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Leia a íntegra do quarto bloco do debate presidencial na Globo

Jair Bolsonaro (PL) participa do debate entre candidatos à Presidência da República. - Reprodução/TV Globo
Jair Bolsonaro (PL) participa do debate entre candidatos à Presidência da República. Imagem: Reprodução/TV Globo

Do UOL, em São Paulo, no Rio e em Brasília

30/09/2022 01h48Atualizada em 30/09/2022 02h45

O terceiro e último debate entre candidatos à Presidência da República nas Eleições 2022 aconteceu nesta quinta-feira (29), realizado pela Rede Globo. Participaram Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (União), Luiz Felipe D'Avila (Novo) e Kelmon Souza (PTB), o Padre Kelmon.

No quarto bloco, ex-aliados Soraya e Bolsonaro lavam roupa suja —o presidente disse que a candidata pediu cargos para ele. Bolsonaro também puxou votos para dois candidatos: Capitão Contar (PRTB), candidato ao governo de Mato Grosso do Sul, e para Mario Frias (PL), candidato a deputado federal por São Paulo.

Leia aqui a íntegra do quarto bloco do debate na Globo:

[William Bonner]: Estamos de volta agora com o quarto bloco de perguntas entre candidatos à Presidência, e mais um bloco de tema determinado por sorteio. Eu vou sortear agora o tema da pergunta que será feita pela candidata Soraya Thronicke, para quem ela quiser. O tema é "Segurança Pública". Candidata, por favor, pode se aproximar, e a senhora escolhe a quem vai fazer a sua pergunta. Candidata, por favor.

[Soraya Thronicke]: Estou escolhendo. Candidato Jair Bolsonaro.

[William Bonner]: A senhora tem 30 segundos, por favor, para fazer a pergunta.

[Soraya Thronicke]: Candidato, eu acho uma ótima oportunidade, na sua sabatina com o William Bonner, eu não fiquei satisfeita com a resposta, e muitos brasileiros também não. Gostaria de saber do senhor o que o senhor quer dizer que só vai respeitar as eleições se elas forem limpas? E se o senhor pretende dar um golpe de estado?

[Jair Bolsonaro]: Bem, não é esse o tema. A senhora seria muito dócil comigo, por exemplo, se eu tivesse atendido a senhora em todos os cargos que a senhora pediu por mim por ofício, assinado aqui, tá? Então a senhora não negue isso daí: Sudeco, IPHAN, Ibama? A senhora gosta de cargos, deitar e rolar. Como a senhora não conseguiu, basicamente virou uma inimiga nossa. Mas tudo bem. É a política. E mais ainda, a senhora fez campanha, tenho vários vídeos, em Mato Grosso do Sul, humildemente, panfletando os carros: "Sou a candidata do candidato Jair Bolsonaro, vote em mim, sou leal a ele, já tive contato com ele, comungamos da mesma proposta". Nunca fiz contato com a senhora, a senhora usurpou do meu nome para se candidatar e chegar ao Senado por Mato Grosso do Sul. E olha que eu já servi em Nioaque, Mato Grosso do Sul, por três anos. Conheço bastante o povo lá de Mato Grosso do Sul. E o povo me conhece. Estou há três anos e meio no governo. Um exemplo, não tem corrupção. Teria se eu atendesse esses pedidos de cargos, que aí que funciona a corrupção, são os pedidos de cargos, que eu neguei para a senhora. Então, olha só, três anos e meio no governo, sem corrupção. Tranquilo. Não atendendo a pessoas como a senhora. Esse é o modelo de governo que o Brasil precisava.

[Soraya Thronicke]: Bom, cargo na Sudeco, o senhor me deu sim, cargo no Ibama o senhor deu sim. E o senhor faz isso, tem realmente que tirar a petralhada, não era assim? Tirar a petralhada do poder e colocar gente de direita, e o senhor deu cargo, como os cargos são colocados aí, são divididos entre os apoiadores, e o senhor fez vídeo para mim, pedindo voto para mim, eu já coloquei nas redes sociais, mas eu quero fazer a pergunta exatamente, que também o Brasil quer saber. Quero saber, candidato, se o senhor se vacinou, qual foi a vacina e quantas doses? Vacina anticovid. Os brasileiros querem saber, e essa questão da corrupção, está nas mãos da Polícia, eu não sou Polícia, quem vai, quem está cuidando disso? e por enquanto, né, porque quando eu for Presidente da República, nós vamos lançar operação para pescar peixe grande...

[William Bonner]: Tempo, candidato. É a tréplica do candidato Bolsonaro.

[Soraya Thronicke]: A vacina.

