Leia a íntegra do segundo bloco do debate presidencial no SBT
O segundo debate entre candidatos à Presidência da República nas Eleições 2022 aconteceu neste sábado (24) e foi realizado por SBT, CNN Brasil, Veja, O Estado de S. Paulo, Nova Brasil FM e Terra. Participaram do debate Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (União), Luiz Felipe D'Avila (Novo) e Kelmon Souza (PTB).
No segundo bloco do debate, as críticas a Bolsonaro ganharam mais destaque, protagonizados pelas mulheres, Simone e Soraya. Bolsonaro e Kelmon fizeram dobradinhas ideológicas.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder nas pesquisas de intenção de votos, não participou do debate —seu púlpito ficou vazio e ele foi alvo de críticas.
Leia aqui a íntegra do segundo bloco do debate no SBT:
[Carlos Nascimento]: Estamos de volta com o debate entre os candidatos à presidência da república promovido pelo pool de veículos de comunicação que reúne SBT, CNN Brasil, Terra, Nova Brasil, Estadão, Eldorado e Veja. Você pode acompanhar o debate também pelo celular no YouTube da CNN, do SBT e do SBT News, da Rádio Eldorado e rádio Nova Brasil, além dos sites de Veja, Estadão e Terra. Bem, vamos agora, antes de iniciar as normas do bloco e chamar o próximo, os participantes, eu queria informar ao candidato Bolsonaro que o direito de resposta por... pela resposta na réplica da candidata Soraya ao candidato Felipe D'Avila foi concedido, o senhor tem um minuto para se expressar.
[Jair Bolsonaro]: Primeiramente, as duas senadoras aqui presentes votaram para derrubar o veto do dito orçamento secreto.
[Simone Tebet]: Não é verdade.
[Soraya Thronicke]: Não é verdade.
[Carlos Nascimento]: Por favor, o direito de resposta foi concedido e eu peço que os senhores respeitem.
[Jair Bolsonaro]: A senadora Soraya, em matéria aqui de quase toda a imprensa, ela fez uso de 114 milhões do dito orçamento secreto. Esse orçamento é privativo do parlamento brasileiro. Nós apenas executamos. Eu não posso indicar tantos milhões pra fazer tal obra em tal local. Quem indica são deputados e senadores.
[Soraya Thronicke]: Eu quero direito de resposta, mediador.
[Jair Bolsonaro]: Vamos lá. Sobre a deputada... senadora Soraya, a senhora não me elegeu, não. Todo o seu material de campanha, quer seja santinhos e vídeos, tá escrito lá "a candidata do Bolsonaro", a senhora foi uma estelionatária pela ocasião das eleições. No tocante a Viagra e Cialis—
[Soraya Thronicke]: Eu quero direito de resposta.
[Carlos Nascimento]: Por favor. Conclua, por favor, candidato.
[Jair Bolsonaro]: No tocante a Viagra e Cialis, é medicamento cujo efeito colateral é combater a disfunção erétil. Isso é usado por todos os médicos do Brasil, até a senhora governadora do Rio Grande do Norte comprou.
[Carlos Nascimento]: Tempo esgotado. Por favor, tempo esgotado. Eu gostaria de pedir a todos os participantes que quando houver o direito de resposta, ele seja respeitado, para que o candidato possa se expressar livremente, não é? Se alguém não gostou, faz também o seu pedido de resposta, e se for aprovado. Temos dois pedidos de direito de resposta, da candidata Soraya e da candidata Simone. Muito bom. Vamos agora a este bloco e às suas normas. Neste segundo bloco, os jornalistas fazem perguntas. Os jornalistas que representam o pool escolherão dois candidatos: um para responder e outro para comentar. O candidato que responder à pergunta tem direito a réplica. As perguntas terão 30 segundos. As respostas, um minuto e meio. Comentários, 45 segundos. Réplicas, o mesmo tempo. Cada candidato será chamado uma vez para responder e uma vez para comentar. Eu lembro que o candidato que se sentir ofendido poderá pedir direito de resposta, como foi concedido agora há pouco. Uma equipe formada por advogados e jornalistas do pool irá avaliar se houve a ofensa. Em caso afirmativo, o candidato ofendido ganhará o direito de resposta no tempo de um minuto. Você vê aí um púlpito vazio, é do candidato Lula, do PT, que foi convidado, mas não quis participar do debate. Agora vamos a perguntas de jornalistas e os comentários. A primeira pergunta é do jornalista Márcio Gomes, da CNN Brasil. Boa noite, Márcio, pode escolher o candidato a quem você dirige a sua pergunta e aquele que fará o comentário.
