Topo

Lupi rebate campanha por voto útil e diz que PDT não 'vende candidatura'

Dissidentes do PDT pedem voto útil em Lula no primeiro turno. Presidente da sigla diz que candidatura de Ciro é irreversível  - Divulgação
Dissidentes do PDT pedem voto útil em Lula no primeiro turno. Presidente da sigla diz que candidatura de Ciro é irreversível Imagem: Divulgação

Weudson Ribeiro

Colaboração para o UOL, em Brasília

17/09/2022 18h33

O presidente do PDT, Carlos Lupi, afirmou que a candidatura do ex-ministro Ciro Gomes à Presidência da República é irreversível. "Por que há tantas pessoas tentando nos minar e intrigar? Fiquem tranquilos e nos vençam no voto. Isso é da democracia", disse o dirigente. "Não vendemos, não trocamos nem comercializamos candidatura."

A declaração ocorre num momento em que dissidentes dentro da sigla que apoiam o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o Palácio do Planalto se preparam para divulgar um manifesto contra a candidatura de Ciro e em defesa do voto útil contra a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL).

"Ciro começa a adotar um tom mais iracundo contra a base petista. Não vamos gerar um desgaste ainda maior com a postura de Ciro, expondo por vezes seu vocabulário chulo nos vídeos e redes sociais. Não é essa nossa intenção. Porém, cabe lembrar que quem assume o tom 'polarizador' no pior sentido do termo é o nosso ex-companheiro de PDT", diz o texto com críticas a Ciro, a que o UOL teve acesso.

O grupo tem citado as eleições de 2002, em que o fundador do PDT, Leonel Brizola, declarou voto no petista às vésperas do primeiro turno, mesmo o PDT fazendo parte da coligação de Ciro, que também concorria à Presidência da República à época.

"Se, em 2018, a grande maioria da militância trabalhista foi às ruas pedir votos para Fernando Haddad (PT), atualmente vemos infelizmente alguns colegas dizerem que irão votar nulo em um eventual segundo turno. Há outros que pensam em apoiar até mesmo Bolsonaro. Mais do que indignação, ver o projeto nacional de desenvolvimento errar na sua composição tática e estratégica é motivo de muita tristeza e decepção", dizem o pedetistas.

Na mesma linha, em evento com apoiadores de Lula hoje, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) afirmou que Brizola apoiaria o petista se estivesse vivo. "Leonel Brizola não vacilou. Eu assisti quando ele não vacilou e apoiou Lula quando Lula esteve num processo eleitoral junto com ele", disse a petista.

Brizola foi apoiador da candidatura de Lula para o segundo turno da eleição presidencial de 1989, algo que justificou com uma declaração marcante diante de seus colegas do PDT. Antes, ambos mantiveram discussões para formar uma aliança de esquerda no primeiro turno, mas não chegaram a um acordo.

Em reunião do PDT ocorrida após a primeira votação, Brizola sugeriu que ele e Lula desistissem para darem lugar a Mário Covas, porque dizia acreditar que Covas enfrentaria menos resistências contra o ex-presidente Fernando Collor de Melo, eleito naquele ano.

Mário Covas, Lula e Leonel Brizola participam de comício na Candelária, no Rio de Janeiro, na campanha eleitoral para presidente em 1989 - Reprodução - Reprodução
Mário Covas, Lula e Leonel Brizola participam de comício na Candelária, no Rio de Janeiro, na campanha eleitoral para presidente em 1989
Imagem: Reprodução

O apoio de Brizola ajudou Lula no Rio de Janeiro, onde o petista passou de 12,2% dos votos no primeiro turno no Rio de Janeiro para 72,9% no segundo, no Rio Grande do Sul, em que a votação de 6,7% foi para 68,7%.

Pesquisa Datafolha realizada de terça (13) a quinta-feira (15) mostra que Lula mantém vantagem de 12 pontos sobre Bolsonaro: o petista tem os mesmos 45% das intenções de voto marcados há uma semana, e o atual presidente oscilou negativamente de 34% para 33%.

Em terceiro lugar, empatados tecnicamente, vêm Ciro Gomes (PDT), com 8%, e Simone Tebet (MDB), com 5%.