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Lula culpa conflito de agendas e presença de padre para não ir a debate

Do UOL, em São Paulo

23/09/2022 19h30Atualizada em 24/09/2022 15h58

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) justificou hoje por que irá faltar ao debate presidencial amanhã, promovido por um grupo de veículos de comunicação, por problemas de agenda e a chegada de um novo participante, padre Kelmon (PTB).

Em Ipatinga (MG) nesta sexta para um comício junto ao ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD), candidato ao governo do estado, Lula lembrou que amanhã estará em São Paulo e, domingo (25), no Rio de Janeiro. Além disso, em entrevista a jornalistas antes do evento, justificou que teria de estudar melhor Kelmon, lançado pelo PTB no início de setembro, após a inelegibilidade do ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB). O petebista não participou do debate de 28 de agosto.

O debate será realizado pelo pool CNN Brasil, SBT, Estadão/Rádio Eldorado, Veja, Terra e Nova Brasil FM. Ele terá início às 18h15 de amanhã.

Além de Lula, foram convidados o presidente Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT), Felipe D'Avila (Novo), padre Kelmon (PTB), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (União Brasil). Fora Lula, todos deverão ir.

Os sete são os únicos cujos partidos têm, no mínimo, cinco deputados federais —o que faz com que os promotores do debate sejam obrigados a convidá-los, segundo exigência da Justiça Eleitoral por haver a presença de emissoras com concessão pública, como o SBT e as rádios.

Eu adoraria participar porque eu tenho um profundo prazer de participar de debate, é bom. Lamentavelmente, o debate do SBT demorou um pouco. Minha coordenação mandou uma carta para fazer um pool, quando veio a resposta do debate, eu já tinha agenda no Rio e em São Paulo."
Lula, em Ipatinga (MG)

O UOL Notícias não conseguiu apurar quando as agendas de Lula no Rio de Janeiro e em São Paulo foram marcadas, mas o pool foi anunciado pela CNN Brasil, já com data para 24 de setembro, no fim de julho, há cerca de 2 meses, antes do início da campanha eleitoral, em 16 de agosto.

Segundo Lula, a falta foi anunciada oficialmente por ele pessoalmente ontem, após participar do "Candidatos com Ratinho", programa em que o apresentador conversou com presidenciáveis.

Seis meses depois. Em nota, o pool de veículos de comunicação formado por SBT, CNN Brasil, Terra, NovaBrasil, Estadão/Eldorado e Veja informou que recebeu a declaração de Lula "com surpresa". De acordo com os veículos de comunicação, as reuniões para discutir a data e as regras do debate começaram em março —e a equipe do petista participou de todos os encontros.

"O pool lamenta a decisão do candidato de não participar, por entender que o debate é um dos mais importantes instrumentos para fomentar a democracia e ajudar o eleitor na hora do voto", diz o texto.

A posição de Lula, agora, contrasta com o que aconteceu na última eleição presidencial, em 2018. Preso em Curitiba por conta de condenação em processo da Operação Lava Jato, Lula chegou a ir à Justiça para participar do debate da Band, em agosto daquele ano —o que não foi permitido. No debate seguinte, da RedeTV!, ele teve o púlpito retirado do cenário.

Culpa do padre Kelmon? Entre os argumentos para justificar a ausência, Lula citou o padre Kelmon, lançado pelo PTB depois que a candidatura de Jefferson foi barrada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), em 1º de setembro. Inelegível até 2023, o ex-parlamentar está em prisão domiciliar.

Tem gente nova que eu não conheço. Faz uma semana que entrou um candidato que eu sei nem quem é. Então, eu precisava estudar essa biografia desse cidadão, o histórico político dele, o que que ele já fez. É difícil fazer debate no escuro."
Lula, em Ipatinga (MG)

"Você sabe que um debate é uma coisa que precisa levar a sério, precisa se preparar. Pelo menos um dia de antecedência, você precisa conhecer um pouco seus adversários", completou Lula.

A candidatura de Kelmon foi aprovada pelo TSE no último dia 16. Ele já era vice na chapa de Jefferson e poderá participar do debate por causa da presença do PTB na Câmara.

Agenda cheia. O petista citou ainda sua agenda nesta reta final. Até domingo (25), ele visitará pelo menos três cidades em três estados diferentes.

  • Hoje, está em Ipatinga (MG) com Kalil
  • Amanhã (24), terá dois comícios em São Paulo --de manhã na zona sul e à tarde na zona leste-- ao lado de Fernando Haddad (PT), candidato ao governo paulista;
  • No domingo (26), voa para o Rio de Janeiro, para um ato com a presença inédita do prefeito Eduardo Paes (PSD).

Eu não posso desmarcar porque, faltando uma semana para as eleições, você desmarcar compromissos avisados para o povo é muito delicado
Lula, em Ipatinga (MG)

O ex-presidente Lula (PT) em comício em Ipatinga (MG) - Ricardo Stuckert - Ricardo Stuckert
O ex-presidente Lula (PT) em comício em Ipatinga (MG)
Imagem: Ricardo Stuckert

Comício em Ipatinga

Lula subiu ao palco pouco depois das 20h, com mais de duas horas de atraso em relação ao horário marcado. Em seu discurso, ele voltou a tocar em assuntos sociais e econômicos voltados às classes média e baixa, principal alvo da campanha, com críticas a Bolsonaro. A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) também estava presente.

Em tom clássico de campanha, pediu voto para Kalil e para o senador Alexandre Silveira (PSD-MG), que compõe sua chapa no estado e presentes no palanque ao seu lado. Lula explicou, inclusive que o número de ambos é diferente do dele.

O ex-presidente também citou suas passagens por diferentes regiões do estado. Ao final, recorreu a uma de suas anedotas populares para dizer que não abandonaria o estado, caso eleito, fazendo uma citação a como a apresentadora Xuxa Meneghel encerrava seus programas nos anos 1980.

Eu não quero ser aquele político-Xuxa, que, na época das eleições 'beijinho, beijinho' e depois das eleições 'tchau, tchau'. Eu vou dar beijinho agora e beijinho depois que acabar as eleições
Lula, em Ipatinga (MG)

Lula está à frente das pesquisas, com possibilidade de vitória no primeiro turno. De acordo com o Datafolha divulgado ontem (22), o ex-presidente tem 47% das intenções de voto, 14 pontos percentuais à frente de Bolsonaro, em segundo, com 33%.