[Márcio Gomes]: Boa noite, Nascimento, boa noite a todos. A minha pergunta é pro candidato Jair Bolsonaro e com comentário de Ciro Gomes. Candidato, o Brasil assistiu... Aqui, aqui, presidente. O Brasil assistiu nesse seu mandato vários atritos, vários conflitos entre o senhor e o Supremo Tribunal Federal. O senhor chama o Supremo de... que está sendo feita uma politização da corte, de extremo ativismo judicial. O senhor já indicou dois ministros para o Supremo, se for reeleito vai poder indicar outros dois ministros. Eu pergunto o que o eleitor deve esperar dessas novas indicações que vier a fazer se for reeleito, e mais: se pensa, no novo mandato, em propor mudanças no funcionamento e também na composição do Supremo.
[Jair Bolsonaro]: A judicialização feita contra o Executivo é clara, quase toda semana tem algo contra o Executivo. Uma das últimas decisões na questão dos decretos, onde nós decidimos reduzir o IPI para aproximadamente quatro mil produtos no Brasil. Esse decreto demorou a entrar em vigor, depois de várias reedições, por quê? Um ministro achava que certos produtos não deveriam ter o IPI reduzido. Outra questão, sobre decreto de armas. É privativo lá do Congresso Nacional discutir e anular ou não decretos do presidente da República. Partidos políticos sem qualquer representação, em vez de entrar com projeto de Decreto Legislativo para derrubar o decreto presidencial, se socorre diretamente ao Supremo, e lá em pouquíssimos dias, às vezes horas, toma-se uma decisão de forma monocrática, uma decisão que é parte de uma regulamentação de uma lei votada na Câmara e no Senado. Então, essa questão realmente é grave. Atrapalha o desenvolvimento do Executivo. O Supremo Tribunal tem que se preocupar, basicamente, com questões de constitucionalidade, e deixar o governo ir para frente. Tenho certeza que numa possível reeleição indicaremos mais dois desse perfil.
[Carlos Nascimento]: Comentário, por favor, do candidato Ciro.
[Ciro Gomes]: Meu irmão, minha irmã, vocês estão vendo a coisa descambando pra cá, e eu fico pensando em você. Sabe o que está acontecendo no Brasil? Uma espécie de baderna institucional, por falta de autoridade. Deixa eu explicar um pouco para vocês por que a intrusão do Supremo aqui e ali, que é uma coisa que nós não entendemos. Como é que se entende, por exemplo, que só se descobriu que o Lula não era de ser julgado em Curitiba cinco anos depois? Sabe, isso ninguém entende. Mas a gente tem que respeitar porque é a última palavra num estado direito democrático. Mas sabe qual é o problema? O problema é que as pessoas que estão ocupando a presidência da República nos últimos anos têm contas com a Justiça, esse é o problema. E perdem completamente a autoridade para enfrentar. O filho do Lula foi acusado, os filhos do Bolsonaro acusados, ambos dependem da boa vontade do juiz, que não julga nunca.
[Carlos Nascimento]: A réplica do candidato Bolsonaro.
