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Ex-aliados acusam Ciro de polarizar eleição e pedem voto necessário em Lula

Lula está de olho nos eleitores de Ciro Gomes para levar a disputa pelo Planalto no primeiro turno - Ricardo Stuckert/Instituto Lula e Kleyton Amorim/UOL
Lula está de olho nos eleitores de Ciro Gomes para levar a disputa pelo Planalto no primeiro turno Imagem: Ricardo Stuckert/Instituto Lula e Kleyton Amorim/UOL

Tiago Minervino e Weudson Ribeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

16/09/2022 17h01Atualizada em 17/09/2022 15h01

Membros e ex-integrantes do PDT preparam um manifesto contra a candidatura de Ciro Gomes à presidência da República e em favor do "voto necessário" em Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os ex-eliados acusam o pedetista de polarizar as eleições ao adotar "uma postura de ex-companheiro de trincheira".

No manifesto, ao qual o UOL teve acesso, filiados e ex-filiados ao PDT lembram que até 2018 Ciro "reconhecia o legado dos governos democrático-populares de Lula e Dilma Rousseff", com "significativa melhoria" no poder de compra do trabalhador brasileiro. No entanto, devido a impossibilidade de formar uma aliança com o PT no pleito presidencial daquele ano, em prol da candidatura pedetista ao Planalto, o ex-ministro passou "a adotar um tom mais iracundo contra a base petista".

"[Ciro] denunciou com perspicácia e altivez o golpe em curso contra a presidenta Dilma Rousseff. Denunciou o conspirador Michel Temer, abrindo um caminho importante para alavancar um campo político próprio [...] Denunciou a obsessão persecutória de Sergio Moro contra Lula. Chegou até mesmo a defender atitudes heroicas, como levar o ex-presidente a uma embaixada para solicitar asilo político", diz o texto, ressaltando que o presidenciável não consegue mais manter "sintonia fina com o campo progressista".

Os ex-aliados acusam Ciro Gomes de usar "vocabulário chulo" em postagens nas redes sociais e ressaltam que quem "assume o tom 'polarizador' no pior sentido do termo é o pedetista, que agora adota uma postura de ex-companheiro de trincheira".

Conforme o manifesto, devido a polarização e as críticas constantes de Ciro Gomes a Lula, integrantes do PDT têm indicado que preferem votar nulo ou em Jair Bolsonaro (PL) a depositar voto no petista em um eventual segundo turno. Ciro já afirmou que não apoiará a candidatura petista caso perca a disputa.

"Diante disso, nós que apoiamos Ciro entre 2016 e 2019 clamamos àqueles que possuem a mesma visão a não vacilarem, apoiando a única candidatura capaz de derrotar o bolsonarismo já no primeiro turno. Não se trata de voto útil. É uma necessidade histórica, algo que, mais uma vez, lamentamos ver Ciro Gomes, uma figura ímpar para pensar o desenho institucional do país, ser incapaz de enxergar essa quadra da história. Diante disso, convocamos militantes trabalhistas e dissidentes a apoiarem o ex-presidente Lula no primeiro turno", dizem.

Assinam o documento nomes como Junior Leandro e Betinho, que são vereadores do PDT em João Pessoa; o ex-diretor da Fundação Leonel Brizola em Minas Gerais André Luan; o ex-secretário Geral da Juventude Socialista de São Paulo Vinicius Dino; o deputado federal Túlio Gadêlha (Rede-PE), entre outros.

Ao UOL, o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, afirmou que a candidatura de Ciro Gomes é "irreversível" e não será "comercializada" por outras candidaturas.

"A candidatura do Ciro é irreversível. Não vendemos, não trocamos e não comercializamos candidaturas. Doa a quem doer", afirmou.

Ciro critica pedido por voto útil

Ontem, por meio de vídeo divulgado nas redes sociais, Ciro Gomes criticou o movimento que pede voto útil em Luiz Inácio Lula da Silva no primeiro turno das eleições, em 2 de outubro.

Segundo o pedetista, o pedido por voto útil "é uma das maiores fraudes das eleições democráticas", por ser "uma mistura de mentira com manipulação grosseira".

"Na verdade, isso se chama 'voto inútil'. É transformar a nossa vontade legítima de mudar em um acordo covarde com os nossos medos", completou.

Entretanto, se hoje Ciro Gomes critica os pedidos por voto útil, em 2018 ele era entusiasta da ideia. Na época, o pedetista alegava ser um nome forte contra Jair Bolsonaro no segundo turno e, por isso, pregou voto útil em sua candidatura contra a de Fernando Haddad (PT).

De olho nas pesquisas de intenções de votos que o mostram na liderança e com chances de vitória no primeiro turno, Lula tem cortejado os eleitores da chamada terceira via, que incluem os de Ciro e os da senadora Simone Tebet (MDB).

Pesquisa Datafolha divulgada ontem mostra que Lula tem 45% da preferência dos eleitores, e é seguido por Bolsonaro, que tem 33%. Ciro aparece em terceiro, com 8%, enquanto Tebet soma 5%.