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Em apelo por voto feminino, Bolsonaro diz ter 'consideração' pelas mulheres

Jair Bolsonaro (PL) discursa em comício em Londrina  - Reprodução
Jair Bolsonaro (PL) discursa em comício em Londrina Imagem: Reprodução

Do UOL, em Brasília

16/09/2022 19h58Atualizada em 16/09/2022 21h10

Para tentar reduzir a resistência do eleitorado feminino, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou hoje (16) que tem "consideração" pelas mulheres e que o futuro "passa pela forma como elas nos tratam". Candidato à reeleição, o chefe do Executivo discursou em um comício em Londrina, após realizar uma motociata pela cidade com políticos aliados e apoiadores.

"Dizer a vocês que o nosso futuro passa por elas, pelo trabalho delas, e pela consideração que temos por elas e da forma como elas nos tratam. Tenho certeza que juntos faremos um país muito melhor do que se possa imaginar", disse Bolsonaro.

Antes de iniciar sua fala a favor da mulheres, o presidente chamou aquelas que o acompanhavam no palco para irem para a frente do tablado e disse que "quem aqui não é mulher é filho de uma mulher". A primeira-dama, Michelle Bolsonaro, não acompanhou o marido na viagem ao Paraná.

Bolsonaro estava ao lado do candidato à reeleição à Câmara dos Deputados, Filipe Barros (PL-PR), responsável por organizar o evento. O governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), por sua vez, não compareceu ao evento. Mas foi citado por Bolsonaro durante o discurso como um aliado.

O candidato à reeleição exaltou o Brasil e disse que o país é a "terra prometida". "Somos um país abençoado. O Brasil, na verdade, é a terra prometida. Em cada canto desse país, um pedaço desse paraíso", disse. Bolsonaro afirmou ainda que o Brasil está a frente dos países europeus e que "não há comparação".

"Hoje o Brasil, que pese os especialista sempre apontando o contrario, mês a mês cai a taxa de desemprego, que mês a mês os números da economia são reajustados para mais, um pais que é exemplo para o mundo (...) Compare o Brasil com países da Europa, não tem comparação, estamos muito a frente deles. Somos um país próspero em tudo", completou.

Em evento em Porto Alegre, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), principal adversário de Bolsonaro, criticou a gestão do presidente e chegou a citar o termo "miliciano" ao falar do chefe do Executivo e de seus aliados. "Esse país precisa voltar à normalidade. Os milicianos que se apoderaram do poder desse país, criaram um comportamento na sociedade", disse. Não há, porém, comprovação de relação de Bolsonaro com milicianos.

Tudo ou nada. A poucas semanas do primeiro turno das eleições, a campanha de Bolsonaro concentrará a atenção, principalmente, ao voto feminino. Foi encomendada uma série de pesquisas para medir a eficiência das propagandas de rádio e TV e das peças para internet.

A primeira-dama, Michelle Bolsonaro, também foi escalada para suavizar a imagem de Bolsonaro Neste esforço de tentar reverter o cenário entre as mulheres, o casal vai a Londres participar do funeral da rainha Elizabeth II.

O chefe do Executivo confirmou a ida dele à Inglaterra durante discurso em Londrina. "Irei lá despedir-se em nome do Brasil da senhora rainha Elizabeth. Vamos lá representar o Brasil, demonstrar nosso carinho à rainha e nosso apreço ao povo daquele país", disse Bolsonaro.

Ataque às mulheres. Segundo pesquisa do Datafolha divulgada em 10 de setembro, Bolsonaro é visto como o candidato que mais ataca as mulheres e a democracia, além de ser considerado o que mais mente durante a campanha eleitoral.

O levantamento mostrou que o chefe do Executivo foi citado por 51% dos entrevistados como o candidato que mais ataca as mulheres, enquanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu principal adversário, recebeu 12% das respostas.

Não souberam responder 24%. Considerando apenas as mulheres, 54% disseram que Bolsonaro é quem mais as ataca.

Baixa adesão. Ainda de acordo com a pesquisa, Bolsonaro aparece com 29% das intenções de voto entre as mulheres — Lula tem 46% (a margem de erro é de 3 pontos percentuais).

Imbrochável. Na última quarta (14), no Rio Grande do Norte, o presidente ignorou quando apoiadores puxaram um coro de "imbrochável", diferentemente do que aconteceu no ato de comemoração do Sete de Setembro em Brasília, quando em uma declaração machista comparou a primeira-dama Michelle Bolsonaro com outras mulheres.

"Nós temos um carinho todo especial para com a mulher brasileira. Desses 400 mil títulos [fundiários], 80% deles foram destinados às mulheres. As mulheres estão em primeiro lugar em qualquer planejamento de governo. Somente no Auxílio Brasil, são 20 milhões de famílias que recebem, desses 20 milhões, 80% estão em nome das mulheres", afirmou Bolsonaro.