[Jair Bolsonaro]: Prezado Ciro, não procede, eu não devo nada para a Justiça, Ciro. Eu quando assinei o indulto do Daniel Silveira, disseram que eu havia comprado uma briga com o Supremo. Se fosse para defender o meu filho, ficaria quieto, mas não vou trair a minha consciência. O Supremo não é um poder que está imune a críticas, eles fazem muita coisa errada, não é pouca não. Ciro, se coloca no meu lugar, governar o país com o ativismo judicial como existe no Supremo Tribunal Federal. Tenho certeza, caso reeleito, indicarei mais dois para o Supremo, com quatro pessoas lá dentro pensando em prol do Brasil, o Supremo mudará a forma de agir, não mais interferirá tanto na vida de todos nós.
[Ciro Gomes]: Eu quero explicar—
[Carlos Nascimento]: Por favor.
[Ciro Gomes]: Tréplica.
[Carlos Nascimento]: Não.
[Ciro Gomes]: É sim senhor.
[Carlos Nascimento]: Agora já é a próxima pergunta. O senhor já fez o comentário.
[Ciro Gomes]: Desculpa.
[Carlos Nascimento]: Obrigado. Agora é a vez do jornalista Diego Amorim, da rádio Nova Brasil. Boa noite, Diego, a quem você pergunta e quem comenta?
[Diego Amorim]: Boa noite, a minha pergunta é para a candidata Simone Tebet, com o comentário do candidato Jair Bolsonaro.
[Carlos Nascimento]: OK.
[Diego Amorim]: Candidata, recentemente o presidente Bolsonaro ao tratar da questão da fome, ele disse exatamente o seguinte, "tem gente passando fome? Tem, mas não tem esse número todo. E mais, não tem ninguém na padaria pedindo para você comprar um pão, isso não existe, fome no Brasil, fome para valer não existe da forma como é falado". Candidata, um milhão, ou milhões de pessoas, fato é que tem muita gente nos acompanhando na TV que só quer acabar esse debate e procurar alguma coisa para comer na geladeira. O que a senhora tem a dizer para esse eleitor?
[Simone Tebet]: Lamentável nós termos um presidente insensível, que não conhece a realidade no Brasil. Como eu disse, ele não está preparado para governar o Brasil porque ele não trabalha, ele fica de moto, de jet ski, dizendo que ninguém passa fome. Eu tenho andado o Brasil, sabe por que eu sou candidata à presidência da República? Porque eu vejo hoje o que aconteceu há 30 anos atrás, o Brasil voltou para o mapa da fome. É muito duro como mãe e como mulher ver barracas de lona abrigando famílias inteiras em praça pública, a mãe dando de mamar para o seu filho e ela mesma com fome, porque o pouco dinheiro que ela tinha, ela teve que dar para o seu filho mais velho. Então esse Brasil merece um presidente da República sério, sensível, que coloca as pessoas em primeiro lugar. Não um presidente que mente em rede nacional, que cria fake news, que disputa através do ódio, do nós contra eles, inclusive com o PT, uma disputa apenas de poder. Enquanto você passa fome, enquanto o nosso trabalhador é humilhado, de não ter o que colocar na mesa porque ele está desempregado, eles se alimentam dessa disputa ideológica. Um, falta ao debate, não tem coragem de dizer quais são as propostas para o Brasil. O outro mente, mente descaradamente. Sabe de uma coisa? Sabe o que é mais grave? Com isso ele desvia o foco daquilo que é o mais importante. O que nós vamos fazer para o Brasil voltar a crescer, e vocês terem dignidade? É lamentável ter um presidente que mente, e a figura seria hoje a de um personagem, o do Pinóquio.
[Carlos Nascimento]: O comentário do candidato Bolsonaro.
