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Marina: 'Bolsonaro é obrigado a falar de meio ambiente, mas tem ojeriza'

20/09/2022 11h46Atualizada em 20/09/2022 14h01

Marina Silva (Rede), ex-ministra do Meio Ambiente, participou do UOL News nesta terça-feira (20) para comentar sobre o discurso de Jair Bolsonaro (PL) na ONU (Organização das Nações Unidas). Ela afirmou que o presidente é obrigado a falar sobre o meio ambiente, mas tem "ojeriza" sobre o tema. Ojeriza tem o mesmo significado que má vontade ou aversão em relação a algo.

Durante o discurso, Bolsonaro falou que "dois terços da Floresta Amazônica permanecem com vegetação nativa, que se encontra como estava quando Brasil foi descoberto em 1500". Marina, que recentemente anunciou apoio ao ex-presidente Lula (PT) na eleição presidencial, afirmou que a realidade da floresta é bem diferente do discurso apresentado pelo presidente.

"Como sempre, Bolsonaro não consegue ficar sem mentir. Temos uma realidade em que, de janeiro até mês de agosto, temos 35 mil focos de calor. Temos mais de 10 mil km² de área destruída. E temos uma situação em que a violência aumenta a cada dia que passa, e um completo descontrole em fronteiras, em função das várias formas de crimes praticadas", pontuou Marina.

Ela também disse que Bolsonaro distorce dados ao se referir sobre a "vegetação nativa" que estaria preservada. "A Amazônia já tem quase 20% da área desmatada e uma grande quantidade de áreas de floresta que estão degradáveis. Uma coisa é o corte raso, outra é a degradação, quando você faz o corte seletivo, tira árvores nobres e deixa a floresta empobrecida. Ele pega o corte raso, faz comparações e desconhece outras formas de destruição da floresta, como essas áreas degradáveis, que não teve corte raso, mas teve corte seletivo de madeira. Essa floresta fica suscetível a incêndios criminosos que propositadamente são feitos a cada ano para depois avançar sobre essas áreas".

Na sequência a ex-ministra falou sobre a postura do presidente sobre o meio ambiente. "Bolsonaro não tem nenhuma credibilidade sobre esse tema. Tanto internamente quanto na ONU. Bolsonaro foi obrigado a falar de meio ambiente porque é um tema que se torna cada vez mais relevante, e no Brasil entra no debate eleitoral. E é importante na decisão de voto de pessoas, inclusive do agronegócio que não quer ver seu investimento associado à violência contra indígenas, queimadas e destruição ambiental. Bolsonaro foi obrigado a falar de meio ambiente, tema sobre o qual tem total ojeriza", analisou Marina.

Josias de Souza: Discurso de Bolsonaro na ONU passou pelas mãos de Flávio, ministro e marqueteiro

O colunista do UOL Josias de Souza afirmou que o discurso de Bolsonaro na ONU não passou apenas pelo Itamaraty e pelo próprio presidente. Outras três pessoas interferiram.

"Esse tipo de discurso é preparado pelo Itamaraty e enviado ao presidente. Ele pode seguir ou não essa proposta. Quando o chanceler era Ernesto Araujo, Bolsonaro seguia de 80% a 90% essa sugestão, porque era um absurdo. O Brasil era um pária internacional orgulhoso. Sob o chanceler Carlos França, o Itamaraty tenta introduzir racionalidade. Mas o discurso vai para o presidente e ele remodela. Neste ano o discurso passou por três personagens vinculados à campanha: o filho Flávio bolsonaro, o ministro Fábio Faria, das Comunicações, e o marqueteiro do PL, Duda Lima", contou Josias.

O colunista também avaliou que "todos discursos de Bolsonaro na ONU foram muito precários" e que "o Brasil nunca esteve tão mal representado no cenário internacional".

Madeleine: Silas Malafaia com Bolsonaro em Londres e na ONU está pegando mal até entre evangélicos

Madeleine Lacsko, colunista do UOL, comentou sobre a viagem de Bolsonaro até Londres e afirmou que a presença do pastor Silas Malafaia na comitiva não tem repercutido bem, inclusive entre apoiadores do presidente.

"O Malafaia está na comitiva e até agora não entendi o que esse homem está fazendo. Até no mundo evangélico isso está pegando mal. Bolsonaro caiu entre os evangélicos", declarou Madeleine.

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