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Por 'voto útil', Dilma cutuca Ciro e diz que Brizola apoiaria Lula

Do UOL, em São Paulo

17/09/2022 18h28Atualizada em 17/09/2022 21h29

Em busca do chamado "voto útil", a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) cutucou o ex-aliado e ex-ministro Ciro Gomes (PDT) ao citar, durante ato realizado em Porto Alegre (RS), um suposto apoio do pedetista Leonel Brizola (1922 - 2004) a Lula, se estivesse vivo. Brizola é considerado um dos maiores líderes na história do PDT, partido de Ciro Gomes.

O "voto útil", "voto tático" ou "voto estratégico" pode ser definido quando o eleitor vota em um determinado candidato, de forma estratégica, ao perceber que a sua primeira opção não tem chances de ganhar a eleição, por exemplo.

Temos que ganhar esta eleição no primeiro turno. Estou falando em um certo ponto do país, que é o Rio Grande do Sul, onde temos uma forte tradição de luta representada por vários gaúchos, entre eles Leonel Brizola. Tenho certeza que se Leonel Brizola estivesse vivo ele estaria ali, naquele palanque, sentado ao lado de Lula. Nosso desafio é entregar —para nós mesmos— esta eleição para podermos recuperar o Brasil. Dilma Rousseff, em ato em Porto Alegre (RS)

Segundo levantamento feito pelo Datafolha, nesta semana, Lula se manteve com 45%, enquanto Bolsonaro oscilou um ponto para baixo e marcou 33%. Nesse cenário, o petista tenta atrair principalmente eleitores de Ciro em busca de uma vitória no primeiro turno.

A campanha pelo voto útil em favor do petista tem gerado incômodo tanto na equipe de Ciro Gomes quanto na campanha de Simone Tebet (MDB).

Na quarta-feira (14), o pedetista classificou como "autoritários" e "covardes" àqueles que fazem "qualquer negócio para ganhar no primeiro turno". "Os autoritários querem o máximo de poder nas mãos, e os covardes temem debater a verdade", disse Ciro, em um dos vídeos.

No último domingo (11), Leonel Brizola Neto, neto de Leonel Brizola, postou um vídeo em que defende o "voto útil pela democracia".

"Dada a situação gravíssima do país, chamo para a unidade, para que tenham consciência e deem voto útil ao Lula. Para que a gente possa barrar esse projeto assassino e entreguista do Bolsonaro, que está matando o povo de fome ou de tiro. Vamos para a unidade, para encerrarmos o primeiro turno", disse ele, candidato a deputado federal pelo PT do Rio de Janeiro.

Ex-aliados de Ciro pedem voto a Lula, e Lupi diz que PDT não 'vende candidatura'

Membros e ex-integrantes do PDT preparam um manifesto contra a candidatura de Ciro Gomes à presidência da República e em favor do "voto necessário" em Lula. Os ex-eliados acusam o pedetista de polarizar as eleições ao adotar "uma postura de ex-companheiro de trincheira".

No manifesto, ao qual o UOL teve acesso, filiados e ex-filiados ao PDT lembram que até 2018 Ciro "reconhecia o legado dos governos democrático-populares de Lula e Dilma Rousseff", com "significativa melhoria" no poder de compra do trabalhador brasileiro. No entanto, devido à impossibilidade de formar uma aliança com o PT no pleito presidencial daquele ano, em prol da candidatura pedetista ao Planalto, o ex-ministro passou "a adotar um tom mais iracundo contra a base petista".

"[Ciro] denunciou com perspicácia e altivez o golpe em curso contra a presidenta Dilma Rousseff. Denunciou o conspirador Michel Temer, abrindo um caminho importante para alavancar um campo político próprio [...] Denunciou a obsessão persecutória de Sergio Moro contra Lula. Chegou até mesmo a defender atitudes heroicas, como levar o ex-presidente a uma embaixada para solicitar asilo político", diz o texto, ressaltando que o presidenciável não consegue mais manter "sintonia fina com o campo progressista".

Já o presidente do PDT, Carlos Lupi, afirmou hoje que a candidatura de Ciro Gomes é "irreversível".

"Por que há tantas pessoas tentando nos minar e intrigar? Fiquem tranquilos e nos vençam no voto. Isso é da democracia", disse o dirigente. "Não vendemos, não trocamos nem comercializamos candidatura."