[Jair Bolsonaro]: Simone, durante a pandemia, obrigaram o povo a ficar em casa. O povo começou a passar fome de verdade. O que eu fiz? Eu criei o Auxílio Brasil. Botei um ponto final no Bolsa Família, que valia em média 190 reais e botei o Auxílio Brasil em 600 reais, três vezes mais! Nós atendemos os mais pobres, sim! Hoje, temos 21 milhões de famílias que recebem o Auxílio Brasil. Desses 21 milhões, senhora senadora, 17 milhões são mulheres. O nosso carinho, a nossa atenção especial com as mulheres. Nós ajudamos os mais pobres com o Auxílio Brasil, 600 reais por mês, e, preferencialmente, às mulheres.
[Carlos Nascimento]: Muito bem. Antes da próxima pergunta, perdão, tem uma réplica da senhora, perdão. Desculpe.
[Simone Tebet]: De novo o nariz crescendo. Ele não queria pagar 600 reais. Nós, no Congresso Nacional, é que exigimos. Depois voltou para 400 reais antes da hora; e nós, no Congresso Nacional, exigimos de novo que voltasse aos 600. Aliás, ele voltou a 600 só agora, às vésperas da eleição, porque, repito, é insensível com a dor alheia. Sabe por que ficamos tanto tempo em casa, mais do que a média do mundo? Porque ele negou a vocês vacina, 45 dias de atraso. Estava lá, eu vi o esquema de corrupção, como se a vida pudesse valer um dólar, que era o que o Ministério da Saúde queria cobrar de uma empresa para comprar vacina para colocar no seu braço. Este Presidente insensível, que virou as costas para o povo brasileiro, no momento que mais precisou, que quer de novo o seu voto. Ele não pode ter.
[Carlos Nascimento]: Muito bem, eu peço desculpas à senhora por tê-la interrompido. Queria informar agora, antes da próxima pergunta, que o pedido de direito de resposta da candidata Simone foi negado. O pedido da candidata Soraya foi aceito. E a senhora tem agora um minuto para responder. Sem manifestações na plateia, por favor.
[Soraya Thronicke]: Primeiro que quero dizer ao candidato Jair Bolsonaro, não cutuque onça com a sua vara curta, respeito. Primeiro porque nós não votamos da forma como Vossa Excelência disse, segundo que todas as minhas indicações do Congresso Nacional estão nas suas mãos, públicas, estão em todos os sites, todas as redes sociais. Você entra no meu site, sorayathronicke.com.br, clica no Mato Grosso do Sul, clica em cada município, e você vai ver a execução. Eu desafio o senhor a mostrar e a abrir todas as indicações de emendas de relator dos demais parlamentares do nosso Congresso. As minhas estão na sua mão, na mão de todos os brasileiros, na mão toda a imprensa há muito tempo. De meu, nada tem. É isso, está, público, público! E não cutuque, não cutuque. E mais, nunca neguei que fui eleita nesta seara.
[Carlos Nascimento]: Acabou o tempo.
[Soraya Thronicke]: Acabou?
[Carlos Nascimento]: Acabou o tempo. Um minuto já transcorrido. Vamos para a participação da jornalista do Terra, Tatiana Farah. Tatiana, boa noite. Por favor, a quem vai perguntar e quem deverá fazer o comentário?
[Tatiana Farah]: Boa noite, a minha pergunta é para o candidato Ciro Gomes, com o comentário da candidata Simone Tebet.
[Carlos Nascimento]: Pois não.
[Tatiana Farah]: Candidato, o senhor tem subido de tom nas críticas que tem feito ao ex-presidente Lula. Uma parte dos seus eleitores, no entanto, já declarou voto útil no petista. Para onde vai o PDT no segundo turno, em um eventual segundo turno entre Lula e Bolsonaro, e se o PDT aderir ao PT, o senhor vai deixar a legenda?
