Vera Magalhães tem 144% mais interações no Twitter do que candidatos

Alvo de intimidação por parte do deputado estadual bolsonarista Douglas Garcia (Republicanos), a jornalista Vera Magalhães se tornou a personagem principal da repercussão no Twitter do debate entre candidatos ao governo de São Paulo organizado por UOL, Folha de S.Paulo e TV Cultura na noite de ontem.

Entre as 22h da terça-feira (13) e o meio-dia de hoje, o nome da jornalista gerou cerca de 785 mil interações na rede social, que é a soma de postagens, likes, comentários e compartilhamentos.

O volume foi 144% maior do que as 321,7 mil menções a todos os candidatos que participaram do debate somadas: Fernando Haddad (PT), Rodrigo Garcia (PSDB), Tarcísio de Freitas (Republicanos), Vinícius Poit (Novo) e Elvis Cezar (PDT).

Os dados, encomendados pela startup O Pauteiro, foram repassados ao UOL com exclusividade pela Vox Radar, empresa especializada em análise de redes sociais.

Postagens. Quando apenas as postagens são contabilizadas, Vera foi citada em 45 mil delas, mais do que as 29,5 mil publicações que citaram todo os candidatos.

"Os picos de publicações sobre o tema ocorreram, sobretudo, por conta de manifestações de solidariedade à jornalista, entre 0h e 2h da madrugada desta quarta, na repercussão imediata dos ataques, e por volta das 8h, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se solidarizou com Vera", diz a Vox Radar.

Bolsonaristas são maioria. Entre os 41,6 mil perfis que citaram o nome da jornalista neste intervalo de tempo, cerca de 40% foram classificados com bolsonaristas, 33% não manifestam preferência política, 18% eram de esquerda e 9% pertenciam à direita tradicional, segundo classificação da Vox Radar.

Os termos mais citados nas postagens foram:

"Agressão": 3.700 postagens;
"Vergonha": 2.500 menções;
"Bolsonaro": 2.300;
"Bolsonarista" e "solidariedade": 1.500 postagens.

No topo. A agressão sofrida por Vera Magalhães transformou seu nome no termo mais citado no Twitter entre 6h e 10h de hoje. Entre 10h e 12h, foi o segundo mais citado, atrás apenas de "Tarcísio", o candidato de Bolsonaro ao governo paulista, "também muito mencionado dentro do contexto da agressão", diz o levantamento. Garcia usou uma credencial cedida pela campanha de Tarcísio para entrar no local do debate.

Douglas Garcia, que atacou Vera, e Leão Serva, diretor de Jornalismo da TV Cultura, que jogou para longe o celular do deputado bolsonarista, também estiveram entre os termos mais citados ao longo da manhã."
Vox Radar

Como foi a intimidação? Após o término do debate, com celular em punho, Douglas Garcia, que fazia parte da comitiva de Tarcísio, foi ao encontro de Vera Magalhães afirmando que ela é "uma vergonha para o jornalismo" e questionando o valor do seu contrato de trabalho.

Garcia assistia ao evento na plateia ao lado direito e desceu para confrontar a jornalista. O apresentador Leão Serva, que mediava o debate, intercedeu e retirou o celular da mão do deputado, que começou a gritar "jonazistas", enquanto era retirado pelos seguranças.

No Twitter, Vera afirmou que irá registrar um boletim de ocorrência de ameaça contra Garcia. "Há centenas de testemunhas. Usou o convite no estafe de Tarcísio de Freitas no debate apenas para vir mentir e me acossar e ameaçar", escreveu.