[Jair Bolsonaro]: Eu comprei 500 milhões de doses de vacina. Não foi a senhora que comprou. Vacinou-se quem quis. A senhora sabe o que é liberdade? Quem não quiser tomar vacina que não tome. Eu não fechei nenhuma casa de comércio. Eu não obriguei ninguém a ficar em casa para morrer de fome. Eu atendi os mais humildes do Brasil. Eu respeito a individualidade de cada um. Eu respeito a liberdade de cada um. Tomou vacina quem quis. Hoje temos na casa dos 30 mortos por dia, quero que chegue a zero, graças ao que nós fizemos; e a tua CPI da Covid foi uma CPI para atender interesses de Omar Aziz, que queria aprovar uma emenda para que ele pudesse comprar, ou melhor, para que prefeitos e governadores pudessem comprar vacina em qualquer lugar do mundo, sem certificação da Anvisa e sem licitação. E seus cargos, alguns foram atendidos, mas foram tirados, foram tirados, porque vimos que não eram pessoas adequadas. Pessimamente indicada por Vossa Senhoria. Então a senhora gosta é de cargo, de se dar bem, e virou inimiga porque alguns cargos, todos os cargos foram tirados, na verdade. Ficou sem nada. Está chupando o dedo lá em Mato Grosso do Sul. E olha só, hein? Já andei por lá, ninguém fala o seu nome para presidente da República. A senhora está fazendo um papel de laranja para alguém com toda a certeza. Com toda certeza como candidata.

[William Bonner]: Tempo, candidatos, tempo, candidatos; candidata, a senhora está pedindo direito de resposta, nós vamos analisar o seu pedido, eu peço que, por favor, retomem seus assentos. Eu queria só fazer uma observação: esse é um bloco de tema determinado por sorteio, então, quando a pergunta não é sobre o tema sorteado, o público em casa percebe, não é? Isso fica muito claro. E está concedido seu direito de resposta, candidata, a senhora pode, por favor, então, retornar antes que eu prossiga com o debate. Um minuto para sua resposta.

[Soraya Thronicke]: Não sou uma candidata laranja, o senhor me respeite. O senhor não respondeu. Não respondeu sobre a questão da vacina, se o senhor se vacinou ou não, mas nós, sim, podemos acabar com essa portaria que o senhor deu? não é? Escondeu. Seu governo não é transparente, e mais: quem abandonou? quem abandonou todas as bandeiras foi vossa excelência. Nós realmente saímos, — é lógico, o senhor não gostou —, mas nós saímos desse governo porque o senhor não cumpriu as bandeiras que o elegeram: abandonou a bandeira do combate à corrupção, abandonou a bandeira do mercado liberal, abandonou o partido que lhe abraçou e é simplesmente assim, abandona os candidatos — Capitão Contar, que a vida inteira fez— lhe apoiou, o senhor não apoia; não apoia ninguém que lhe apoiou antigamente. Enfim, é assim: o traidor da pátria.

[William Bonner]: Tempo, candidata. Tempo, candidata. O candidato Bolsonaro ergueu a mão, pediu direito de resposta; candidato, eu vou? pedir um tempo, isso vai ser analisado. Dando andamento ao nosso debate, agora é a vez de a candidata Simone Tebet fazer uma pergunta sobre o tema que eu vou sortear agora; candidata, a senhora pode se aproximar, já, e dizer para quem vai endereçar uma pergunta sobre gastos públicos. Esse é o tema sorteado.

[Simone Tebet]: Candidato Lula.

[William Bonner]: O candidato Lula se aproxima. Sua pergunta em 30 segundos, por favor, candidata Tebet.

[Simone Tebet]: Candidato Lula, em vários aspectos o governo do PT se assemelha ao governo Bolsonaro e, portanto, são iguais. Eu falo especialmente no desperdício de gastos públicos. Gastou-se muito no seu governo, e mal; gasta-se muito no atual governo, e mal. Houve desvio de corrupção no governo do PT; hoje tem denúncias gravíssimas de corrupção neste governo. Até nas privatizações vocês se parecem. O seu governo prometeu um trem bala que não aconteceu, e agora a—

[William Bonner]: Tempo, candidata, a senhora não teve...

[Simone Tebet]: ? é se vai haver privatização?

[William Bonner]: Tempo, candidata, por favor. Candidato Lula, o senhor pode responder.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: A candidata Simone está sendo um pouco injusta na pergunta e nas acusações. Primeiro porque, se você acompanha a economia brasileira, você percebe que, em 2002, eu peguei o país com 12% de inflação e 12% de desemprego, com a dívida no FMI, com a dívida pública de 60.5%. Nós reduzimos a dívida pública para 37.7, nós reduzimos a inflação para 4.5, nós reduzimos o desemprego e, no final do mandato, geramos 22 milhões de empregos e nós começamos a fazer uma reserva que nunca antes na história do Brasil tinha havido reserva e deixamos o Brasil com um colchão extraordinário. Nós investimos efetivamente para que o BNDES investisse no investimento brasileiro, nós começamos a fazer o PAC. Foi o maior programa de investimento de infraestrutura do nosso país, foram 13 milhões e 500 mil obras entregues, ficaram quatro milhões de obras já em andamento, e mais cinco milhões que estavam em projeto, e, se pararam, é porque os governos seguintes não fizeram as obras. E só no Mato Grosso sabe quanto que nós investimos? Sabe quanto nós investimos? 38.8 bilhões em obras de infraestrutura. Se quiser, eu posso citar; eu não vou citar porque a senhora deve conhecer, como prefeita...

[Simone Tebet]: Eu não sou do Mato Grosso.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Mato Grosso do Sul.

[Simone Tebet]: Ah, sim.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Mato Grosso do Sul. Eu estou dizendo de Mato Grosso do Sul. É só perguntar para o seu governador do PMDB, que é candidato, é perguntar para o prefeito, que é senador, seu amigo Nelsinho Trad, que ele vai lhe dizer. Eu era chamado pela imprensa do Mato Grosso do Sul como pai de Mato Grosso, tanto na Prefeitura quanto no Estado. Então nós fizemos...

[Simone Tebet]: Do Sul.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Nós fizemos muita coisa, investimos muito e moralizamos muita coisa nesse país, sobretudo a Petrobras. Nós capitalizamos a Petrobras em 70 bilhões de dólares. Porque a Petrobras não achou o pré-sal porque deu sorte, não, é porque foi investimento em pesquisa. Então veja, além de tudo, o que resultou foi emprego, o que resultou foi educação, o que resultou foi— se eu mostrar o que foi feito em Três Lagoas, a senhora se lembra porque era prefeita lá: foram dois bilhões de investimento, um bilhão e meio em infraestrutura e 500 milhões em casa. Só casa para moradia foram quatro milhões de casas contratadas— não, quatro mil casas moradias, 4.640 casas contratadas, entregues quase três mil, e a senhora era prefeita, a senhora sabe disso. A senhora sabe que fizemos a fábrica de celulose lá, a fábrica de ureia. Eu fui inaugurar a fábrica de celulose. A senhora conviveu com isso muito bem.

[William Bonner]: Candidata?

[Simone Tebet]: A fábrica de celulose eu fui para os Estados Unidos, e nós corremos atrás, e conseguimos levar as duas, não foi só uma; depois, as duas maiores fábricas do mundo de celulose, e sou conhecida até hoje como a prefeita da industrialização. Mas o senhor fugiu da pergunta. Eu perguntei o que fará com a privatização de estatais deficitárias, como EPL, que até hoje foi criada para se construir o trem-bala que liga o Rio-São Paulo, e ela continua. Não estou falando se vai privatizar tudo ou não, mas as privatizações de estatais que, juntas, por exemplo, dão um prejuízo de dez bilhões de reais aos cofres públicos. Sabe o que dá para fazer com esse dinheiro? Dá para bancar o Poupança Jovem, cinco mil reais para cada jovem do ensino médio que se forme todos os anos. Dá para pagar pelo menos metade das casas populares que nós queremos construir no Brasil, no total — e esse compromisso eu fiz se for eleita Presidente da República —, de construir um milhão de casas populares. Então repito, eu fiz uma pergunta simples: o senhor privatizaria estatais deficitárias que não servem para nada?

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Se existe estatal deficitária, nem deve existir. Agora, eu vou fortalecer o BNDES, fortalecer o Banco do Brasil, fortalecer a Caixa Econômica Federal, vou fortalecer o BNB, fortalecer o BASA, que são as coisas que funcionam nesse país. Se tiver uma estatal que não presta para nada, acabou.

[William Bonner]: Tempo esgotado, obrigado, candidatos. Eu lembro aqui que durante o direito de resposta da candidata Soraya Thronicke, o candidato Jair Bolsonaro pediu também direito de resposta. Foi concedido, candidato, o senhor se aproxime do microfone. O senhor tem um minuto para se manifestar nesse direito de resposta.

[Jair Bolsonaro]: Deixa eu aproveitar aqui para responder à senhora candidata. Eu quero fazer um apelo a todos os eleitores de Mato Grosso do Sul, não é uma resposta, é uma constatação. Eu não tinha tomado partido no tocante a eleições a governador do Estado, a partir desse momento, da forma como a senhora candidata se dirigiu à minha pessoa, eu quero apelar a todos de Mato Grosso do Sul, votem no capitão Contar para governador. É a melhor opção... é a melhor opção para esse estado. Então, a resposta que a gente pode dar a uma pessoa que não tem qualquer gratidão, que se elegeu em cima do trabalho que eu fiz, é a gente eleger agora um governador do estado de Mato Grosso do Sul perfeitamente alinhado com o agronegócio, com as pautas conservadoras, com a ética e a moralidade. Para governador do Mato Grosso do Sul, eu peço a você capitão Contar.

[William Bonner]: Candidato Bolsonaro, o seu tempo está esgotado, nós vimos que a candidata Simone pediu direito de resposta, nós vamos analisar o seu pedido. Candidato, o senhor poderia ter permanecido porque o próximo a perguntar é o senhor. Eu vou selecionar aqui, eu vou sortear o tema da sua pergunta. É sobre política cultural. O senhor escolha, por favor, a quem vai dirigir.

[Jair Bolsonaro]: Quem está sobrando?