[Ciro Gomes]: Olha, uma das coisas graves que o Lula e o petismo corrupto estão produzindo no Brasil é a morte do jornalismo. Como é que nós estamos em um debate, eu me apresentando como candidato a Presidente da República, sou agora convidado a refletir sobre o movimento que, teoricamente, eu deveria fazer nesta ou naquela outra direção? Isso no mínimo é uma falta de respeito ao eleitor, a você, meu irmão, que está vendo o que está acontecendo. O Lula produziu uma onda de propaganda que é a seguinte: "Todo mundo que não for Lula é fascista". E ele tem a oportunidade de caracterizar de fascista o Bolsonaro, e ao invés de vir aqui, foge, desrespeitando você, desrespeitando a todos nós, por quê? Ou já ganhou, ou não tem como explicar. A minha candidatura, ela se deve, não é porque é fácil, não é simples, eu sei que eu nunca fui o favorito. Em 2018, eu estava dizendo ao povo brasileiro, pedindo a Deus, como faço hoje, que ilumine a minha palavra: "Olhe, a solução para a corrupção generalizada do PT no governo e para a mais grave crise econômica da nossa história, que foi produzida pelo Lula e PT, não é votar por negação no Bolsonaro. O Bolsonaro não tem experiência, não tem vivência, está sendo empacotado como moralizador que nunca foi". Estou aqui dizendo ao lado dele. Não quero fazer disso ofensa pessoal. Porém, o que está acontecendo no Brasil hoje? O Bolsonaro repete a mesma prática. Waldemar Costa Neto, o Lula deu o DNIT para roubar, foi preso e condenado, no Mensalão. Agora o Bolsonaro é filiado ao DNIT. Estou pedindo a você: me dê uma oportunidade de mudar isso. O Brasil não aguenta mais isso.
[Carlos Nascimento]: Comentário da candidata Simone.
[Simone Tebet]: Candidato Ciro, eu concordo com você, mas eu vou mais longe. Este mesmo candidato, que pede o voto útil pra matar eleição no primeiro turno. Eu quero explicar que voto útil é o voto da sua consciência. Essa é a eleição mais importante da história do Brasil desde muito tempo, não pode ser uma votação pelo medo, mas pela esperança. E como é que vamos votar num candidato que não tem a coragem de vir a um debate apresentar suas propostas no momento de maior complexidade da história? Vamos dar um cheque em branco? Vamos dar um tiro no escuro? Quem é esse candidato que está vindo aí? Que se recusa, por covardia, a vir debater ter com vocês de forma democrática. Então sim, qualquer um de nós tem direito a estar aqui representando uma parte da sociedade, seja ela qual for. Portanto, esta é uma eleição de dois turnos. Nós não podemos desistir antes da hora.
[Carlos Nascimento]: Muito bem, a réplica do candidato Ciro.
[Ciro Gomes]: Brasileiro, meu irmão, brasileira, minha irmã, tô preocupado mesmo em dar satisfação a você. Eu luto pelo Brasil a minha vida inteira. Já são 42 anos de vida. Nunca respondi por nenhuma acusação de corrupção, e sempre saí pela porta da frente. Hoje eu tenho uma proposta com começo, meio e fim. A questão básica é: para que ter dois turnos? Dois turnos é basicamente pra você votar com esperança naquilo que você acha melhor, com quem se identifica, no programa, na ideia, na decência. Se essa força for majoritária, vai ao segundo turno. Se ela for minoritária, ela aparece forte pra cobrar o que ganhou, pra reclamar das promessas mentirosas, pra preparar o país pro futuro. O que o Lula quer e o Bolsonaro é que você vote por ódio, e eu quero que você vote por esperança. Essa é a chance que eu lhe peço.
[Carlos Nascimento]: Muito obrigado. O candidato Bolsonaro, no transcorrer dessa... desse bloco pediu um novo direito de resposta pela resposta do candidato Ciro. Esse direito de resposta foi negado. Vamos agora à participação de Carolina Ercoline, da Rádio Eldorado. Carolina, boa noite, a quem você pergunta e quem comenta?
[Carolina Ercoline]: Pergunto pro candidato D'Avila com comentário de Soraya Thronicke, boa noite. Considerando a política de controle de armas que hoje permite que 1.300 armas sejam compradas por dia e que atingimos um recorde de mais de um milhão de armas nas mãos de colecionadores e atiradores, e que parte desse arsenal acaba migrando pro crime organizado, gostaria de saber qual é a sua proposta para regular o acesso da população às armas.
