Leia a íntegra do terceiro bloco do debate presidencial no SBT
O segundo debate entre candidatos à Presidência da República nas Eleições 2022 aconteceu neste sábado (24) e foi realizado por SBT, CNN Brasil, Veja, O Estado de S. Paulo, Nova Brasil FM e Terra. Participaram do programa Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (União), Felipe D'Avila (Novo) e Kelmon Souza (PTB), o Padre Kelmon.
No terceiro bloco, o tema da corrupção não teve Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como principal alvo —e sim Bolsonaro. O que gerou defesa de Kelmon ao governo. Ele também protagonizou discussão com Tebet sobre feminismo e aborto.
Leia aqui a íntegra do terceiro bloco do debate no SBT:
[Carlos Nascimento]: Estamos de volta com o debate entre os candidatos à presidência da república que reúne o maior pool. Você pode acompanhar o debate também pelo celular, no YouTube da CNN, do SBT e do SBT News, na Rádio Eldorado e rádio Nova Brasil, além dos sites de Veja, Estadão e Terra. Vamos então às normas deste terceiro bloco. Neste terceiro bloco, candidatos fazem perguntas entre si na ordem inversa do começo do debate. Os tempos estabelecidos são iguais aos do primeiro bloco. Perguntas, 30 segundos. Respostas, um minuto e meio. Réplicas e tréplicas, 45 segundos. Todos os candidatos aqui presentes precisam obrigatoriamente ser chamados para responder. O candidato que se sentir ofendido, poderá pedir direito de resposta. Uma equipe formada por advogados e jornalistas do pool irá avaliar se houve a ofensa. Em caso afirmativo, o candidato ofendido ganhará direito de resposta pelo tempo de um minuto. Você vê o púlpito vazio do candidato Lula, do PT, que foi convidado, mas não quis participar deste debate. Quem começa esse bloco é o candidato Felipe D'Avila do Novo. Por favor, candidato, a quem o senhor dirige a sua pergunta?
[Luiz Felipe D'Avila]: A minha pergunta é dirigida ao candidato Bolsonaro.
[Carlos Nascimento]: Pois não.
[Luiz Felipe D'Avila]: Candidato Bolsonaro, o Brasil está cansado de ver escândalos de corrupção drenando o dinheiro do povo brasileiro. E o campeão de escândalos de corrupção, como nós sabemos muito bem, é o presidente Lula, um dos maiores escândalos de corrupção do mundo. Aliás, todo o abecedário tem nome: mensalão, petrolão, pode escolher a letra, tem um escândalo de corrupção do Lula. Eu queria saber o que o senhor fez no seu governo para combater a corrupção e o que fará para tirar a corrupção das manchetes de jornal.
[Jair Bolsonaro]: Nós tiramos, D'Avila, a corrupção das manchetes. Três anos e oito meses, você não vê escândalo de corrupção no meu governo. Quando acusam, tipo uma CPI fajuta do Senado, falam suposições. "Ah, tentaram pegar uma propina na vacina tal." Nada foi pago, nada foi comprado dessas empresas. Então nós demos o exemplo. Como, D'Avila? Escolhendo pessoas corretas para estar à frente dos Ministérios. Nós não aceitamos as indicações político-partidárias para Ministérios, para Caixa Econômica, Banco do Brasil, BNDES, e para as estatais. Olhe, por exemplo, a Itaipu Binacional. Como ela faz obra, como a segunda ponte com o Paraguai já concluída, a terceira começando lá em Porto Murtinho, a extensão do aeroporto de Foz do Iguaçu. Nós não temos corrupção. Olha os assaltos, D'Avila, que haviam nos fundos de pensão das estatais. Eu tô aqui com contracheque de um carteiro.
[Carlos Nascimento]: Segundo a norma do debate, não é possível...
[Jair Bolsonaro]: Tô aqui com o contracheque de um carteiro, ele desconta 510 reais por mês e vai descontar até 2030 pra cobrir roubalheira do fundo de pensão dos Correios que é o Postalis. É a corrupção com carnê. Nós, ao colocarmos pessoas adequadas e certas, e com responsabilidade e honestidade, combatemos a corrupção. Somos orgulho, e me orgulho muito de ser presidente da república onde não tem qualquer escândalo de corrupção.
[Carlos Nascimento]: A réplica, candidato D'Avila.
[Luiz Felipe D'Avila]: Bolsonaro, eu gostaria que o senhor explicasse um pouco mais o orçamento secreto. Porque no primeiro ano, o senhor vetou o orçamento secreto, mas depois, pressionado pelo Congresso Nacional, aprovou o orçamento secreto, onde tem as suas digitais, que hoje é muito parecido com o mensalão. Além de tudo, o senhor disputa a presidência da república e o chefe do seu partido, Valdemar Costa Neto, foi preso justamente no escândalo do mensalão. Portanto, também tem um presidiário ligado à corrupção ao seu partido. Eu gostaria que o senhor explicasse pras pessoas a diferença entre o mensalão e o orçamento secreto.
[Jair Bolsonaro]: Lá atrás, o ministro Joaquim Barbosa foi bem claro que eu fui um dos três deputados do meu partido na época que não pegava dinheiro na Petrobras. A mesma coisa Joaquim Barbosa dizendo que eu devolvi dinheiro dado pela JBS para mim pessoalmente, devolvi. E era legal aquilo. O orçamento secreto, D'Avila, eu vetei, o Congresso derrubou o veto com o apoio das senadoras aqui. Eu não tenho qualquer acesso ao orçamento secreto. Então realmente esse dinheiro, 18 bilhões atualmente, poderia, seria muito melhor distribuído para outras áreas do Governo. Agora, pela segunda vez, você tem razão. Não em tudo que você falou. Iam derrubar o veto de novo. Eu não tenho acesso, eu não sei pra onde vai o dinheiro desse tal orçamento secreto. Pode perguntar pras senadoras aqui que elas te responderão com toda certeza.
[Carlos Nascimento]: A senadora pede direito de resposta. Está registrado. Está sendo examinado pelos jornalistas e pelo pessoal do pool. Vamos agora à pergunta do Padre Kelmon, do PTB.
[Padre Kelmon]: Pergunto à senadora—
[Carlos Nascimento]: Perdão. Temos também um pedido de resposta, de direito de resposta da senadora, candidata Soraya. Vamos agora à pergunta do Padre Kelmon. A quem o senhor pergunta, por favor?
[Padre Kelmon]: Padre Kelmon. Pergunto à senadora Simone Tebet. Candidata, o ex-presidiário Lula defendeu o aborto recentemente em entrevistas. A senhora se diz feminista. Dentro da agenda feminista, está o apoio incondicional à legalização do aborto. A senhora concorda com essa agenda? Como presidente apoiará o assassinato de bebês indefesos no ventre de suas mães?
[Simone Tebet]: Candidato, o meu conceito feminista é muito diferente do seu conceito.
[Padre Kelmon]: Não, só existe um conceito.
[Simone Tebet]: Eu estou falando, a palavra é minha. E, por favor, me respeite. Eu gostaria que repusesse meu tempo, por favor.
[Carlos Nascimento]: Pode continuar, por favor.
[Simone Tebet]: O seu conceito é diferente do meu. Sabe que pra mim o que é ser feminista? É defender o direito das mulheres, de ganhar iguais salários aos dos homens, porque a mulher preta no Brasil recebe até 40% menos. O meu... o feminismo é como presidente, pela primeira vez uma mulher presidente da Comissão de Combate à Violência Contra a Mulher exigir com leis mais severas colocar na cadeia homem que batem covardemente em mulher. É isso que é ser feminista. Eu sou católica, padre, lamento a sua visão seletiva, confesso que tenho dúvidas se teria de me confessar com você. Eu sou contra o aborto, porque eu sou católica e sou cristã. Isso não me faz menos feminista. Eu defendo a vida. E assim sempre fui. Agora, o feminismo no Brasil precisa ser entendido não como uma pauta de esquerda, mas como uma pauta cristã. A mulher brasileira hoje é a cara mais pobre desse Brasil. Se ela for preta e do Nordeste, então, ela não tem condição nenhuma de ter uma qualidade de vida, que infelizmente as mulheres brancas têm na proporção. É isso que é ser feminista. Eu defendo a vida e continuo defendendo as mulheres brasileiras, é por isso que eu sou candidata à Presidência da República. E se eu for eleita presidente da República, nenhuma criança vai dormir com fome no Brasil. Se eu for presidente da República, a chave da casa própria vai para você, mulher, que é a porta da cidadania. Se eu for eleita presidente da República, eu não vou cometer crime de corrupção. Vou pôr na cadeia quem faz, porque a corrupção mata, ela tira o dinheiro que está faltando lá, para servir a você, para dar qualidade de vida para a sua família.
[Padre Kelmon]: A senhora se contradisse, porque a senhora como feminista, se a senhora realmente é feminista, como é o movimento feminista, a senhora está se contradizendo, porque as feministas, elas apoiam o aborto incondicionalmente. Então, a senhora também disse aqui que a senhora está vivendo um feminismo que a senhora criou. O meu feminismo, então a senhora tem um feminismo particular, muito só seu. Então a senhora trai também ao próprio movimento feminista. A senhora se diz católica, está dizendo que é católica. Eu sou católico ortodoxo, mas nós católicos defendemos a vida igualmente. Então a senhora precisa... a senhora está dizendo que quer se confessar comigo, eu posso te atender em confissão, posso atender sim, mas a senhora não respondeu a minha pergunta. A senhora está—
[Carlos Nascimento]: Tréplica. Tréplica, por favor.
[Simone Tebet]: Eu peço desculpa a você, que é católico também. Eu peço desculpa à minha igreja, por ter lamentavelmente um padre aqui colocando palavras na boca de um cidadão, de uma cidadã. Eu sou feminista no meu conceito, e a vida inteira defendi a vida e sou contra o aborto. Qual é o problema disso? E eu vou dizer mais. Eu tive coragem de entrar com uma ação contra Bolsonaro e contra Lula, porque me senti ofendida como cristã quando ambos escolheram uma santa, pasmem, mas não para falar de amor, mas para poder gladiarem através do ódio Madre Teresa de Calcutá, na propaganda eleitoral. Coisa que o padre não fez. Lamento, padre, eu jamais me confessaria com o senhor, jamais.
[Carlos Nascimento]: Tempo encerrado. Vamos agora à pergunta da candidata do União Brasil, Soraya Thronicke, por favor. A sua pergunta e a quem será dirigida?
[Soraya Thronicke]: Para o candidato Ciro Gomes.
[Carlos Nascimento]: Pois não.
[Soraya Thronicke]: Candidato, o programa do PT traz algumas coisas extremamente preocupantes, como é o caso da regulamentação do agronegócio. E eu pergunto para o senhor: o senhor concorda em regulamentar o nosso maior orgulho, que tem segurado a balança econômica do Brasil, que é o agronegócio? A quem a gente tanto defende, que muito nos orgulha e cuida das nossas exportações?
[Ciro Gomes]: Senadora, eu lamento que o presidente Lula não esteja aqui porque não gosto de fazer reflexões que a pessoa não possa reagir. Porém o PT e o governo Lula, os quatro mandatos devastaram a indústria nacional brasileira. Só para você ter uma ideia, em 80, o Brasil era quase seis vezes a China. Hoje, a China é quase 20 vezes o Brasil, e isso faz com que o Brasil tenha uma dependência brutal de importar tudo o que é manufaturado do estrangeiro: vacina, remédio, prótese, cama de hospital, diagnóstico médico, todo eletroeletrônico, tudo é importado do estrangeiro. Eu tenho uma política para reindustrializar o Brasil. Enquanto isso, deixa que eu lhe diga, que eu gosto de refletir com as pessoas para que elas entendam o quanto é grave esse conjunto de argumentos que eu estou tentando fazer, quem carrega o Brasil nas costas é o saldo comercial que a agricultura e a pecuária brasileira de todos os postos fazem. Eu lhe dou um número, enquanto o Brasil cresce dois pontos, que é o que tem crescido em média, nesses 12 anos de PT. O Lula só fala do período dele, depois esquece que a Dilma derrubou 7% do PIB brasileiro. Pois bem, enquanto o Brasil cresce dois pontos, o buraco na conta com o estrangeiro é de 130 bilhões de dólares. Quem paga a conta? O agronegócio. Isso quer dizer que o agronegócio está livre para fazer tudo o que quiser e bem entender? Claro que não. E o setor mais moderno e avançado do agronegócio já sabe que tem que produzir em base sustentada. Isso é o que nós temos que estimular, o bom exemplo, que é generalizadamente a característica da maioria. Portanto, não tenha dúvida que toda e qualquer perseguição ao agronegócio é um tiro no pé.
[Carlos Nascimento]: Por favor, a réplica, candidata Soraya.
[Soraya Thronicke]: Infelizmente, o candidato não está aqui, mas o povo brasileiro precisa saber dos projetos dele, que é inclusive limitar a exportação de carne. Gente, quem fez isso foi a Argentina e Venezuela, e foi desastroso. Mas eu vou aproveitar aqui para dizer algo fora desse contexto e dizer que "estelionatário" é quem pratica, é o ato que pratica quem usa dinheiro vivo para não deixar rastro e nem provas. Aqui eu estou com a votação minha e da senadora Simone Tebet, dizendo que votamos "não", "não", e procurem vocês dentro do site do Senado Federal a verdade. João 8:32, que a pessoa simplesmente mente.
[Carlos Nascimento]: A tréplica, por favor.
[Ciro Gomes]: Bom, o Brasil precisa entender o que está acontecendo. Nós tínhamos o maior pulso de crescimento do mundo, crescíamos 6,7% ao ano, meio século entre os anos 30 e 80. Dali dos anos 80 até 2010, o Brasil caiu para 2,6%, isso crescendo assim, com a população nascendo, 2 milhões 700 pessoas por ano, nós começamos a empobrecer. Nos últimos 11 anos, três de Bolsonaro e oito de PT, o Brasil tende a crescer zero, pela primeira vez em 120 anos. Nós precisamos desesperadamente entender isso, o tamanho e a profundidade da crise econômica e por que a governança política do país levou à cassação e à desmoralização de todos os presidentes que concederam a corrupção.
[Carlos Nascimento]: Bom, a quarta pergunta é justamente de Ciro Gomes, candidato do PDT. Para quem o senhor fará a pergunta, candidato?
[Ciro Gomes]: Vou perguntar ao professor Felipe D'Ávila porque acho que ele trouxe um assunto muito relevante e houve escorregão pra lá e pra cá, e acho que esse é um assunto grave. Professor, o presidente Jair Bolsonaro se elegeu, na minha opinião, sem tirar o valor dele, na minha opinião, se elegeu porque o Brasil vivia a um só tempo a mais grave crise econômica e a mais generalizada percepção de ladroeira promovida pelo PT. E ele agora está também com a percepção de 70% do povo de que o governo dele entregou-se à corrupção, e a crise econômica deriva do mesmo modelo. O senhor não acha que isso tem que mudar constitucionalmente? Mudar institucionalmente?