[William Bonner]: Nós temos Ciro Gomes, Felipe d'Avila, Padre Kelmon, Simone Tebet e Soraya Thronicke.

[Jair Bolsonaro]: Chamo o senhor Padre Kelmon.

[William Bonner]: Padre Kelmon. A pergunta em 30 segundos, por favor.

[Jair Bolsonaro]: Padre, o senhor deve se lembrar que no passado grandes artistas apoiavam o presidente de plantão. Quando eu cheguei, eu botei um ponto final nisso, porque só na Lei Rouanet cada artista podia pegar por ano até dez milhões de reais, artistas importantes, obviamente, eu botei um ponto final nisso. Atualmente, cada artista em início de carreira, pode pegar no máximo 500 mil reais e com critério. Essa é a maneira correta de tratar a cultura brasileira?

[Padre Kelmon]: Presidente, eu fico impressionado como em outros governos a cultura brasileira foi desprezada, ainda se usando o dinheiro da Lei Rouanet, mas a cultura foi banalizada. Havia peças teatrais de pessoas peladas, desculpe esse tipo de palavreado, pessoas sem roupa, uma atrás da outra, com o dedo, né, a gente sabe onde, e chamando isso de cultura. Isso não é cultura. Usar o dinheiro público para promover um desrespeito ao próprio corpo humano, o corpo humano que é templo de Deus. O corpo humano que nós todos sabemos que deve ser valorizado e respeitado, então, usar o dinheiro da Lei Rouanet para a imoralidade era o que nós víamos nos governos anteriores, nesse governo anterior. No governo do PT, vamos dar nome aos bois, né? Então é preciso investir na juventude para que o jovem adquira conhecimento necessário e invista-se como Dom Pedro II fazia. Dom Pedro II que investiu. Nós temos aqui Carlos Gomes, José Américo, tantos homens que foram patrocinados por aquele governo do passado, mas que queriam que esses homens perpetuassem e levassem à cultura para frente, e não um retroceder da nossa cultura. A gente precisa investir melhor. No meu governo, se eu for eleito, eu lhe digo que nós temos que investir melhor, fazer da cultura o meio para que as pessoas de fato façam o Brasil lá fora ser valorizado, respeitado, mas ainda, e não achincalhado como eu vi por conta desses atos imorais com o corpo humano.

[William Bonner]: Sua réplica.

[Jair Bolsonaro]: O senhor tem razão, isso que o senhor citou aqui é uma pequena parcela do que acontecia, e acontece ainda, perdidamente, pela cultura por aí. Isso não é cultura. Nós temos hoje as leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc para atender o artista no início da sua carreira. Mas eu quero elogiar aqui o Mário Frias, meu ex-secretário de Cultura que concorre a um cargo de Deputado Federal por São Paulo, que ele moralizou a Lei Rouanet. Sabia, padre, que a Lei Rouanet dava por ano em torno de um bilhão e meio de reais para esses mesmos artistas? Muitos baianos, e no centro aqui, perdidos, no Rio, para exatamente fazer isso que você acabou de dizer aqui. Um desrespeito para com a família brasileira. Isso não é cultura, isso é depravação! A família era esculachada através desses artistas, que, repito, pegavam até um bilhão e meio por ano. Parabéns, Mário Frias, boa sorte como candidato federal por São Paulo.

[William Bonner]: Tempo, agora para a tréplica do Padre Kelmon.

[Padre Kelmon]: Pois é, o que fazer? Investir naquele seu José, naquele seu Manuel, naquele tocador de viola que precisa ser reconhecido, que precisa gravar o seu CD, que precisa de apoio financeiro. Então, você que precisa de ajuda, você que está aí nas ruas, nós vamos? a gente passa pelas ruas de São Paulo, a gente vê tanto artista de rua que precisaria de um auxílio, desse auxílio da Lei Rouanet, de ajuda para que seu trabalho pudesse ser valorizado, reconhecido. Até visto por uma grande empresa como essa de comunicação. Né? Mas não, o dinheiro foi desviado para essas pessoas que não precisam, não precisam, porque são grandes artistas. Por que ainda querem utilizar o dinheiro público? Será que não basta? É uma sede de dinheiro público, dinheiro do povo, dinheiro da Cultura.

[William Bonner]: Tempo esgotado, candidatos. Muito obrigado. Candidata Simone Tebet, o direito de resposta que a senhora pleiteou na fala do candidato Jair Bolsonaro foi negado. Vou dar sequência ao nosso debate. Agora sorteando o tema para a pergunta que o candidato Ciro Gomes vai fazer. Candidato, o senhor pode se aproximar. É sobre "Privatização" a questão que vai endereçar a seu oponente, quem será?

[Ciro Gomes]: A senadora Soraya.

[William Bonner]: Senadora Soraya. "Privatização" é o tema.

