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'A Globo, se você não vai, você tá morto', diz Bolsonaro antes do debate

Do UOL, em São Paulo

29/09/2022 19h07Atualizada em 29/09/2022 20h06

Poucas horas antes do debate entre presidenciáveis na Rede Globo, o presidente Jair Bolsonaro (PL) abriu uma transmissão ao vivo. Trajado com uma camisa da seleção de futebol e com uma bandeira do Brasil atrás, o candidato à reeleição comentou sobre a emissora de televisão.

"Daqui a pouco temos um debate na Globo, a gente sabe o que pode acontecer hoje lá. A Globo, se você não vai, você tá morto. Se for, você vai levar tiro. Mas nós temos a verdade do nosso lado, não tem o que temer. Nós sabemos quem é o candidato da Globo, quem é o William Bonner, né, e o que eles pretendem", afirmou.

No fim da live, Bolsonaro retomou o assunto e tornou a criticar a emissora. "Dar uma descansada aqui para o grande debate, né. Se bem que não é um debate, é algo conduzido pela TV Globo. Pode ter certeza. Tem um cara que, se pedir o direito de resposta, já vai ganhar a resposta pronta ali, tá sendo feita hoje a Globo para o Lula", falou sobre seu principal adversário nas urnas.

A Globo tá fazendo hoje o debate para o Lula ser o grande vitorioso. As manchetes de jornais já estão prontas para amanhã. Só acabar o debate e já começa a pipocar que o 'Lula ganhou', 'Lula disparou' [...] E segundo o Datafolha, ele dispara na pesquisa. O que o Datafolha quer com isso?
Jair Bolsonaro em live

Segundo o presidente, a Globo deseja "voltar a mandar no governo, voltar a arranjar dinheiro" e criticou uma falta de memória da população.

"Quem é mais idoso um pouco, quem tem acima de 30 anos, ou melhor, acima de 35 anos, sabe o que aconteceu no governo Lula e Dilma [Rousseff]", disse sobre os governos petistas.

Às 22h30, o chefe do Executivo participará do último debate entre candidatos a presidente da República antes do primeiro turno das eleições de 2022 na TV Globo. São esperados também no debate o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Ciro Gomes (PDT), Padre Kelmon (PTB), Luiz Felipe D'Ávila (Novo), Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil).

"Não sei se faço live amanhã, porque não posso falar de voto amanhã", disse o presidente ao se aproximar do fim da transmissão. Hoje é o último dia para os candidatos realizarem pedido de voto em comícios. Os últimos minutos das lives têm sido dedicados ao que Bolsonaro chama de "horário eleitoral gratuito", nos quais mostra seus candidatos ao redor do Brasil.

Presidente usou camisa da seleção brasileira após apoio de Neymar e de ter ameaçado acionar Forças Armadas. Ontem, também em live, Bolsonaro ameaçou acionar as Forças Armadas para fechar seções eleitorais que proibirem o uso de camisas da seleção brasileira de futebol ou outras vestimentas nas cores verde e amarela no domingo (2). Entretanto, esse veto não existe por parte do TSE.

"O que as Forças Armadas puderem garantir para vocês votarem de verde e amarelo, vai ser garantido. Eu determino, vou determinar às Forças Armadas, que vão participar das seguranças, qualquer seção eleitoral em que for proibido entrar com a camisa verde e amarelo, não vai ter eleição naquela seção", afirmou.

Bolsonaro repetiu críticas a Alexandre de Moraes, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Pelo terceiro dia seguido em lives, o presidente atacou Moraes e repetiu ofensas, pedindo que ele "seja homem" e elevando o tom contra outros Poderes poucos dias antes das eleições.

As investidas de Bolsonaro ocorrem após a publicação de uma reportagem da Folha de S.Paulo, divulgada na segunda-feira (26), sobre mensagens encontradas pela Polícia Federal no celular de um assessor do presidente, que teria renovado suspeitas a respeito das movimentações financeiras da família, em especial de Michelle Bolsonaro. A quebra de sigilo bancário de Cid foi autorizada por Moraes, a pedido dos investigadores.

Ontem, o ministro determinou a abertura de um procedimento administrativo interno no tribunal para apurar o vazamento de informações sobre a quebra de sigilo do ajudante. O magistrado cobra em sua decisão que o delegado do caso informe o nome de todos os agentes que tiveram conhecimento da apuração.

Ao falar de Moraes, criticou também o UOL. Após apoiadores de Bolsonaro criticarem um vídeo em que Moraes faz um gesto de degola durante julgamento sobre lives fora do Alvorada, o presidente cobrou mais seriedade. Conforme publicou a colunista Carolina Brígido, do UOL, o momento foi uma brincadeira com um assessor.

No entanto, o presidente reprovou a justificativa: "O UOL diz que 'gesto de degola de Alexandre de Moraes foi brincadeira'. O cara tá ali na mesa, conduzindo um processo eleitoral, onde tá em jogo a liberdade do povo brasileiro, onde tá em jogo o futuro de cada um de nós, dos nossos filhos. Ele vai pra brincadeira? É tudo medida pra tentar me tirar do contato popular".