[Luiz Felipe D'Avila]: Bom, primeiro, é um direito do cidadão brasileiro ter posse e porte de arma. Nós somos liberais, e nós defendemos que o brasileiro tenha a responsabilidade de fazer suas escolhas. Ter um porte de arma no Brasil é algo rigoroso, não é tão fácil conseguir. É preciso passar por um rigoroso escrutínio até obter esse porte de arma. Isso é feito pela Polícia Federal, no SINARM. O problema é que os CACs foram realmente avacalhados neste tempo. Por quê? Qualquer clubinho de tira da esquina, que você entra lá, 24 horas te dão uma licença, você sai armado. E diz que agora você tá membro de clube de tiro. Isso é um absurdo. E os CACs são coordenados pelas Forças Armadas, só que as Forças Armadas não sabem o histórico do cidadão que tá se armando. Quem sabe é o SINARM, é a Polícia Federal. Portanto, nós temos que unificar o SIGMA e o SINARM, ter um único banco de dados pra parar com essa história de dar arma na mão de gente irresponsável, que está indo a clube de tiro pra se armar e que não tem capacidade psicológica pra carregar uma arma. Nós não podemos banalizar um direito do cidadão, que é o direito de ter posse a arma. Portanto, nós temos de colocar ordem. Não podemos deixar que a arma seja hoje um instrumento usado para cometer crimes e usando um subterfúgio, que é o CAC, nós precisamos respeitar o direito do cidadão.
[Carlos Nascimento]: Comentário, por favor.
[Soraya Thronicke]: Em 2018, quando fui eleita, eu levantei a bandeira armamentista pra defesa pessoal do cidadão, e como as outras bandeiras, do combate à corrupção, bandeiras do mercado liberal, eu a honro, honrei em todo o meu tempo, todas as minhas votações dentro do Senado, e me disponho, inclusive, a continuar trabalhando nesta senda desde que haja, cada dia mais, responsabilidade. Respeito todos os CACs, mas quando fomos votar a questão dos CACs lá no Senado, aconteceram ameaças a senadores que eram contrários. Então por conta de pouquíssimas pessoas que não têm respeito, que não sabem dialogar e que não sabem conversar, todos os CACs estão ainda aguardando.
[Carlos Nascimento]: Obrigado, a réplica, candidato D'Avila.
[Luiz Felipe D'Avila]: Olha, a história de ter arma como CAC ou como um cidadão normal é simples. É que nem você que dirige carro. Você não precisa tirar a Carteira Nacional de Habilitação pra guiar um carro? Pra você ir a um clube de tiro, você precisa ter o porte de arma. Você precisa passar pelo escrutínio da Polícia Federal pra saber se você tem capacidade de poder usar uma arma. Não importa se é no clube do tiro ou se é pra defesa pessoal. É isso que nós temos de fazer. É mais um sinal de como as instituições vêm esgarçando no Brasil, a credibilidade das leis, da democracia, isso sim é fruto do populismo, do radicalismo, dessa briga que está corroendo a credibilidade do estado de direito e das leis no Brasil. Portanto, vamos unificar o SINARM e o SIGMA pra poder ter uma única central pra poder dar posse e porte de arma mesmo com CAC.
[Carlos Nascimento]: Obrigado. Agora é a vez do jornalista Marcelo Torres, do SBT. Boa noite, Marcelo, a quem você pergunta e quem faz o comentário?
[Marcelo Torres]: Boa noite, Nascimento. Pergunto para a candidata Soraya Thronicke, com o comentário do candidato Padre Kelmon.
[Carlos Nascimento]: Pois não.