[Ciro Gomes]: Senadora, eu penso que a privatização deve ser vista como uma ferramenta a ser usada pela conivência estratégica que um projeto de desenvolvimento recomendar. Por exemplo, privatizar a telefonia, gol de placa que aconteceu no Brasil. Por exemplo, mineração, Vale do Rio Doce, siderurgia, CSN, não vejo maiores problemas nessa privatização. Entretanto, petróleo no mundo, ou são 80% estatais, ou 20% a um cartel internacional, a senhora privatizaria ainda assim a Petrobras?

[Soraya Thronicke]: A princípio, não, mas eu quero antes aproveitar a oportunidade para dizer o seguinte, dentro de apenas três cargos que eu pedi, para ajudar o meu Estado, consegui dois, né? Consegui, mas eles não aceitaram fazer rachadinha, isso acontece. Então a gente vê que temos questões complicadas, né? E, Capitão Contar, você está me devendo essa. Depois de muita pressão, como sempre é, até para comprar vacina, para ter gratidão com o pessoal que apoia ele, tem que ser assim, ó. Você está me devendo essa, meu amigo. Bom, a questão é a seguinte, quando a pessoa tem problema, às vezes, Freud explica. Quando a gente tem problema, tem que se tratar, não pode descontar no povo brasileiro. E digo para você em relação às privatizações, Ciro. Primeiro, eu gostaria de ter sobre o nosso país: como é que chegou nas mãos do atual governo? Quantas estatais? Quantas foram vendidas? Quantas dão prejuízo? Quantas dão lucro? Quantas são cabides de emprego? Você tem esses números do governo? Você tem essa transparência? Então antes de falar em Petrobras, que é uma empresa de economia mista, que dá lucro e que tem muitos investidores, muitas pessoas têm ações, a atividade é importante para o nosso país, nós temos que falar dessas que ficam debaixo dos panos. E é a pergunta que eu faço para o atual governo, que eu gostaria que vocês me ajudassem a descobrir. Você sabia que são mais de 500 estatais, sabia? Pois é, quantas dão lucro? Você sabe? Quem sabe? Quem sabe? Eu quero saber, Brasil, vocês querem? Você aí em casa quer saber quantas dão lucro? Quantas não dão? Quantas foram vendidas? Porque isso tem que ser feito, é prestação de contas do governo. O que eu fiz, o que eu não fiz, o que eu vou fazer. Que até agora eu não fiz. Como é que é isso? Então é dessa forma.

[Ciro Gomes]: No Projeto Nacional de Desenvolvimento deixa muito claro qual é o papel do Estado, qual o papel do capital nacional, cuja contabilidade é em real, e qual o papel do capital estrangeiro, cuja contabilidade é em dólar. Nós prevemos tudo isso e, na verdade, a gente tem que entender qual é a finalidade de cada agente estatal. Por exemplo, sabia que o governo Bolsonaro criou uma estatal? Criaram uma estatal para administrar a massa falida da Infraero. Por quê? Porque a privatização à brasileira entregou os aeroportos mais rentáveis para a iniciativa privada e deixou todos os aeroportos que dão prejuízo entregues a quem? Ao Tesouro Nacional. Mas o que eu quero mesmo é privatizar o Banco Central, porque o Banco Central hoje está absolutamente entregue — isso é uma ironia que eu estou fazendo, claramente —, o Banco Central hoje está entregue ao sistema financeiro de um jeito tal, senadora, que, nos últimos doze meses, o Brasil pagou 500 bilhões de reais de juro! Isso é 20 bilhões de reais a mais do que eu precisaria para dar uma casa para todas as seis milhões de famílias que estão sem teto hoje no Brasil.

[William Bonner]: Sua tréplica, candidata.

[Soraya Thronicke]: Pois é, e aí a gente fica, quando se fala em bancos, quando se fala em juros, falou-se muito do Posto Ipiranga, que tem a— Essa é a gasolina batizada, gente, batizada mesmo, foi uma? uma mentira, não é? Não trouxe a economia de mercado, liberal, que nós precisamos, porque se tivesse trazido, nós não teríamos apenas cinco bancos aqui, nós não teríamos esse oligopólio que administra tudo e que fecha esse mercado, nós teríamos cinco mil bancos, como nos Estados Unidos, um mercado aberto, e que aí tem competitividade, quando você pode realmente escolher. Infelizmente, esse é o mercado liberal da pessoa de direita — direita! Quem é de direita abre a economia. Por isso que eu falo: o maior cabo eleitoral do PT e de Luiz Inácio Lula da Silva se chama Jair Bolsonaro.

[Ciro Gomes]: Totalmente de acordo.

[William Bonner]: Obrigado, candidatos. Eu vou agora, então, sortear a próxima questão, que será formulada pelo candidato Felipe D'Avila, pelo sorteio feito lá atrás, é a sua vez, candidato. O senhor vai fazer uma pergunta sobre saúde ou para o candidato Ciro Gomes, ou para a candidata Simone Tebet. Por favor, o senhor pode vir até o púlpito. O tema é saúde, lembrando.

[Felipe D'Avila]: A pergunta é para a senadora Simone Tebet.