[Luiz Felipe D'Avila]: Ciro, precisamos sim, precisamos acabar com a corrupção. A corrupção é que empobrece o país, a corrupção tira o dinheiro da Educação, da Saúde, da Segurança e vai para o bolso de picaretas que vivem às custas do brasileiro que acorda cedo, trabalha, portanto, nós precisamos acabar com a corrupção. E só tem um jeito, você colocar gente séria no poder. É você, eleitor, que vai desistir se o governo vai ser conduzido por um corrupto safado ou se vai ser conduzido por gente honesta, é o seu voto, é a escolha que você vai fazer no dia 02 de outubro. Portanto, se no dia 02 de outubro você cair no conto do Vigário e votar em corrupto, não espere um governo honesto. Se você votar em gente incompetente, não espere ver a economia voltar a crescer, prosperar; e, como o Ciro disse, nós não vamos crescer nunca. Nós vamos continuar crescendo zero, dois, 1%. E se o Brasil não crescer, não gerar renda e emprego, não tem como resolver a questão da pobreza no Brasil. Todo país que resolveu a questão da pobreza, é país que abriu a sua economia para o mundo, que competiu no comércio internacional. Como é o caso do agronegócio, o único setor da economia que compete no comércio internacional. O agro é que fez o nosso PIB crescer, esse PIBinho de 2,5%. Portanto, está na hora de abrirmos a economia. Temos uma pauta ambientalmente correta, combater a corrupção; e você precisa votar em partidos como o Novo para acabar com a corrupção.
[Carlos Nascimento]: A réplica, candidato Ciro.
[Ciro Gomes]: É isso, professor, eu creio que o presidente Bolsonaro teve uma oportunidade de ouro de mudar radicalmente. E o sistemão o que apoiou contra o Lula e o PT lá atrás, pra não deixar que eu chegasse, botou a faca no pescoço, trouxe acusações sobre os filhos, e aí está o Brasil de novo desastrado, desmoralizado, e teve a proeza, o Bolsonaro, de ressuscitar o Lula. Ali em 2018, as pessoas tinham clareza de que o PT tinha virado essa coisa trágica de corrupção e de desmonte econômico do Brasil. E o Bolsonaro recebeu da mão do povo brasileiro essa oportunidade e conseguiu a proeza de ressuscitar o Lula, que se dá ao luxo, inclusive, meu irmão, de não vir sequer dar satisfação aqui por que terminado o seu mandato, cinco pessoas acumulam a fortuna dos 100 milhões de brasileiros mais pobres. Isso é que eu quero mudar.
[Carlos Nascimento]: A tréplica.
[Luiz Felipe D'Avila]: Você que está nos assistindo vai entender a diferença de um governo do Novo do Bolsonaro. No governo do Novo, nós elegemos Romeu Zema, governador de Minas Gerais, que acabou com o PT em Minas Gerais. O PT sequer lançou candidato a governo do Estado porque sabe que vai ser dizimado pelo Zema. O Zema vai ganhar em primeiro turno. Por quê? Governo sério, arrumou as contas, atraiu investimento, colocou Minas Gerais nos trilhos e acabou com a corrupção do PT. Infelizmente, nesse governo Bolsonaro, as pessoas parece que estão com saudades de novo do PT, desse partido corrupto, desse Barrabás que vem assaltando o Brasil e que foi preso, e querem colocá-lo novamente na presidência da república. Gente, só tem um jeito pra acabar com o PT na presidência da república: é votar no Partido Novo.
[Carlos Nascimento]: Obrigado. Antes de prosseguir nesse bloco, devo informar que os pedidos de resposta das candidatas Soraya e candidata Simone foram negados. O pedido de resposta do candidato Bolsonaro foi aceito. Portanto, o senhor tem um minuto para exercê-lo.
[Jair Bolsonaro]: Me acusam de ser corrupto. Mas não dizem de onde foi tirado esse dinheiro pra corrupção. Mentiras. Gente aqui posando como vestais da moralidade. O Ciro me acusa de corrupto. Ciro, a Polícia Federal já bateu na tua porta e do teu irmão. Por ocasião de desvios lá do estádio do Castelão. Então, por favor, olhem pro espelho primeiro e depois venham me acusar. Três anos e meio sem corrupção. Me apontem. Me apontem de onde é que eu... que eu pratiquei corrupção no Brasil! O Brasil está crescendo, quando eu falo em PIB, Ciro, vocês querem dizer que, por ocasião de 2020, a Covid, o mundo caiu em média 9%, o Brasil caiu quatro, não poderíamos ter, nesse somatório, algo muito positivo, se não fosse a Covid, estaríamos muito além dos 3% no PIB.