[Marcelo Torres]: Candidata, eu queria falar sobre a principal proposta de governo da senhora que é o Imposto Único Federal. No mundo inteiro, as economias modernas tendem a taxar menos o consumo e mais a renda, porque na renda você consegue escalonar e ter a alíquota maior para quem ganha mais. Na proposta da senhora, é uma alíquota única, como se fosse uma CPMF mais robusta, de 1,8%, que, por exemplo, uma pessoa desempregada quando for comprar um pacote de arroz ou aquilo de feijão, vai pagar essa alíquota, além de pagar o ICMS para os estados. A senhora acha isso justo?
[Soraya Thronicke]: Quero agradecer a pergunta, mas quero dizer para você não confundir florentina com cloroquina. CPMF não é o Imposto Único Federal, de maneira alguma. O Imposto Único Federal vai substituir 11 tributos federais por um imposto só, uma alíquota de 1,26%, e tirar o peso da tributação de cima do consumo e colocar na movimentação financeira. Essa é a grande diferença. Quem movimenta mais dinheiro, paga mais; quem movimenta menos, paga menos, é muito simples. Acima de tudo, temos que lembrar, a CPMF foi um imposto a mais, era para ser provisória, virou permanente, era para financiar a saúde, e não o fez. Por isso, não confunda florentina com cloroquina. Muito obrigada.
[Padre Kelmon]: Mais simples—
[Carlos Nascimento]: Por favor.
[Padre Kelmon]: Mais simples ainda é a redução dos impostos. Se fala tanto de impostos, cobra-se tanto imposto. Nós precisamos reduzir a quantidade de impostos para que se sobre dinheiro, e assim o cidadão terá um poder de compra muito maior. O Estado inchado, o Estado grande. Quem trabalha? quem produz? É o Estado? Quem produz e quem trabalha é o trabalhador, é você de casa, que alimenta o Estado, e o Estado precisa ser mínimo, porque com o estado mínimo, nós poderemos ter dinheiro de sobra para investir melhor na educação, na saúde, e assim poder oferecer aquilo que é papel do Estado, servir o pobre, servir a pessoa. Então são muitas falácias aqui—
[Carlos Nascimento]: O tempo.
[Padre Kelmon]: ... mas, na prática, fica a desejar.
[Carlos Nascimento]: O tempo. Por favor, a réplica, candidata Soraya.
[Soraya Thronicke]: Candidato, o estado mínimo não pode ser mínimo do mínimo num país que as pessoas—
[Padre Kelmon]: Não falei mínimo do mínimo.
[Soraya Thronicke]: Sem problemas, eu estou explicando a nossa proposta. É o estado mínimo necessário, tem que estar presente dentro do necessário. As pessoas estão passando fome. O imposto único federal vai conseguir reduzir a tributação sobre o consumo, e nós precisamos, sim, aumentar a base de arrecadação. Hoje, 70% da população arca com esses impostos federais. Nós queremos que 100% arque. O imposto único federal, é imposto digital, é um imposto automático, é insonegável(sic), e muitos não querem. Ele é insonegável(sic). Portanto, quando a gente diminui a carga, a gente consegue arrecadar mais e manter o repasse para os estados e municípios, porque não—
[Carlos Nascimento]: O tempo, por favor. Agora, a participação da jornalista da revista Veja, Clarissa Oliveira. Boa noite, a sua pergunta vai para quem e quem comenta?
[Clarissa Oliveira]: Olá, boa noite a todos. Minha pergunta vai para Padre Kelmon, com comentário de Felipe D'Avila. Candidato, o senhor só está sentado nessa cadeira hoje porque o nome escolhido originalmente pelo seu partido, Roberto Jefferson, foi impedido de disputar, enquadrado na Lei da Ficha Limpa. Gostaria de saber o que o senhor acha dessa lei, o que o senhor pensa dessa decisão da Justiça, e, se eleito, o que o senhor faria para impedir que políticos corruptos saiam impunes e, eventualmente, venham a disputar eleições. Por favor, candidato.
[Padre Kelmon]: A senhora está afirmando que o Roberto Jefferson foi enquadrado na Lei da Ficha Limpa. E que isso o impede. Essa lei deveria valer para todos os candidatos, então? Por que o candidato, o senhor Luiz Inácio Lula da Silva, está como candidato a presidente da República? A lei só vale para um e outros não? Ele deveria também estar sendo impedido de ser candidato à presidência da República. Então, nós precisamos parar de demagogia, de falácias, nós precisamos parar de mentira. São muitas fake news que são inventadas aqui. Vocês, nós precisamos falar a verdade. O povo, você cidadão de casa, precisa ouvir da boca do candidato verdades, e não mentiras, como nós ouvimos todos os dias aqui. Tem candidato aqui que simplesmente se vestem com uma roupagem que ele não é aquilo para mentir, para te enganar. Então você precisa olhar para os candidatos, olhar para essa eleição com uma consciência, uma consciência muito apurada. Apurada. Para ver a vida pregressa de cada um. Nós temos todos esses candidatos aqui, todos os candidatos aqui atacando um só, o presidente da República. Eu estou só observando a fala de cada um. Cinco contra um. Mas agora, são cinco contra dois, porque nós somos candidato de direita. O PTB é o único partido cristão e conservador de direita do Brasil. Infelizmente—
[Carlos Nascimento]: O tempo. O tempo. Por favor. O tempo.
[Carlos Nascimento]: O tempo, por favor. Comentário, candidato D'Ávila.
[Luiz Felipe D'Avila]: Que privilégio poder responder essa pergunta. Eu tenho muito
orgulho de fazer parte do Partido Novo, o único partido ficha limpa mesmo! 44 mandatários, nenhum escândalo de corrupção. O partido que faz a diferença na vida das pessoas. Mais do que um partido com mandatários sem escândalo de corrupção, um partido que seus filiados precisam ser ficha limpa. Nenhum outro partido tem isso. Eu, com orgulho, defendo todos os nomes do Partido Novo. Por isso, eu peço a você: vote nos candidatos do Partido Novo nesta eleição, para o Congresso, para o governo, para o senado e para a Presidência da República, é o único jeito de termos ficha limpa na política brasileira.
[Carlos Nascimento]: A réplica do Padre Kelmon.
[Padre Kelmon]: São falácias, falácias e falácias. Nós já sabemos, já estamos acostumados com esse tipo de discurso político, mas eu quero convidar você para olhar, olhar para os candidatos que defendem realmente, defendem a vida, defendem Deus, Pátria, família, vida e a liberdade. Você que tem a oportunidade, você que está me vendo em casa, você tem a oportunidade de escolher candidatos que de fato defendem interesses, sem mascaramentos, sem subterfúgios, sem querer enganar você. Eu sou candidato do 14, votem no 14 para Presidente da República, votem no 14 para deputado federal. O único partido, se ele se orgulha de ser o partido de ficha limpa, nós nos orgulhamos de sermos um partido de direita que defende Deus, Pátria, família, vida e liberdade.
[Carlos Nascimento]: Tempo. Obrigado. Encerramos aqui este segundo bloco do debate. Você vê imagens do estúdio 4 do SBT, onde as equipes dos candidatos, convidados e jornalistas acompanham o debate. Se quiser saber mais sobre bastidores, basta acessar as redes sociais dos veículos que participam do pool. Use a #debatepresidente. Esse debate é realizado pelo maior pool de veículos de comunicação, formado por SBT, CNN Brasil, Terra, Nova Brasil, Estadão, Eldorado e Veja. Debate para presidente: a hora da decisão.
*Participaram desta cobertura:
Em São Paulo: Caê Vasconcelos, Felipe Pereira, Isabela Aleixo, Juliana Arreguy e Wanderley Preite Sobrinho
No Rio: Lola Ferreira
Em Brasília: Camila Turtelli, Eduardo Militão, Gabriela Vinhal e Leonardo Martins
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