[William Bonner]: Candidata Simone se aproxima. 30 segundos para a pergunta, por favor.

[Felipe D'Avila]: Pelo menos eu estou tendo o prazer de discutir o Brasil com a Simone Tebet hoje à noite aqui, que é um grande prazer. A questão da saúde, senadora, nós falamos hoje um pouco sobre a digitalização da saúde, a melhoria da qualidade do serviço público na saúde. Como melhorar essa coordenação do SUS, principalmente do Governo Federal, com os estados e municípios, que praticamente inexistiu durante a pandemia?

[Simone Tebet]: Excelente pergunta. É um prazer poder debater o Brasil com você, e aí pedindo já desculpas para aqueles que estão a essa hora da noite vendo um bate-boca aqui que não coloca você, eleitor, cidadão brasileiro, no centro do debate. Tenho certeza que você que está nos ouvindo quer tratar disso, de educação, de saúde, de segurança pública, o que nós, como candidatos e futuros presidentes da República, podemos e vamos fazer para resolver e melhorar a sua vida. Então, é um prazer poder estar aqui respondendo, de novo, a essa questão tão importante que é saúde pública no Brasil. A coordenação passa por um Governo Federal forte, atuante, sensível com os problemas das pessoas. Por um candidato e um Presidente da República que, nos momentos que mais se precisa, estende a mão. Lamentavelmente, não foi isso que aconteceu. Primeiro ponto: é preciso que o Governo Federal volte a investir no SUS no Brasil. Lá atrás, muito lá atrás, antes do governo do PT, inclusive, a União repassava 60% do gasto com SUS era do Governo Federal; hoje é algo em torno de 40%. Segundo: nós temos hospitais regionais espalhados pelo Brasil inteiro, os governos estaduais não dão conta. Equipar, aparelhos para fazer exames, cirurgias, consultas em parceria. Colocar no governo digital a telemedicina, o prontuário único, que é uma— dá dó, é lamentável saber que a mulher lá do meu Pantanal, lá da Amazônia, ela tem que, às vezes, andar muitos quilômetros. Na Amazônia, então, 200 quilômetros para levar seu filho, muitas vezes com uma simples dor de barriga, mas que pode ficar desidratado e vir a falecer — mortalidade infantil — porque não tem um médico ali. Mais do que isso: precisamos atualizar a tabela SUS. Eu disse aqui e vou repetir: que tristeza! 20% dos pobres no Brasil são detectados com câncer morrem prematuramente porque têm as portas do SUS fechadas, porque as Santas Casas querem ajudar, mas a tabela SUS está desatualizada há quase 20 anos. Dinheiro tem. Falta vontade política. Dinheiro tem. Lamentavelmente vai para o desvio da corrupção.

[Felipe D'Avila]: É verdade, senadora. Veja que tragédia que é. O AC Camargo, hospital muito importante que trata o câncer em São Paulo, foi fechado agora justamente porque não aguenta arcar as despesas porque o repasse do SUS é tão pequeno. Repassava por volta de 38 milhões e tinha que buscar mais 60, 70 milhões da iniciativa privada. Isso nós vamos destruindo a saúde. Mas eu acho muito importante nessa descentralização, focar na saúde primária, no médico de família. Se esse prontuário único, nós tivéssemos o histórico todo dos nossos pacientes, isso ajudaria muito nos tratamentos, principalmente quando tem que tratar de diabete, hipertensão, coisas que dariam para antecipar muito mais. Então, eu acho tão importante a questão da digitalização. E outra coisa que acaba de pedir muito mais exame do que precisa, porque se você o prontuário eletrônico hoje, metade da nossa informação está no hospital público ou no hospital filantrópico ou no laboratório, isso acaba fazendo com que a saúde fique muito cara, nós precisamos combater a perda, o desperdício de dinheiro.

[William Bonner]: Tempo, candidato.

[Simone Tebet]: E olhar para quem mais precisa, os nossos idosos estão desassistidos. Ninguém fala do idoso. A minha vice é tetraplégica, ela está me ensinando muito. Nós vamos fazer o maior programa de inclusão da história do Brasil. A pessoa com deficiência precisa de cadeira de rodas, precisa de órtese, precisa de prótese, as pessoas com doenças raras são esquecidas e são no todo 30 milhões de brasileiros. Eleita Presidente da República, não vai faltar dinheiro para a saúde pública no país, porque meu governo, sou ficha limpa, meu governo vai ser ético, cada centavo do dinheiro dos impostos da população brasileira vai ser investido em educação, em saúde e em serviços públicos de qualidade. É assim, dinheiro público tem. Falta eficiência, transparência, aplicação do dinheiro na forma correta.

[William Bonner]: Tempo. Muito obrigado, candidatos. Podem retornem a seus lugares. Agora eu chamo, por favor, o Padre Kelmon, enquanto eu sorteio o tema da pergunta que o senhor vai fazer ao candidato que escolher. Ou Ciro Gomes, ou Felipe d'Avila. O tema é habitação.

[Padre Kelmon]: Felipe D'Avila.

[William Bonner]: Pois não. Candidato Felipe pode retornar então, uma pergunta de 30 segundos, por favor, candidato Padre Kelmon.

[Padre Kelmon]: O programa Casa Verde e Amarela tem feito avanços na questão da habitação no Brasil, porque fornece moradia com dignidade. Nós queremos ampliar esse programa em mais... garantir a posse da escritura dos imóveis ainda não regularizados no Brasil. Qual a sua proposta para a área de habitação?

[Felipe D'Avila]: Padre Kelmon, primeiramente, nós temos um grande exemplo no partido Novo. O nosso prefeito de Joinville, Adriano Silva, foi o prefeito que mais deu título de regularização fundiária no Brasil em 11 meses de mandato. Isso fez com que ele seja hoje o prefeito mais popular do Brasil. Porque resolveu o problema de pessoas que demoravam anos para receber ali uma titularidade da sua propriedade. Então é bom ter um exemplo concreto de uma pessoa que vem fazendo, mudando a vida das pessoas com uma política muito importante de regularização fundiária. Mas eu gostaria de tocar num outro assunto que é o financiamento da habitação. Hoje nós temos o FGTS, eu entendo, Padre Kelmon, que o FGTS é dinheiro do povo, é do trabalhador. Nós temos de financiar habitação pública com dinheiro do orçamento da nação, precisa estar no orçamento. O FGTS é para o povo. O trabalhador colocar no bolso e gastar como ele deseja. Por isso, tem que estar claro no orçamento da nação. Aliás, nós temos de modificar o orçamento da nação, padre Kelmon. O orçamento da nação não tem nenhum indicador de eficiência do gasto público. Como é que aquele dinheiro está sendo gasto? Nós precisamos desse país fazer um orçamento base zero, cada gasto vai estar transparente no orçamento. E o gasto da habitação tem que estar no orçamento, e o FGTS tem que estar no bolso do trabalhador.

[Padre Kelmon]: Eu penso que nós precisamos parar de falar muito, e fazer mais. Nós vemos hoje na cidade de São Paulo, na cidade do Rio de Janeiro, em Salvador, em tantas cidades desse país, milhares de seres humanos vivendo nas ruas. Famílias inteiras que habitam debaixo dos viadutos, são seres humanos, pessoas como você, como eu, e que não aguentam mais ouvir tantas promessas e poucas ações. O PTB, o partido que eu faço parte, o PTB olha para essas pessoas e quer ajudar sim a cada uma dessas pessoas, porque a nossa política de habitação, ela parte primeiro de enxergar no outro a pessoa do Cristo, nós temos... se nós políticos olhássemos para as pessoas com um olhar mais cristão, como todos nós dizemos que somos, habitação para todos seria uma realidade.

[William Bonner]: Tempo, candidato. A tréplica, por favor.

[Felipe D'Avila]: O Brasil precisa descentralizar o poder, precisa voltar a dar mais poder para os estados e municípios, é lá que se resolve o dia a dia do cidadão. Por isso que o nosso prefeito Adriano Silva, em Joinville, resolveu um problema que atinge as pessoas, não é em Brasília que resolve, não, regularização fundiária, é na cidade, é empoderar o prefeito, é resolver o problema. Chega de poder centralizado em Brasília. Isso só aumenta a corrupção, só aumenta a intermediação de negócios, e não afeta e não melhora a tua vida. O que melhora a sua vida é resolver o problema onde ele está, na base. Por isso, nós temos de rever a questão do financiamento da habitação pública. No orçamento nacional, dar mais poder para os prefeitos para que eles possam fazer um programa de regularização fundiária. Muito importante: dar títulos para a pessoa, dar propriedade, dar crédito. Nós temos que continuar, também, tendo linha de crédito para as pequenas reformas nas habitações, fundamental para melhorar a qualidade de vida, fazer aquele quartinho a mais que todo mundo deseja. Vamos fazer uma política consciente, mas sempre descentralizando o poder e combatendo a corrupção porque ela continua, infelizmente, tirando dinheiro da habitação e colocando no bolso dos malandros.

[William Bonner]: Candidatos, muito obrigado. Eu vou pedir agora que retornem aos seus assentos e vou chamar, por favor, o candidato Luiz Inácio Lula da Silva, porque agora ele vai fazer uma pergunta ao candidato Ciro Gomes sobre o tema que eu vou sortear agora: "Agricultura". Por favor, candidato Lula, 30 segundos de pergunta.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Candidato, um problema sério que nós temos no Brasil é a questão climática. Não é mais um problema do Brasil, é um problema do planeta Terra, então a pergunta que eu queria te fazer é a seguinte: você acha que é necessário continuar a loucura do desmatamento irresponsável para aumentar a produção agrícola neste país?

[Ciro Gomes]: Em absoluto, nós temos que reprimir com toda a dureza. Infelizmente, as estruturas de comando e controle na Amazônia foram destruídas. Também no pantanal, na caatinga, tudo desmantelado. Essa é a grande política pública do governo Bolsonaro. Agora deixa que eu lhe diga, Presidente Lula, o Brasil não pode mais adiar aquilo que o meu projeto nacional propõe, que é um zoneamento econômico ecológico, fazer a linha mesmo, no território: "Aqui pode, aqui não pode". Por quê? 40 milhões de irmãos nossos vivem na Amazônia, contraíram malária, estão ali, e muitos deles, ou seus pais, recentemente, foram atraídos pela ditadura, foram atraídos por outros governos para ocupar a Amazônia ao redor dos grandes eixos de infraestrutura. Pois bem, o que acontece? Esse nosso povo só tinha direito ao papel da terra se provasse para o Incra, 15 anos atrás, 20 anos atrás que desmatou. E eles aprenderam a fazer isso. Portanto, nós não podemos fazer uma repressão eficaz, que tem que ser dura, especialmente sobre o grande, sem antes disso, ou simultâneo a isso, porque o ilegal tem que ser reprimido agora, fazer uma reconversão produtiva, ensinar o nosso povo a extrair da floresta, em pé, muito mais riquezas do que ela pode oferecer deitada.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Ciro, o grande problema que nós temos é que nós ainda não aprendemos que a grande riqueza da Amazônia pode ser a gente conhecer a biodiversidade dela e, quem sabe, a partir dali extrair coisas para a indústria do fármaco, indústria de cosmético. A segunda coisa é a irresponsabilidade da ocupação desordenada. Veja, eu quando era presidente, por exemplo, o pessoal de São Paulo queria plantar cana no Pantanal, e a gente discutiu, não era necessário plantar cana no Pantanal. Não é necessário invadir um quilômetro de terra na Amazônia para plantar soja, milho, qualquer coisa, porque você tem no Brasil 30 milhões de pastos degradados que você pode recuperar e produzir o quanto de soja você precisar, o quanto de milho, você pode quase dobrar a produção. Então uma das coisas que eu estou dizendo que vou fazer é o seguinte: não haverá ocupação ilegal, e muito penso garimpo! E tem mais uma coisa, vou criar o ministério dos povos originários, os indígenas vão ter vez.

[Ciro Gomes]: Presidente Lula, uma eleição, uma campanha como essa, é um contrato com o futuro do país, e o senhor tem toda razão de chamar sua memória, sua biografia e pedir uma espécie de gratidão eterna do povo. Isso é que eu acho que é um grave erro, porque a situação do Brasil hoje é completamente diferente do tempo que o senhor estava lá e eu lhe ajudei. Hoje, o cenário internacional é extremamente hostil, a crise vai se agravar e o orçamento brasileiro está desmontado, e o conjunto de conchavos que o senhor fez não permite margem quase nenhuma para a gente enfrentar os problemas. Por que não foi feito o Zoneamento Econômico Ecológico? Eu era Ministro da Integração. Pedi mil vezes os recursos etc. etc., consegui fazer um pedacinho do Pará. O senhor fala recuperação de solo degradado. O Pará talvez é a maior extensa região de solo degradado onde você pode desestressar o enfrentamento da floresta fazendo alternativas econômicas. E por que essas alternativas econômicas não foram? Pergunta ao pessoal do Impa, pergunta ao pessoal do Emílio Goeldi, pergunta às universidades, o Instituto de Bio— a— enfim, o Instituto de Biotecnologia e Biogenética; isso são potenciais extraordinários que o Brasil tem, mas cadê a transferência dessa inteligência que está nas universidades, nos centros de pensamento, para virar política pública de fomento, de estímulo, de financiamento, acesso a mercado, marketing para que o estrangeiro que nos estressa com a questão da proteção da Amazônia dê preferência aos produtos de origem sustentável? Eu fui consigo lá em Cruzeiro do Sul, no Acre, nós inauguramos uma fábrica de? de camisinha, de preservativos naquela data?

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Xapuri.

[Ciro Gomes]: Aquilo— Xapuri, a terra do Chico Mendes. Aquilo foi destruído, porque não tem acesso a mercado, não tem nada, e essa é a grande questão: nunca teve o Brasil um projeto nacional de desenvolvimento, é sempre dependente: Lulo-dependente, Jair Bolsonaro-dependente, e eu quero oferecer ao povo brasileiro um plano.

[William Bonner]: Tempo, candidato. Muito obrigado, candidatos. Nós estamos encerrando assim o quarto bloco desse nosso debate. No próximo bloco nós vamos ter as considerações finais dos candidatos. Nós voltamos em instantes.

*Participaram desta cobertura:
Em São Paulo: Ana Paula Bimbati, Beatriz Gomes, Caê Vasconcelos, Gilvan Marques, Isabela Aleixo, Juliana Arreguy, Letícia Mutchnik e Rafael Neves.
No Rio de Janeiro: Felipe Pereira e Lucas Borges Teixeira.
Em Brasília: Camila Turtelli, Gabriela Vinhal, Hanrrikson de Andrade e Letícia Casado.