[Carlos Nascimento]: Candidato Bolsonaro, o senhor deve fazer a próxima pergunta. Candidato Ciro pedindo direito de resposta. Agora quem pergunta é o candidato Jair Bolsonaro, a quem o senhor fará a pergunta, por favor?
[Jair Bolsonaro]: Quem tá sobrando, por favor?
[Carlos Nascimento]: Padre Kelmon ou Soraya.
[Jair Bolsonaro]: Vou perguntar pro Padre Kelmon. Padre, nós tivemos o olhar todo especial para os pobres no Brasil. Eu me preocupo com aquele que levanta de madrugada pra ir às ruas vender algum serviço. E na pandemia, eles foram massacrados, foram obrigados a ficar em casa. Nós criamos o maior auxílio social pra essas pessoas. Hoje, os pobres ganham 600 reais por mês. Me acusam de não ter... olhar para o pobre, qual é a tua opinião sobre isso, prezado padre?
[Padre Kelmon]: A minha opinião é que o senhor tem ajudado muito esse país, e nós estamos vendo aqui um massacre. Eu nunca tinha visto isso na minha vida. Partidos que se juntaram, cinco partidos que se juntaram pra bater num presidente da república. Com falácias, com mentiras, inventando, não é, e nós vemos um presidente que mantém o país com uma economia. Está pequena? 4% talvez? Mas vejam os Estados Unidos como está. 8% de inflação. O país, o nosso país não está sofrendo mais ainda por causa das políticas econômicas do nosso... do ministro Paulo Guedes. Então bater no presidente, todos vocês falaram mal do presidente da república. Será que eu... o presidente da república não fez algo de bom pro povo do Brasil? Vocês só enxergam maldade, corrupção? Foram 13 ou 14 ou 15 anos do governo do PT, por que vocês não falam a verdade? Por que vocês não dizem que no tempo desse governo, do governo do PT, na era do PT, na era da Dilma e do Lula, quantos, quantos dos seus, quantos dos seus apadrinhados ganharam, enriqueceram, e o pobre mais pobre? Vocês dão as migalhas, as migalhas que caem da mesa de vocês, e o pobre se contenta com essas migalhas? O presidente aumentou, aumentou o poder de compra desse povo. Se não fosse o dinheiro, eu trabalho com o povo pobre!
[Carlos Nascimento]: Obrigado.
[Padre Kelmon]: Vocês falam, mas eu trabalho—
[Carlos Nascimento]: Tempo esgotado. A réplica, candidato Bolsonaro.
[Jair Bolsonaro]: Prezado padre, nós damos Auxílio Brasil para 21 milhões de famílias, entre elas, 17 milhões de mulheres, que nós acreditamos na mulher, nós queremos a mulher forte. Mais ainda, padre, o senhor sabe, pela sua idade, sua experiência, quanto o nordestino sofria com a falta d'água, nós concluímos a transposição do Rio São Francisco, que era para ter acabado em 2012. O candidato faltoso aqui, o presidiário, desviou dinheiro da transposição do São Francisco. Nós desviamos foi água para o povo do nosso Nordeste. Nós matamos a sede do nordestino. Meu grande abraço a todos do Nordeste. E muito obrigado pela forma como sou recebido quando visito esse estado.
[Carlos Nascimento]: O tempo. Tréplica, padre Kelmon.
