Topo

Documento do PL é a tentativa de 'Plano Cohen' de Bolsonaro, diz jurista

Do UOL, em São Paulo

29/09/2022 15h01Atualizada em 30/09/2022 17h58

O professor de direito da FGV Rio Wallace Corbo afirmou, durante o UOL News, que o documento do PL em que o partido do presidente Jair Bolsonaro acusa o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de atraso e manipulação do resultado da eleição é a tentativa de um "Plano Cohen" do governo.

Para ele, o documento tem um objetivo: "Perturbar as eleições e criar algum tipo de instabilidade para tentar atacar a credibilidade do pleito eleitoral", disse.

"Não é a primeira vez no Brasil que nós vemos um documento forjado com mentiras e tendo como objetivo dar fundamento para um golpe de Estado".

O jurista citou o Plano Cohen como modelo do que o partido está tentando fazer. "Essa é mais uma tentativa de criar um Plano Cohen, aquele suposto plano de implementar um comunismo que deu ensejo a ditadura do Estado Novo. Essa é a tentativa de Plano Cohen do Bolsonaro e do PL".

Ele elogiou o TSE por agir rápido, mas alertou para o perigo de um partido financiar um documento assim. "O financiamento de um parecer desse tipo que não tem base em nada, simplesmente na tentativa de desacreditar o pleito eleitoral, com um pagamento feito com fundo partidário, pode não ser apenas por responsabilização criminal, mas também, no mínimo, por improbidade administrativa, e no máximo, uma tentativa de derrubar o estado de direito. Isso é muito sério."

O que foi o Plano Cohen?

No dia 30 de setembro de 1937, o chefe do Estado-Maior do Exército brasileiro, general Góes Monteiro, anunciou, no programa radiofônico Hora do Brasil, a descoberta de um plano cujo objetivo era a derrubada do presidente Getúlio Vargas. Segundo o general, o Plano Cohen, como passou a ser chamado, tinha sido arquitetado, em conjunto, pelo Partido Comunista Brasileiro e por organizações comunistas internacionais.

No dia seguinte ao pronunciamento, diante da "ameaça vermelha", o governo Vargas solicitou ao Congresso Nacional a decretação do Estado de Guerra, concedido naquele mesmo 1º de outubro. Com os poderes constitucionais outorgados pelo Congresso, Getúlio deu início a uma intensa perseguição aos comunistas e também a opositores políticos, como o governador gaúcho Flores da Cunha, que rompera com Vargas em meados da década de 1930.

Na época, os conspiradores foram acusados de planejarem uma nova insurreição armada, semelhante à Intentona de 1935, rapidamente sufocada pelo governo Vargas. A incursão comunista previa a eliminação de chefes militares, a agitação de operários e estudantes, a liberdade de presos políticos, o incêndio de casas e prédios, além de saques e depredações.

O documento apresentado como prova do plano comunista fornecia ainda orientações detalhadas sobre as ações de sequestro planejadas pelos revolucionários. Os alvos principais seriam "os Ministros de Estado, presidente do Supremo Tribunal, e os presidentes da Câmara e do Senado". O sequestro de dirigentes políticos e militares, que deveriam ser executados no mesmo dia, conforme o documento, serviria para "colocar em xeque as autoridades" em caso de "fracasso parcial" do levante comunista.

Debate é ultima chance de Bolsonaro tentar alguma coisa, diz Joel Pinheiro

Joel Pinheiro, comentarista do UOL News, disse que hoje é a "última chance" para Bolsonaro tentar mudar alguma coisa no cenário atual.

"É a última chance de o Bolsonaro tentar alguma coisa. Ele vai tentar cravar na questão da corrupção contra o Lula, que foi um tema que ele conseguiu encaixar uns golpes (contra o petista), que não teve resposta à altura", afirmou. "A chance do bolsonarismo é conseguir algum corte destruidor no Lula para tirar um pouco de votos dele via redes sociais e WhatsApp."

Na opinião do comentarista, questões delicadas, como o aborto, podem ser levantadas. "A questão do aborto tem sido muito perguntado para a campanha do Lula. Aborto é a criptonita na política brasileira".

Lula e Bolsonaro veem debate como crucial; presidente quer falar além da bolha, diz Carla Araújo

A colunista Carla Araújo afirmou que Lula e Bolsonaro irão rebater questões delicadas contra eles, conforme publicado mais cedo. "A estratégia do Lula é se preparar para questões relacionadas à corrupção, já Bolsonaro tem um esquema para rebater a matéria dos imóveis comprados com dinheiro vivo."

A estratégia da campanha do candidato do PL é tentar atrair o eleitor indeciso, segundo a jornalista. "Eles querem sair da bolha bolsonarista e tentar pegar eleitor da [Simone] Tebet, algum indeciso e diminuir a diferença para o ex-presidente Lula".

O UOL News vai ao ar de segunda a sexta-feira em três edições: 8h, 12h e 18h, sempre ao vivo.

Quando: de segunda a sexta às 8h, 12h e 18h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja a íntegra do programa: