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Por 2º turno, Tarcísio cola em Bolsonaro, que atende de olho em palanque

Jair Bolsonaro (PL) na convenção que oficializou a candidatura de Tarcísio ao governo de São Paulo - Stella Borges/UOL
Jair Bolsonaro (PL) na convenção que oficializou a candidatura de Tarcísio ao governo de São Paulo Imagem: Stella Borges/UOL

Do UOL, em São Paulo

19/09/2022 04h00Atualizada em 19/09/2022 09h37

Faltando menos duas semanas para o primeiro turno, o candidato a governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) dobra a aposta na estratégia de associar seu nome ao do presidente Jair Bolsonaro (PL). A previsão é de duas agendas conjuntas por semana para aumentar a quantidade de pessoas que sabem que ele é o candidato do presidente.

O Datafolha divulgado na quinta-feira (15) revelou que 53% dos eleitores de Bolsonaro sabem quem é o nome apoiado pelo presidente em São Paulo. O resultado coincide com as pesquisas internas da campanha de Tarcísio. A equipe dele acredita que pode elevar este percentual para algo entre 65% e 70% até o dia da eleição.

Sem medo do Datafolha. A estratégia de colar a imagem de Tarcísio à de seu padrinho político ocorre desde o começo da campanha. A lógica por trás desta decisão é a de que a eleição em São Paulo se tornou polarizada por causa da influência da corrida presidencial.

A intensificação da tática nesta reta final da campanha já estava no planejamento e ocorre no momento em que o Datafolha mostrou uma diminuição na vantagem de Tarcísio em relação ao atual governador e candidato a reeleição Rodrigo Garcia (PSDB). Os dois disputam a vice-liderança para chegar ao segundo turno.

A pesquisa divulgada na quinta-feira indica que Tarcísio tem 22% das intenções de voto e está empatado tecnicamente em segundo lugar com Rodrigo, que obteve 19% —a margem de erro é de dois pontos percentuais. Fernando Haddad (PT) está na frente com 36%. A equipe de Tarcísio afirma que não se preocupa com estes números e justifica que nas outras pesquisas a diferença era maior.

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Fernando Haddad (PT), Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Rodrigo Garcia (PSDB), candidatos ao governo de São Paulo
Imagem: Alessandra Campos/Montagem UOL

Palanque para Bolsonaro em São Paulo. Mesmo com a aproximação de Rodrigo no Datafolha, a agressão verbal de Douglas Garcia à jornalista Vera Magalhães e a campanha esquentando com ataques, a equipe de Bolsonaro está confiante de que Tarcísio chegará ao segundo turno. A possibilidade de ele não passar complicaria a campanha do presidente.

Nesse cenário, Bolsonaro ficaria sem um palanque no maior colégio eleitoral do Brasil — são 34,6 milhões de votos (22,16% do eleitorado do país). Além da falta de um aliado em São Paulo, o presidente veria Luiz Inácio Lula da Silva (PT) representado por Fernando Haddad. Ou seja, a diminuição da vantagem sobre Rodrigo põe em risco o projeto do presidente e de Tarcísio, tornando ainda mais necessária a aproximação entre eles.

Agendas conjuntas com Bolsonaro. A estratégia para preservar a ambição eleitoral dos dois passa pela propaganda de rádio e TV de Tarcísio, que exibe um vídeo com o presidente na estética característica das campanhas: sorriso de aprovação e pedido de voto. O trabalho de associação entre eles será complementado com agendas conjuntas. A equipe do candidato a governador prevê dois atos por semana até a votação em primeiro turno.

Os destinos ainda não estão definidos, mas é certo que será dada preferência a regiões com maior densidade populacional e, consequentemente, votos. O público-alvo varia conforme a região. Na Região Metropolitana de São Paulo, o foco dos atos de Tarcísio será o setor de serviços. No interior, o agronegócio é visto como de maior potencial de votos.

Levantamento do UOL apontou que o estado de São Paulo foi o que mais recebeu eventos de presidenciáveis nesta campanha. Foram 61 agendas dos quatro candidatos melhor posicionados nas pesquisas. Somente a cidade de São Paulo foi visitada 44 vezes.

Clima esquenta entre Rodrigo e Tarcísio. Os candidatos Tarcísio e Rodrigo sempre foram colocados como a grande rivalidade neste primeiro turno porque buscam o mesmo eleitorado, composto por pessoas alinhadas com a direita. Com a aproximação desta reta final, a rivalidade está se traduzindo em ataques.

Na sexta-feira (16), Rodrigo publicou no Twitter um vídeo associando o adversário a Fernando Collor, candidato do PTB ao governo de Alagoas. A resposta ocorreu também no Twitter. Em gravação postada três horas depois, Tarcísio afirma que o governador confiscou dinheiro de aposentados.

Avaliação de resposta será caso a caso. O discurso oficial da campanha de Tarcísio é que não haverá ataques a concorrentes. A lógica da decisão é a de que quem bate no adversário perde votos. Ainda assim, o vídeo de Rodrigo de sexta não passou batido. A justificativa é que houve uma reação a uma provocação. A equipe de Tarcísio acrescenta que haverá análise caso a caso para definir se haverá resposta.

A campanha do bolsonarista espera que o clima permaneça quente até o primeiro turno. O entendimento é que a estratégia de Rodrigo em se mostrar como candidato sem padrinhos nacionais numa eleição polarizada fez o governador ficar em terceiro lugar nas pesquisas. Atacar seria uma alternativa para virar o jogo.

Efeito Douglas Garcia. Rodrigo também usou a agressão de Douglas Garcia a Vera Magalhães para atacar o rival. O discurso oficial da campanha de Tarcísio é que o episódio não causou prejuízo e está superado. Mas alguns fatos apontam noutra direção.

Na quinta-feira, Tarcísio postou uma foto rodeado de mulheres. Em Brasília, também se falou no assunto. Em reunião do grupo que acompanha o presidente Bolsonaro foi avaliado que a atitude de Garcia atrapalhou as candidaturas do presidente e de Tarcísio.