[Padre Kelmon]: Exatamente isso. O povo do Nordeste, eu sou nordestino, o povo do Nordeste passava por necessidades ali no Ceará, Pernambuco, a água nunca chegava. Graças a essa política que complementou, terminou, finalizou, tudo aquilo que foi iniciado, políticas mal-acabadas, deixam pela metade, gastam dinheiro público do imposto do trabalhador, brincam com o seu imposto, brincam com você. É preciso que você tome consciência, ponha a mão na consciência, análise esses últimos anos, esses dez anos de governo de esquerda, analisem isso. Olhem para os benefícios que esse país está recebendo. Se nós não tivéssemos um governo de direita, agora, eu também sou de direita—
[Carlos Nascimento]: Tempo esgotado. Por favor. Muito obrigado. Antes da próxima pergunta, eu devo informar que o direito de resposta solicitado pelo candidato Ciro Gomes foi concedido, e o senhor tem um minuto para exercê-lo, por favor.
[Ciro Gomes]: Me defendo e me explico. Eu, de fato, fui vítima de uma busca e apreensão, que é uma ação meramente cautelar, não é acusação, não estou denunciado, nunca respondi em 42 anos de vida pública por qualquer denúncia de corrupção. E essa busca e apreensão foi julgada por unanimidade ilegal. A minha desconfiança é, é um delegado petista, canalha, que sei que é, ou foi o governo Bolsonaro interferindo na Polícia Federal, como fez para proteger os filhos? Agora digo o que eu estou dizendo. Bolsonaro, olhar aqui pra você, você vendeu a carteira de crédito de três bilhões e 300 milhões de reais do Banco do Brasil por 300 e poucos milhões para o BTG, aí tem. Você vendeu a Landulfo Alves por metade do preço, para um fundo obscuro dos Emirados Árabes. Se vendeu pela metade do preço, alguém ganhou e o povo brasileiro perdeu. Bolsonaro, você vendeu os gasodutos e oleodutos da Petrobras e entregou um contrato de aluguel, e essa é a roubalheira mais escandalosa que eu já vi. Não vou falar da biografia, filhos envolvidos em compra com dinheiro em espécie—
[Carlos Nascimento]: Por favor, candidato Ciro. Foi registrado o pedido de direito de resposta do candidato Bolsonaro, que será examinado. Vamos agora à última pergunta desse bloco, da candidata Simone Tebet.
[Simone Tebet]: Sobrou acho que a Soraya?
[Carlos Nascimento]: A senhora deve perguntar, por favor, à candidata Soraya.
[Simone Tebet]: Candidata Soraya, quem vai ao mercado sabe que os preços dos alimentos estão pela hora da morte, feijão, leite, cebola, óleo de soja, produtos quase que dobraram em menos de um ano. Muito diferente da média da inflação oficial, e muito diferente do aumento do salário mínimo. Aliás, quem está desempregado sequer tem dinheiro para colocar comida na mesa. E aquele que está empregado não consegue mais ter o mesmo poder de compra que antes. Gostaria de ouvi-la, já que vamos falar de propostas, qual a sua proposta para mudar essa realidade?
[Soraya Thronicke]: Pois é, as pessoas no Brasil, nesse país que é considerado o celeiro do mundo, estão passando fome. A carga tributária não foi, não é, e não vai ser a prioridade dos dois candidatos que estão liderando as pesquisas, infelizmente. Nós precisamos arrumar esse caos todo, e precisamos desonerar o consumo, e desonerar acima de tudo a folha de pagamento. Dentro dos 11 tributos federais que nós substituiremos por um imposto só, podemos dizer que essa carga dos 11 tributos significa cerca de 25% de peso sobre o consumo das pessoas. E isso vai virar apenas 1,26. Além disso, dentro da nossa proposta, que já vai desonerar a contribuição da previdência, porque o Imposto Único Federal que vai bancar, nós isentaremos todas as pessoas que recebem até cinco salários mínimos da arrecadação do Imposto de Renda. Aquele desconto que vem no seu holerite, não virá mais. Você que ganha aí cerca de três mil reais por mês, pode ter certeza que vai sobrar, dentro de um ano, o equivalente a um 14º salário. Isto sim é aumentar o poder de compra das pessoas e é ter uma proposta para o Brasil. Precisamos rediscutir tudo isso, e, acima de tudo, para cuidar das pessoas, cuidar das contas. Essa é a nossa prioridade.
[Carlos Nascimento]: A réplica da candidata Simone, por favor.
[Simone Tebet]: Na economia, funciona assim: quando você tem governo ruim, inoperante, que não apresenta projetos, não garante segurança, quem tem dinheiro não investe. Sem dinheiro privado, o Brasil não cresce, não gera emprego nem renda. É pior do que isso, porque a instabilidade faz com que o dólar suba, os juros sobem, e, com isso, tudo o que a gente compre fique mais caro. Pra isso mudar, é preciso ter um governo sério, responsável, que garante segurança jurídica. É isso que eu me proponho: um governo parceiro da iniciativa privada, que vai desonerar o imposto lá no consumo da cesta básica, para que o pobre não pague o mesmo que o rico pague. Além dessa reforma tributária, diminuindo a carga tributária, nós vamos ser parceiros da iniciativa privada, porque são eles que geram o emprego e alavancam a economia brasileira.
[Carlos Nascimento]: Pois não. A tréplica.
[Soraya Thronicke]: Abandonar a bandeira da economia liberal foi o maior pecado também que este governo cometeu, além de abandonar a bandeira do combate à corrupção. Além disso, quando a gente tem essa situação de dificuldade de atrair investimentos financeiros, nós temos ministros, ministros que falam mal dos nossos clientes. Fala mal do nosso maior comprador do nosso país, que é a China, aí fala mal da França. Você imagina, vocês já imaginaram alguém falar mal do cliente, tratar mal seu cliente? Isso é não proteger o seu mercado interno. Isso é um desrespeito com o povo brasileiro, com o agronegócio que exporta pra esses países. Desrespeito. Essa é a verdade.
[Carlos Nascimento]: Muito obrigado. Antes de encerrar este bloco, eu devo informar que o pedido de resposta do candidato Bolsonaro foi concedido. O senhor tem um minuto pra exercê-lo, por favor.
[Jair Bolsonaro]: O meu governo foi o que mais colocou machões na cadeia. Defendendo as mulheres que sofrem violência pelo Brasil. O meu governo que mais atendeu aos pobres com o Auxílio Brasil. E lamentavelmente, o Partido Novo votou contra o Auxílio Brasil na Câmara. Dizer a todos que a nossa economia vai muito bem. E a nossa preocupação com os pobres se reflete no número de empregos que tem se criado no Brasil ao longo dos últimos meses. O Brasil vai muito bem. É um exemplo para o mundo. Paulo Guedes não criticou ninguém, apenas falou a verdade sobre ingerência do governo francês e da forma como o outro governo se dirigia ao nosso país. Isso é defender a nossa soberania. Isso é defender os interesses do nosso país. O Brasil é um país fantástico, e melhorou e muito no meu governo. Eu me orgulho de ser brasileiro e de ser presidente desse grande país.
[Carlos Nascimento]: Chegamos, então, ao fim deste terceiro bloco do debate. Você vê agora imagens do estúdio quatro do SBT, onde as equipes dos candidatos, convidados e jornalistas acompanham o debate. Se quiser saber mais sobre os bastidores, basta acessar as redes sociais dos veículos que participam do pool, use a #debatepresidente. O debate entre os candidatos à presidência da república é realizado pelo maior pool de veículos de comunicação, formado por SBT, CNN Brasil, Terra, Nova Brasil, Estadão, Eldorado e Veja. Debate para presidente, a hora da decisão.
*Participaram desta cobertura:
Em São Paulo: Caê Vasconcelos, Felipe Pereira, Isabela Aleixo, Juliana Arreguy e Wanderley Preite Sobrinho
No Rio: Lola Ferreira
Em Brasília: Camila Turtelli, Eduardo Militão, Gabriela Vinhal e Leonardo Martins
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