Com Bolsonaro, Malafaia prega contra Lula: 'corruptos não retornarão'
Candidato à reeleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL) participou hoje do culto do pastor Silas Malafaia e a dupla transformou a celebração em palanque. Na hora da benção final, o religioso não fez questão de esconder que pregava contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), principal adversário de Bolsonaro na disputa pelo Planalto, e declarou: "corruptos, saqueadores da nação não retornarão ao poder".
Em nome de Jesus, como igreja, nós concordamos: corruptos, saqueadores da nação não retornarão ao poder
Silas Malafaia, pastor
O pastor fez referência às condenações sofridas pelo petista por esquemas de corrupção investigados pela Operação Lava Jato. Elas foram anuladas no ano passado pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Mesmo assim, os programas de Bolsonaro no horário eleitoral, como o de hoje, reforçam a ligação entre corrupção e o nome de Lula.
Antes da fala sobre corrupção, Malafaia tinha usado um trecho da Bíblia que contém o nome do atual presidente e seu número na urna eletrônica: Juízes, capítulo 10, versículo 3.
"E, depois dele, se levantou Jair, gileadita, que liderou Israel durante 22 anos". Na sequência, o pastor justificou dizendo "tá no livro, minha gente". "Eu estou lendo a Bíblia, hein." A menção de Malafaia foi aplaudida pelo público presente no culto, que também tinha a presença do governador fluminense Cláudio Castro (PL) e o senador Romário (PL), ambos também candidatos à reeleição, assim como Bolsonaro.
Mas o discurso de que se tratava de coincidência não durou muito tempo. Mais adiante, o pastor afirmou: "Não adianta chorar, nós vamos influenciar, sim!"
A igreja evangélica é uma potência. Pode nos engolir porque não tem outro jeito. Vai engolir e vamos continuar crescendo para glória de Deus. Não adianta chorar, nós vamos influenciar, sim. Nós somos cidadãos deste país. Se sindicalista influencia, se socialista influencia, se comunista influencia, nós vamos influenciar, sim
Silas Malafaia, pastor
Em seu pronunciamento, Malafaia disse que não quer um "Estado religioso, não". "É laico. Estado não tem religião. Quem tem religião sou eu. E qual o paradigma do mundo ocidental, qual o modelo do mundo ocidental? O cristianismo."
Estocadas em Lula e na esquerda. Malafaia não economizou nas críticas a Lula. Ele declarou que não adianta procurar os evangélicos somente em época de eleição. "Não adianta aparecer em época de eleição com Bíblia na mão."
"Não estamos votando por causa de um homem. Nós estamos votando sabe por causa de quê. Por causa de princípios e valores. Porque nós não vamos abrir mão de princípios e valores. Uma sociedade onde o politicamente correto que é aplaudido. Quem defende droga, quem defende aborto, quem defende casamento gay, então, é aplaudido", declarou, muito exaltado.
Malafaia falou que os evangélicos não são trouxas e sabem diferenciar quem defende suas pautas. Ao final do discurso, o pastor foi aplaudido e todos acompanharam sua convocação para a benção final, quando mais estocadas foram direcionadas a Lula.
Aniversariante cede o centro das atenções. O culto, ocorrido no Rio de Janeiro, comemorava o aniversário de 64 anos de Silas Malafaia. Houve menção a ele nos discursos e uma homenagem no telão, mas o pastor aceitou que Bolsonaro se tornasse o personagem principal da festa.
O candidato subiu no altar aos gritos de "mito" e foi citado por todos os religiosos que discursaram. Quando chegou sua vez, de falar, Bolsonaro tratou de mostrar intimidade com o pastor ao falar das mensagens que recebe dele. No pronunciamento o candidato pregou contra o aborto, flexibilização das drogas e pautas LGBQI+.
"Tem coisas que são muito caras a todos nós: o aborto, ideologia de gênero, drogas, propriedade privada e família", disse.
Bolsonaro estaciona no Datafolha. O discurso de Malafaia pedindo votos ocorreu na mesma noite que o Datafolha divulgou sua última pesquisa. O levantamento mostra que Lula permanece dom 45% das intenções de voto. Bolsonaro aparece em segundo lugar, com 33%. O índice é um ponto percentual abaixo do registrado na última pesquisa.
Como a margem de erro é de dois pontos percentuais, o candidato à reeleição tecnicamente não sofreu uma queda. Ciro Gomes (PDT) conquistou 8% e Simone Tebet ficou com 5%.
Bolsonaro lidera entre os evangélicos. O candidato à reeleição continua na frente nas pesquisas quando analisado o segmento evangélico. Ele tem 51% dos votos de acordo com o levantamento da Quaest divulgado na quarta-feira (14). Lula aparece na sequência com 25%.
Os números são favoráveis a Bolsonaro, mas já foram melhores. Ele tinha 53% das intenções de voto evangélico na pesquisa publicada em 7 de setembro. Mas nem tudo foi negativo para o candidato à reeleição. Lula aparecia com 26% no levantamento anterior.
A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais. Ou seja, os dois principais concorrentes na corrida presidencial sofreram variação dentro da margem.
Michelle é garota propaganda. O presidente tem uma grande aliada e puxadora de votos evangélicos em casa. A primeira-dama, Michelle Bolsonaro, é bastante religiosa e ajuda a atrair este segmento do eleitorado.
Esta identificação é explorada durante a corrida eleitoral. No evento de abertura da campanha, em Juiz de Fora (MG), Michelle falou em um caminhão de som e, durante o discurso, convocou o público para rezar um Pai-Nosso.
Na companhia de um grande aliado. A dobradinha com o pastor Silas Malafaia não é novidade nesta eleição. Os dois estiveram juntos no feriado de 7 de Setembro porque foi justamente o caminhão de som do religioso o escolhido por Bolsonaro para discursar.
Nesta quinta, Bolsonaro esteve no culto em que o pastor foi homenageado pelo aniversário de 64 anos. Ambos sentaram lado a lado. Além de apoiar a reeleição do presidente, o pastor é opositor ferrenho de Lula. Na manhã desta quinta-feira, ele postou um vídeo no Instagram acompanhado da frase: "Lula admite que não sabe como irá criar novos empregos".
Outra interferência do STF. Antes de participar do culto, Bolsonaro fez uma live no YouTube em que criticou a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) em suspender o piso da enfermagem. Na hora em que o presidente falava, o placar da votação estava 7 a 3 pelo pagamento de um salário mínimo para categoria de R$ 4.750 somente depois da avaliação das fontes financiadoras. A ministra Rosa Weber, presidente do STF, ainda não tinha votado
"É uma interferência, mais uma interferência do Supremo Tribunal Federal no dia a dia, não tem nada a ver com constitucionalidade essa questão. Mais uma vez o Supremo interfere, prejudicando em torno de 2 milhões de profissionais de saúde".
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