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Na terra natal de Lula, Bolsonaro diz que Bolsa Família 'não existe mais'

Carla Araújo e Weudson Ribeiro

Do UOL, em Pernambuco, e colaboração para o UOL, em Brasília

17/09/2022 17h10Atualizada em 17/09/2022 20h54

O presidente Jair Bolsonaro (PL) exaltou hoje em Pernambuco, Estado natal de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a criação do Auxílio Brasil de R$ 600 e disse que o "Bolsa Família não existe mais". O candidato à reeleição negou ainda haver corrupção no seu governo e afirmou, ignorando as pesquisas eleitorais, que será vitorioso em primeiro turno neste ano.

De acordo com pesquisas internas da campanha bolsonarista, parte do eleitorado ainda conhece o programa de transferência de renda pelo nome antigo, associado ao governo do ex-presidente petista, que lidera a corrida eleitoral.

"Não existe mais Bolsa Família, agora é Auxílio Brasil. E o valor é de, no mínimo, R$ 600. Conseguimos fazer isso porque nosso governo não rouba. Quem roubou a nação no passado, não merece mais ocupar lugar de destaque no Palácio do Planalto. Querem voltar à cena do crime, mas não conseguirão", disse em participação na Marcha para Jesus, em Garanhuns (PE).

A declaração de Bolsonaro ocorre depois de o governo propor ao Congresso Nacional que o Orçamento para 2023 tenha benefício médio de R$ 405 para o programa, valor abaixo do piso pago às famílias de agosto e dezembro deste ano.

Ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) o presidente disse que promete buscar a manutenção do benefício de R$ 600 sem detalhar como isso será feito. Em outra frente, o programa eleitoral do chefe do Executivo apresenta nova proposta de que o valor do benefício seja de R$ 800.

Segundo o Ministério da Economia, o benefício médio ficará em R$ 405,21, a menos que uma nova PEC seja aprovada no Congresso Nacional. O custo dos R$ 200 extras por mês aos beneficiários do Auxílio Brasil é de R$ 52 bilhões ao ano.

Bolsonaro lembrou ainda que o preço médio da gasolina nas bombas caiu mais 1,4% nesta semana, segundo levantamento da ANP (Agência Nacional de Petróleo Biocombustíveis e Gás Natural) de 11 a 17 de setembro, quando combustível é comercializado a R$ 4,97 por litro, abaixo dos R$ 5,04 cobrados na semana anterior.

O resultado ocorre após a nomeação de Caio Mário Paes de Andrade para o comando da Petrobras, em junho deste ano, momento em que a estatal era alvo de críticas do chefe do Executivo, que dizia ver com maus olhos a alta no preço dos combustíveis anunciada depois de a estatal declarar lucro recorde no primeiro trimestre deste ano. Desde então, houve quatro reduções consecutivas no preço da gasolina vendida às distribuidoras.

Apoiadores de Lula são vaiados e presidente nega corrupção

Durante o trajeto, em cima do trio elétrico, Bolsonaro passou por algumas bandeiras com o rosto de Lula. Em determinado momento, apoiadores do presidente vaiaram moradores que mostravam cartazes com o rosto do petista na sacada de suas casas.

Em sua passagem, sem citar o nome do ex-presidente, Bolsonaro negou que seu governo seja alvo de denúncias na Justiça, embora filhos, ex-ministros e apoiadores do mandatário tenham sido investigados por suspeita de envolvimento em esquemas de corrupção e participação em atos com pautas antidemocráticas.

"Temos um presidente que não quer liberar as drogas nem ideologia de gênero. Respeito as crianças e o povo Brasil. O nosso governo segue o norte dado ao povo, a quem devemos lealdade. Não temos denúncia de corrupção. Isso não é virtude, é obrigação", afirmou Bolsonaro.

Levantamento feito pelo Paraná Pesquisas em Pernambuco mostra que Lula tem 53% das intenções de voto no estado.

Segundo colocado, Bolsonaro está com 28,5%, à frente de Ciro Gomes (5,7%); Simone Tebet (2,3%); Pablo Marçal (0,5%); Soraya Thronicke (0,3%); Luiz Felipe d'Ávila (0,3%); Vera Lúcia (0,3%).

Antes de o presidente subir ao palco, o locutor do evento em Garanhuns puxou coro contra Lula e relembrou que o petista não nasceu na cidade —o ex-presidente nasceu em Caetés, distrito de Garanhuns à época.

Já na cidade de Caruaru, também em Pernambuco, o presidente disse que vai ganhar as eleições em primeiro turno — embora esteja atrás de Lula nas pesquisas. Segundo o último Datafolha, Lula lidera com 45% das intenções de votos — 12 pontos à frente de Bolsonaro, que tem 33%

"Nós vamos ganhar no primeiro turno. Vamos mostrar que nós não queremos a volta dos escândalos que tínhamos há pouco, no passado", disse Bolsonaro, no palanque que foi montado pela campanha em Caruaru.