você pessoalmente de qualquer malversação de serviço público", concluiu.

Bombig: Rodrigo tem estratégia difícil; está muito seguro ou mal orientado

"Ou ele está muito seguro dessa estratégia ou ele está mal orientado. Inclusive, quando ele tem chance de perguntar diretamente ao Haddad, ele levantou a bola para o Haddad cortar contra ele", disse Alberto Bombig sobre a estratégia adotada por Rodrigo Garcia durante o debate. Ele classificou a estratégia como de "difícil" entendimento.

O colunista do UOL avaliou que Rodrigo Garcia tem insistido em uma estratégia de dizer que é o governador e mostrar o que foi feito em São Paulo para se apresentar ao eleitor. Ele ainda destacou que, mesmo sem liderar as pesquisas, o candidato do PSDB se tornou o principal alvo de seus adversários.

"Acho que o Rodrigo não esperava ser um alvo preferencial de todos. Me surpreendeu o Haddad muito firme contra o Rodrigo também, parece que Haddad e Tarcísio se escolheram para o 2º turno e vão repetir a polarização nacional", finalizou.

Toledo: Haddad precisa pegar na mão de Alckmin por voto de conservadores

"O problema do Haddad agora não é se tornar um pouco mais conhecido no interior, mas é pegar na mão do Alckmin e tentar ganhar esse eleitor conservador", analisou José Roberto de Toledo.

Ele também pontuou que o eleitor do interior tende a ser mais conservador do que na Grande São Paulo, e é exatamente nesta fatia do eleitorado que está a maior barreira para Fernando Haddad (PT) até o momento.

"O comportamento do eleitorado do interior e litoral é diferente do eleitorado da Grande São Paulo em alguns aspectos. O interior é um pouco mais conservador, e os números mostram que o PT e o Haddad têm mais dificuldades de conseguir entrar nesse eleitorado, também porque ele é menos conhecido".

Josias: Haddad ultrapassa fronteiras do PT, e Tarcísio é bolsonarista sem cloroquina

"O Haddad tem um perfil que ultrapassa as fronteiras do PT e tem uma dificuldade no interior. Ele está lidando com um personagem que também é muito habilidoso. É preciso reconhecer que não é de graça que o Tarcísio de Freitas está nessa segunda colocação, porque ele é um um bolsonarista sem cloroquina", analisou o colunista do UOL Josias de Souza.

Ele também destacou que apesar da proximidade entre Tarcísio (Republicanos) e Bolsonaro, o candidato do Republicanos consegue manter um certo distanciamento. "Ele não questiona a urna eletrônica, ele não absorve ou não encampa as tolices do Bolsonaro. Ele fala essa linguagem de costumes mais conservadora sem encampar as tolices do Bolsonaro".

Confira a análise dos colunistas do UOL e a íntegra do debate com os candidatos ao governo do Estado de São Paulo: