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Leia a íntegra do terceiro bloco do debate presidencial na Globo

Lula e Padre Kelmon discutem em debate promovido pela TV Globo - Reprodução/TV Globo
Lula e Padre Kelmon discutem em debate promovido pela TV Globo Imagem: Reprodução/TV Globo

Do UOL, em São Paulo, no Rio e em Brasília

30/09/2022 01h01Atualizada em 30/09/2022 02h47

O terceiro e último debate entre candidatos à Presidência da República nas Eleições 2022 aconteceu nesta quinta-feira (29), realizado pela Rede Globo. Participaram Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (União), Luiz Felipe D'Avila (Novo) e Kelmon Souza (PTB), o Padre Kelmon.

No terceiro bloco, William Bonner e Lula perderam a paciência com Padre Kelmon, que não respeitou as regras do debate e interrompeu o petista durante uma réplica. Bolsonaro evitou fazer pergunta direta a Lula e chamou D'Avila para criticar a esquerda.

Leia aqui a íntegra do terceiro bloco do debate na Globo:

[William Bonner]: Estamos de volta com o debate para presidente. Neste terceiro bloco, o tema é livre, cada candidato faz a pergunta que quiser fazer. Na ordem que foi determinada por um sorteio, quem abre essa rodada agora é o candidato Jair Bolsonaro, a quem eu peço, por favor, que se dirija ao púlpito. Candidato, o senhor precisa dizer apenas a quem o senhor vai dirigir a sua pergunta.

[Jair Bolsonaro]: Ao candidato Avila.

[William Bonner]: Candidato Avila, por favor. Candidato D'Avila, me perdoe. Pergunta em 30 segundos, por favor, candidato.

[Jair Bolsonaro]: Avila, completamos três meses de inflação negativa. O PIB está para cima, a gasolina foi lá para baixo, o etanol também, temos realmente criando empregos no Brasil. A previsão é nós criarmos esse ano, o Brasil criar, três milhões de novos empregos. Qual a sua preocupação se o governo cair na mão da esquerda? Aconteceria o mesmo que está acontecendo em outros países da América do Sul, onde o caos tem-se feito presente?

[Felipe D'Avila]: Bom, seria um desastre, não é, Bolsonaro? A esquerda voltar ao poder nós já sabemos: é mais Estado intervindo na economia, prejudicando o mercado, separando o Brasil das cadeias globais de valor, ou seja, é tudo o que nós não queremos. Nós precisamos avançar com a agenda liberal, nós precisamos abrir a economia do Brasil, porque nenhum país ficou rico fechando a sua economia, e é isso que os governos de esquerda gostam de fazer: reserva de mercado, fechar o mercado. Não, nós queremos o Brasil empreendedor, crescendo, exportando, participando da economia internacional. E o único setor, hoje, que participa desse comércio global é o agronegócio. Não é à toa que, nos últimos dez anos, o PIB do agronegócio cresceu 34% e o da indústria caiu 18! Nós precisamos reindustrializar o Brasil, mas para fazer essa indústria competir no mercado internacional. Nós precisamos avançar com os acordos comerciais. É muito importante padronizar as regras do Brasil com o resto do mundo, e não ficar nesse manicômio tributário, trabalhista. Quando você olha hoje o balanço de uma empresa, quais são os dois grandes problemas que tem lá? É passivo trabalhista e passivo tributário, duas questões que nós temos de avançar, principalmente a reforma tributária. E aí, Bolsonaro, eu aproveitaria já a reforma que está no Congresso, que foi a PEC 45 ou a 110, porque já tinha o consenso de 27 estados, e isso é muito importante para andar a reforma, avançar a reforma, tirar esse elefante da sala que hoje mata a competitividade brasileira que é carga tributária. Nós precisamos avançar com a reforma trabalhista, muito importante, modernizar, e não como o PT quer fazer, que é regredir a reforma trabalhista. Imagina dar um cavalo de pau numa reforma que ajudou justamente a gerar três milhões de empregos?

[Jair Bolsonaro]: Apesar da pandemia, fizemos muito, muitas reformas nós fizemos, e vamos continuar fazendo. Por decreto agora, nós diminuímos impostos para quatro mil produtos. Tiramos 35% do IPI de quatro mil produtos. Com o Parlamento brasileiro, nós reduzimos os impostos estaduais: ICMS da gasolina, do álcool, do etanol, do gás de cozinha, das comunicações. Nós fizemos tudo isso dentro da responsabilidade. Eu abri mão de impostos federais nos combustíveis também, e hoje temos uma das gasolinas mais baratas do mundo. Isso, obviamente, leva a inflação para baixo, traz comida mais barata para a mesa do cidadão. Então você tem razão: é cada vez menos Estado para que você possa, através da liberdade, conseguir o sucesso na economia. Pode ter certeza: voltando agora, depois das eleições, vamos aprovar a reforma fiscal no Congresso.

[Felipe D'Avila]: É bom escutar isso, porque o Brasil precisa avançar. Realmente, aprovamos reformas importantes, como o Novo Marco do Saneamento, o Novo Marco da Startup, a Lei de Liberdade Econômica, mas nós precisamos avançar ainda mais, principalmente integrar o Brasil à economia internacional. É isso que vai gerar oportunidade. E uma outra coisa, Bolsonaro, muito importante que vai gerar emprego para o brasileiro: é a pauta do meio ambiente. Nós temos que trazer esse investimento verde. O Brasil tem capacidade de sequestrar 50% do carbono do mundo, e isso é investimento na veia, emprego verde! Nas energias renováveis, que é fundamental, no agro sustentável, para a gente poder fazer agora produtos de maior valor agregado no agro e vender cada vez mais. O Brasil precisa avançar com essa pauta modernizadora, e certamente a volta da esquerda vai ser um desastre para este avanço da pauta liberal. O Brasil vai continuar sendo um país com a economia mais fechada do mundo, com intervenção do Estado, atrapalhando a vida do brasileiro que empreende e trabalha. O que o brasileiro quer é só uma coisa: tira o Estado das costas do brasileiro que quer trabalhar, produzir e empreender, e é isso que nós vamos fazer: tirar o Estado das suas costas.

[William Bonner]: Obrigado, candidato. Tempo esgotado. Os senhores podem retornar aos seus lugares. Quem vai, pelo sorteio agora, fazer a pergunta é o candidato Padre Kelmon, por favor.

[William Bonner]: O senhor se dirija ao púlpito e diga a quem vai fazer a pergunta, Padre Kelmon.

[Padre Kelmon]: Ao ex-presidente Lula.

[William Bonner]: Candidato Lula, por favor. 30 segundos para a pergunta.

[Padre Kelmon]: Vários de seus comparsas foram presos e disseram que você era o chefe do maior esquema de roubo de corrupção da história mundial. Renato Duque, Palocci são alguns exemplos, o seu próprio vice disse que você quer voltar à cena do crime para continuar roubando o povo brasileiro. Explique para o povo porque tanta gente próxima a você foi presa, te denunciou, você era o chefe do esquema?

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Primeiro, eu acho que o candidato está um pouquinho desinformado ou só lê o que quer.

[Padre Kelmon]: As notícias estão aí.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Primeira coisa, a corrupção nesse país teve uma coisa de aparecer.

[Padre Kelmon]: O senhor é o chefe da corrupção.

[William Bonner]: Candidato Lula, um minuto, por favor. Eu vou lhe conceder o tempo, candidato. Só um minutinho, candidato Lula. Eu vou pedir a interrupção do debate só um minutinho, candidato Lula. Eu vou conceder ao senhor o tempo. Candidato Kelmon, eu não consigo entender, eu já falei algumas vezes, o senhor compreendeu que tem regras o debate? O senhor concordou com elas. E que basta cumpri-las? Quando o seu adversário, candidato, por favor, quando o seu adversário está falando é só o senhor aguardar, o senhor vai ter direito a réplica. É assim que funciona. Por favor, em respeito ao público, candidato, por favor. Candidato Lula, o senhor pode recomeçar.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: É que candidato laranja não tem respeito por regras, candidato laranja faz o que quer. Deixa eu lhe dizer uma coisa. Eu tive 26 denúncias. Mentirosas. De uma pessoa que depois foi ser ministra do atual governo. Eu tive uma quadrilha montada no Ministério Público que nós conseguimos provar a culpabilidade deles. Eu fui absolvido em 26 processos, dentro do Brasil, eu fui absolvido pela Suprema Corte, e fui absolvido em dois processos da ONU. E ainda, na quarta-feira, eu fui absolvido outra vez por um processo pelo ministro Gilmar sobre um farsante da secretaria da Receita que foi no Instituto Lula, com quem eu não tenho nada, a não ser o nome, e disse que eu tinha 18 milhões de reais. Pois bem, eu fui absolvido e o fiscal que multava para achacar foi considerado culpado. Então, eu queria dizer uma coisa muito séria, quando quiser falar de corrupção, olhe para o outro e não para mim.

[Padre Kelmon]: O senhor é o responsável pela corrupção no Brasil. Todos nós sabemos que o senhor cometeu esses atos aí porque o senhor é um descondenado. O senhor é um descondenado. O senhor não deveria nem estar aqui como candidato a Presidente da República. Por que o senhor está aqui? O senhor sabe por quê. A população precisaria saber a verdade, mas o senhor é cínico, mente, o senhor é um ator, mente o tempo todo.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Você não é padre. Está fantasiado, rapaz.

[Padre Kelmon]: Fantasiado? Me respeite.

[William Bonner]: Senhores, por favor.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Você é padre ou está se fantasiando de padre?

[William Bonner]: Senhores, por favor. Nós vamos cortar os microfones dos senhores. Eu peço desculpas ao público pela cena que neste momento está se desenrolando aqui, porque infelizmente não está havendo o cumprimento de um ordenamento que tinha sido feito, de uma combinação de todos os candidatos. Eu vou pedir, por favor, enquanto nós vamos tentar acalmar os candidatos, eu posso pedir o intervalo, senhores, ou os senhores vão se conter e vão dar sequência ao debate? Em respeito também aos demais candidatos que estão aqui. Eu peço, por favor, que se acalmem. Mais uma vez eu vou lembrar que os senhores todos assinaram documentos para estarem aqui diante do público brasileiro apenas para debater. E não para esse tipo de agressão e de ofensa pessoal. Vamos respirar. Vamos respirar. Muito bem. 28 segundos. Padre Kelmon tem 28 segundos para concluir.

[Padre Kelmon]: Queria falar a verdade para as pessoas e não mentir. O senhor falou em vídeos que está na Internet que o senhor não precisa de padre, que padre tem que ficar no lugar dele na igreja, o senhor é amiguinho de Ortega, o senhor é amiguinho do Foro de São Paulo, o fundador do Foro de São Paulo junto com o Fidel Castro, vocês mentem o tempo todo para o povo. Vocês não acreditam no cristianismo. Porque vocês não vivem o cristianismo. Vocês perseguem os cristãos. Tem bispo da igreja católica-romana preso do seu amigo Ortega.

[William Bonner]: Candidato Kelmon, o seu tempo está esgotado. Vou pedir ao senhor, por favor, candidato Kelmon, que em silêncio, por gentileza, respeitosamente com o público e os demais candidatos, agora escute a tréplica do candidato Luiz Inácio Lula da Silva.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Deixa eu dizer uma coisa, padre. Eu ia chamar só de Kelmon. Eu tenho uma história de vida, que talvez o senhor não conheça. Eu vou voltar a ser Presidente da República...

[Padre Kelmon]: Não vai, não.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Sabe por quê? Porque o povo brasileiro está cansado de gente da sua espécie.

[Padre Kelmon]: Da sua espécie.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: De gente mentirosa.

[Padre Kelmon]: Você que mente.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: De gente que tenta tirar proveito. Você nem deveria se apresentar aqui como candidato. Nem deveria se apresentar. Você nem deveria se apresentar. De onde você veio?

[Padre Kelmon]: Da igreja.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Que igreja?

[Padre Kelmon]: Você enganou os padres.

[William Bonner]: Candidato Kelmon, por favor!

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Não dá para debater com uma pessoa que tem um comportamento de um fariseu e se veste de padre. Não dá. Ou você aprende a respeitar e fecha a boca quando alguém estiver falando. Eu fiquei de...

[William Bonner]: Candidato Padre Kelmon, por favor.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Eu assinei um documento aqui, respeitando as regras. É isso. Então, eu vou concluir. Eu sou cristão, casado na igreja, batizado, crismado e frequentador de igreja, mas eu não estou vendo na sua cara um representante da igreja. Eu vejo um impostor. Estou vendo alguém disfarçado aqui na minha frente, que eu não sei como é que conseguiu enganar tanta gente. Talvez porque o seu chefe não pôde ser candidato, você resolveu ser o candidato laranja. E se prestar a esse serviço aqui, se prestar a esse serviço de enganar o povo que está assistindo ao debate. O povo quer escolher um presidente. O povo quer escolher alguém que cuide dele, alguém que não minta para ele. É isso que o povo quer escolher, e não uma figura que ninguém sabe quem é.

[Padre Kelmon]: Um sacerdote.

[William Bonner]: Padre Kelmon, o senhor realmente decidiu instituir uma nova regra neste debate. O senhor poderia olhar para mim, respeitosamente? O senhor instituiu uma nova regra nesse debate. Ela não existia, eu pedi ao senhor diversas vezes. Eu vou pedir apenas que o senhor aguarde a conclusão da fala do seu oponente e retorne ao seu assento, como fizeram todos os demais. Os senhores podem, por favor, retornar. Essa sessão está encerrada. O candidato Jair Bolsonaro pediu direito de resposta. No entanto, sequer foi citado nominalmente, portanto, não há direito de resposta a ser concedido. Na dinâmica do nosso? Candidato Kelmon, o senhor, por favor, aguarde. O próximo a fazer uma pergunta agora, pelo sorteio, é o candidato Felipe D'Avila, peço que se aproxime, por favor, do púlpito, candidato, e escolha a quem o senhor vai fazer a sua pergunta.

[Felipe D'Avila]: À senadora Simone Tebet.

[William Bonner]: Candidata, por favor. Trinta segundos para a pergunta, por favor.

[Felipe D'Avila]: Senadora, chamei a senhora para restabelecermos a civilidade e discutirmos o Brasil. Chega desse baixo nível a que nós estamos assistindo hoje à noite, que é deprimente ver alguém que queira ocupar a Presidência da República num bate-boca de botequim. Vamos discutir o Brasil? Então vamos lá. A pergunta é: nós divergimos um pouco na questão das privatizações, porque eu quero privatizar as grandes estatais, e a senhora sempre manter a Petrobras como estatal e outras. Eu gostaria que a senhora fizesse a sua colocação.

[Simone Tebet]: Bom, nós realmente divergimos, mas divergimos em alguns pontos apenas, mas nós temos uma visão em comum, nós somos um governo que, se eleito, seremos parceiros da iniciativa privada. Não é um estado grande, paquiderme, pesado, muito menos um estado mínimo, na minha visão, é um estado necessário para servir as pessoas. E aquilo que é bom tem que ficar na mão do Estado se essa for a responsabilidade dela. O Estado tem que cuidar da saúde do povo, da educação, da Segurança Pública, e buscar a iniciativa privada para construir casas para o povo, para servir as pessoas. Mas tem algumas estatais que são da essência do serviço público, e nós temos que aproveitá-las. Eu estou falando, por exemplo, dos bancos públicos. O que seria do agronegócio se não tivesse o fomento e o financiamento do Banco do Brasil? O Plano Safra ajuda a produzir mais barato, isso faz com que a comida chegue mais barata na mesa do trabalhador brasileiro. A Caixa Econômica, ela que, através de recursos, ela subsidia, ela banca com o dinheiro público a construção de casas populares para quem ganha até um salário mínimo e meio. Aliás, casas essas que não existem mais com o atual governo, que cortou em mais de 90% a construção de casas populares para os mais pobres no Brasil. Então, concordo com você: vamos privatizar as estatais deficitárias, que não têm interesse público, mas vamos manter aquelas que são essenciais e que estão dando certo.

[Felipe D'Avila]: Senadora, de 2012 a 2021, as estatais federais consumiram 160 bilhões de reais dos cofres públicos. Não dá, gente. Esse dinheiro devia estar indo para a saúde, para a educação. Inclusive, senadora, se nós privatizarmos a Caixa, Banco do Brasil, vai acontecer uma coisa ótima: vai aumentar a concorrência, e, aumentando a concorrência, nós podemos colocar parte dessa linha de crédito justamente no orçamento da nação, uma coisa limpa, clara, transparente. Não precisa de banco público. E nós temos de acabar, principalmente privatizar a Petrobras. É uma vergonha. Olha o que esse governo do PT fez na Petrobras, um escândalo de corrupção, o maior escândalo de corrupção da história do Brasil! E nós estamos no movimento da energia fóssil, saindo da fóssil para a energia limpa. Não precisamos de uma estatal. Vamos fazer o Brasil acabar com essas estatais, que são antro de corrupção, principalmente se o PT voltar.

[Simone Tebet]: Nesse ponto você tem razão, candidato Felipe D'Avila: a Petrobras quase foi quebrada pelos escândalos de corrupção do PT para poder comprar votos do Congresso Nacional, inclusive com a conivência do meu partido, nós tivemos o maior escândalo de corrupção da história do Brasil, e eu sou daquela que condeno e aponto: houve corrupção no governo do PT com a conivência, lamentavelmente, de alguns membros do meu partido. Mas você falou em 160 bi. A Petrobras, nos últimos anos, três anos, ela rendeu em dividendos, lucros, dinheiro para a saúde, para a educação e para o meio ambiente, recursos para os cofres da nação, 440 bi. Se ela fosse vendida hoje, valeria 600, em três anos ela está paga. Então vamos manter a Petrobras na extração, vamos aproveitar esse dinheiro para que esse dinheiro venha para a gente dar garantia de qualidade de ensino para as nossas crianças, colocar dinheiro onde precisa, e vamos sim, aí você tem razão, privatizar as refinarias superfaturadas do governo do PT. É assim, não é 8 ou 80, o que importa é colocar as pessoas no centro do debate, fazer o que é bom para o povo. Se o Estado está dando certo naquilo que ele está dando certo, ele mantém, e vamos ser parceiros da iniciativa privada: privatizar, concessões, PPPs para que a iniciativa privada gere emprego, renda para a população brasileira. Só assim, em parceria, o Brasil vai voltar a crescer e garantir dignidade para os nossos irmãos.

[William Bonner]: Obrigado, candidatos. Durante a fala do candidato Luiz Felipe D'Avila, o candidato Luiz Inácio Lula da Silva pediu direito de resposta, mas não foi concedido, candidato. Dando sequência ao debate, agora é a vez do candidato Ciro Gomes fazer a pergunta. Por favor, candidato, o tema é livre e o senhor só vai escolher a quem vai endereçar sua pergunta.

[Ciro Gomes]: Eu convido o presidente Bolsonaro.

[William Bonner]: Candidato Jair Bolsonaro. 30 segundos para a pergunta, candidato Ciro.

[Ciro Gomes]: Pode partir?

[William Bonner]: Pode.

[Ciro Gomes]: Presidente, o senhor recebeu do povo brasileiro uma oportunidade de ouro, que, a meu juízo — e o povo brasileiro me julgue se eu estiver errado —, deveu-se ao encontro da mais grave crise econômica da nossa história — o PIB caiu 7% pela única vez na história do Brasil, o desemprego foi lá para os 12% e a corrupção generalizada —, e o senhor prometeu que ia moralizar, e o que o Brasil hoje vê é que o senhor não moralizou nada, está sob acusações pesadas, o senhor e seus familiares, iguais aos seus antecessores.

[Jair Bolsonaro]: Ciro, que mentira, Ciro. Corrupção generalizada onde, Ciro? Me aponte uma fonte de corrupção? Não tem. Você esqueceu quando você fala que caiu o PIB, caiu, mas no mundo todo foi em média 9%.

[Ciro Gomes]: Falei no governo passado.

[Jair Bolsonaro]: Tudo bem, mas caiu nosso por causa da pandemia, peguei uma crise, sim. Combatemos. Hoje o Brasil está sendo um exemplo para o mundo na recuperação econômica. Olha a geração de empregos. O que aconteceu, inclusive, geração de emprego, de 20, 21, em plena pandemia, olha o preço dos combustíveis, foi nas alturas no mundo todo, botamos para baixo, sem canetada, com o parlamento brasileiro. Estamos recuperando a economia. Não fala em corrupção familiar, Ciro. Onde é que tem corrupção na minha família, Ciro? Pelo amor de Deus, não minta. Eu jamais faria isso contigo, querer me acusar muitas vezes sobre imóveis de 32 anos atrás? Pelo amor de Deus.

[Ciro Gomes]: Eu costumo servir à verdade sempre, até a hora que alguém me prove que eu estou errado. Eu estou lhe dizendo é que o senhor teve uma oportunidade de ouro de responder a corrupção e a crise econômica, e manteve rigorosamente o mesmo modelo econômico e rigorosamente as mesmas práticas corruptas. O senhor está me pedindo, não era meu gosto, mas vamos lá. O senhor vendeu a Landulfo Alves, que valia três bilhões de dólares por apenas um bilhão e 600. Como é que explica que um gasoduto da TAG foi vendido por 36 bilhões de reais, e agora paga para a empresa compradora um aluguel de três bilhões de reais por ano? O senhor vendeu a carteira de crédito do Banco do Brasil por 371 milhões de reais, quando ela valia três bilhões de reais. Esses são apenas alguns dos casos, mas a mais grave institucionalização que eu já na história da humanidade, da corrupção como elemento central do modelo de poder é o orçamento secreto. O senhor disse não que pode fazer, que é o parlamento. Eu lhe ensino a fazer, determine aos seus ministros que não empenhem, que eu faria isso no primeiro dia, acaba a roubalheira, acabou ali mesmo.

[Jair Bolsonaro]: Não empenha, crime de responsabilidade.

[Ciro Gomes]: Não é crime de responsabilidade.

[William Bonner]: Candidato Ciro, por favor.

[Jair Bolsonaro]: A questão da venda de ativos da Petrobras, da Petrobras. Não tenho nada a ver com isso, passa pelo conselho, meu Deus do céu. Passa pelo conselho. E a diretoria decide.

[Ciro Gomes]: Permite uma parte?

[William Bonner]: Não, candidato, não é possível fazer aparte.

[Jair Bolsonaro]: Está certo, Ciro? Então a gente não é dono, a gente não vive numa ditadura, a gente não tem comando dessas coisas como você diz que tem. Você pode ver, se tivesse qualquer coisa de errado, teria tido denúncias, com toda a certeza. Outros que queriam comprar pagando mais caro teriam recorrido, entravam com ação na Justiça. Nada disso aconteceu. Um governo limpo, sem corrupção. As estatais estão dando lucro no Brasil. Volto ao orçamento secreto. Ciro, foi criado pelo parlamento. A última palavra sempre é do parlamento. Quando eu veto alguma coisa, o parlamento derruba o veto, passou a ser lei. A última palavra é deles. Vá no parlamento e mude isso. Não tem como mudar. A não ser que o parlamento queira mudar isso daí. Eu não tenho qualquer ascendência sobre esse tal orçamento secreto, zero, Ciro. É verdade, Ciro. Não, por favor, é zero, Ciro. Eles lá mandam para o respectivo ministério mandar dinheiro para estados e municípios, e ponto final. Essa é a verdade do que acontece com esse orçamento. Um governo limpo, Ciro, sem corrupção. Orgulho nacional. As estatais, há pouco tempo davam lucros irrisórios, prejuízos, agora dão... agora dão lucros. Olha como é que está os Correios, distribuindo dividendo para os seus funcionários, e não aquela roubalheira lá atrás como começou no PT, quando começou ali o mensalão lá atrás. É um governo limpo, Ciro, não ataque dessa maneira que você desilustra a sua presença nesse programa.

[William Bonner]: Encerrado, candidatos. Então, vamos dar prosseguimento a nossa, ao nosso debate, o próximo candidato a fazer perguntas é o candidato Luiz Inácio Lula da Silva. Por favor, candidato. O senhor pode perguntar a Ciro Gomes, a Padre Kelmon ou a Soraya Thronicke.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Ao Ciro.

[William Bonner]: Candidato Ciro Gomes, por favor.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Ciro, a questão da cultura. Nós sabemos que a cultura vive um problema de desmonte nesse país e que o Congresso aprovou a lei Aldir Blanc, houve um veto, depois liberou a parte do recurso. mas a cultura efetivamente foi desmontada por conta da pandemia. Qual é sua proposta para a política de cultura neste país?

[Ciro Gomes]: Presidente Lula, eu considero que a cultura tem muito mais grave importância do que o mero mecenato e o estímulo que se deve fazer às expressões artísticas do nosso povo. A cultura que afirma a identidade de um país, de uma nação, portanto, nós precisamos recuperar a ideia da dinâmica política. Minha proposta: recriar o Ministério da Cultura, reestabilizar todas as instituições, tipo Funarte, todas as outras que estão completamente? e rever as leis de fomento. A Lei Rouanet cumpre um papel muito grande, mas já desde o seu governo ela tem dois defeitos: um - que não é culpa sua, estou querendo apenas constatar os problemas para propor soluções - é que praticamente se concentram todos os recursos, sobra quase nada, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Compreensível, é aqui em São Paulo e no Rio que se produz a estética de retorno comercial mais relevante, e esse é o segundo defeito. Quero adaptar as leis de fomento para que haja uma cota para o estímulo às expressões de cultura popular. Sabe, o que está acontecendo na periferia do Brasil, não sei quanto tempo faz que você não anda por lá, mas é uma coisa explosiva de criatividade no hip hop, no rap, no desenho de? enfim, e essa é a minha proposta, em resumo, para a cultura.

[Luiz Inácio Lula da Silva]: Ciro, eu tenho feito reuniões em todas as capitais com o povo de cultura. Com todo mundo, com povo periférico, com os artistas famosos, ou seja, para discutir como a gente vai transformar a cultura brasileira numa coisa que tenha muita rentabilidade e geradora de emprego. As pessoas não têm noção do quanto um show custa de investimento para gerar empregos. E nós vamos tentar fazer, além de recuperar o Ministério da Cultura, além de recuperar todas as instituições, eu vou criar comitê em cada capital de cultura, para que a gente possa discutir inclusive como estabelecer uma cultura ser nacionalizada, sem ficar dependente do eixo Rio-São Paulo ou das grandes emissoras de televisão. Vamos ter que trabalhar muito, trabalhar inclusive com o Congresso Nacional. Nós temos que tentar discutir uma regulação para que as empresas que representam a televisão local tenham um espaço para a cultura local, que hoje não existe.

[Ciro Gomes]: Essa é uma bela cópia de um elemento antigo do meu projeto nacional de desenvolvimento, que é ao invés de regulação da mídia, que de vez em quando você frequenta essa ideia autoritária, que não presta para ninguém, o que nós temos que fazer é exatamente o que eu tenho proposto desde o seu governo e que ninguém quis fazer para não enfrentar os grandes e poderosos - estamos aqui, né? - grandes e poderosos conglomerados de mídia do Brasil. A ideia é simples. A ideia é que você vá gradualmente minando a ideia de que é um horário nacional o dia todo. Rede nacional. Abre duas horas, em horários intermediários, para ir gerando uma produção local, uma identidade local, para que nos preservemos na diversidade extraordinária que a cultura brasileira tem; mas deixa eu repor, porque no Brasil essa coisa do fomento às expressões artísticas tem esses dois defeitos que a gente precisa consertar, e muitos poderosos amigos seus, que estão sempre muito à disposição de passar pano para qualquer contradição sua, seja moral, seja política, seja econômica, eu sei bastante bem por que razão fazem isso, e a razão básica é isso: é uma hiperconcentração de todos os dinheiros na mão de meia dúzia de grandes produtores culturais de São Paulo e do rio. Não vou decompor nada disso, porque eu compreendo a questão da estética de valor comercial. Mas banco ficar tendo cinema para o banco tirar o dinheiro que deveria pagar do Imposto de Renda e fomentar uma publicidade para ele e compatibilizar isso como se fosse fomento à cultura é mais uma dessas grandes fraudes como é, por exemplo, o Fies. Você se gaba do Fies, mas o Fies é o seguinte: bilhões de reais foram entregues à meia dúzia de conglomerados de faculdade com regras sem nenhuma qualidade, nenhum controle. Ficaram bilionários os donos dessas, o Walfrido dos Mares Guia, seu melhor amigo hoje, e a garotada toda endividada começando a vida com débito no Fies.

[William Bonner]: Candidatos, obrigado, os senhores podem retornar aos seus assentos. A próxima candidata a fazer pergunta é a candidata Soraya Thronicke. Candidata, a sua pergunta tem que ser obrigatoriamente ao Padre Kelmon. Por favor, os dois podem se aproximar. O tema é livre. 30 segundos para a pergunta, por favor.

[Soraya Thronicke]: Considerando que assim quis o destino, eu vou aproveitar, mandar um abraço para o padre Antônio Nakkoud, que foi padre da Igreja Síria Ortodoxa de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, que me casou. O casamento deu certo, padre Antônio, um beijo enorme para o senhor. O senhor, sim, padre da segunda Igreja Síria Ortodoxa mais antiga desse país. Um grande abraço, meu carinho e meu amor por tudo que o senhor fez. Bom, enfim, vamos discutir o Brasil. E eu quero saber quais são?

[William Bonner]: Candidata, seu tempo.

[Soraya Thronicke]: ? as suas propostas para a educação.

[William Bonner]: Seu tempo acabou.

[Padre Kelmon]: Educação de base. A educação de base é quando a gente aprende a cuidar das nossas crianças fazendo com que as nossas crianças aprendam o que tem que ser aprendido em uma escola. Em uma escola se aprende matemática, português, geografia, ciências, física e química. Não é sexualizando as nossas crianças que você vai construir o cidadão do futuro. Cada etapa da vida exige uma formação, e é isso que vocês não estão entendendo e estão querendo destruir as nossas crianças com essas práticas que vão tornar, amanhã, cidadãos de uma vida deturpada. Então, eu queria também dizer: parabéns por a senhora pelo menos valorizar alguns padres, não é? Está reconhecendo os sacerdotes e os valores que ele tem. Eu conheço o padre que lhe casou, tá? Conheço muito bem, ele sabe quem eu sou. Agora, a senhora precisava conhecer mais a mim e me respeitar, porque o país é uma nação cristã de 84% de uma população cristã entre católicos romanos, católicos evangélicos, católicos romanos, católicos ortodoxos e evangélicos, e vocês precisam conhecer mais. Estão precisando de catequese. Vocês todos aqui, inclusive alguns jornalistas, precisam de catequese para saber como é que realmente funciona a igreja, e os ramos, e as jurisdições que nelas existem, e não sair acusando de falso padre ou acusando de estar travestido de padre. Vão aprender antes de vocês julgarem e condenarem uma pessoa. É isso que eu gostaria que a senhora fizesse. E respeite os cristãos, porque os cristãos desse país sabem o valor de um padre. Se vocês aqui tratam um padre desse jeito, imaginem o que é que vocês não fazem com o povo? Tudo, então, aqui é um teatro, é uma grande mentira, porque se vocês são capazes de fazer isso com um sacerdote, o que é que vocês não vão fazer com dona Maria, seu José, a senhora que está em casa? Eu, que estou a serviço da igreja, sou obrigado a ouvir isso aqui, essa falta de respeito. Quantos foram os sacerdotes que ergueram, que ajudaram a construir a história do Brasil? A senhora sabe que São Paulo foi erguida por Padre José de Anchieta? A senhora sabe que foi Padre José de Anchieta que deu a vida, está ali no Pateo do Collegio, fundar uma escolinha e catequizar os primeiros índios que depois fez surgir a grande cidade de São Paulo? A senhora sabe que foram os padres que subiram lá de São Vicente, dando o sangue, a sua vida, para ajudar ao povo? Foram os padres que construíram as primeiras escolas no Brasil. Foram os padres e freiras que construíram as primeiras Santas Casas, e vocês desrespeitam, vocês não valorizam isso. Por que será? Por que será? Falta conhecimento e falta amor. Falta amor. Nós precisamos amar. Nós precisamos seguir a Jesus de Nazaré. Todo mundo aqui se diz cristão, mas está vivendo de fato o Evangelho? Ou está fingindo e tirando proveito do Evangelho para os seus interesses...

[William Bonner]: Tempo, candidato, muito obrigado. Agora é a réplica da candidata Soraya.

[Soraya Thronicke]: Temos que perdoar, não é? Eu perdoo o padre. Perdoo o padre. Bom, e é— mas é imperdoável o que fazem com a educação no nosso país, e nós vamos começar a nossa grande reforma e a revolução na educação do nosso país valorizando, honrando os professores. Vocês, professores de todo o Brasil, de norte a sul, de leste a oeste, poderão realmente ficar felizes, porque, pela primeira vez, serão valorizados, porque, antes de 64, vocês eram isentos de Imposto de Renda. Voltarão a ser isentos de Imposto de Renda no nosso governo. E é por aí que a gente começa a nossa educação. Antes da pandemia, eram 90 mil crianças fora da escola; hoje, 240 mil. Como fazer? Primeiro, trazendo a iniciativa privada, agregando as escolas particulares conosco para que elas supram, de forma muito eficiente e rápida?

[William Bonner]: Tempo esgotado, candidata.

[Soraya Thronicke]: ? esse déficit.

[William Bonner]: Tempo esgotado. A senhora pode permanecer, porque vai responder à pergunta da candidata Simone Tebet. O candidato pode retornar ao assento dele.

[Simone Tebet]: Candidata Bolsonara— candidata Soraya, eu peço desculpas até pelo carinho e respeito que tenho por você, jamais a desrespeitaria. Eu quero dizer que você fez hoje a pergunta mais importante da noite para mim. Você sabe que sou mãe e professora, eu fiz um juramento para mim que nenhuma criança, se eu for eleita presidente, todos os filhos dos podres terão a mesma qualidade de ensino que os meus filhos. Então eu quero perguntar para você, já que não foi respondido, como vamos resolver o problema da educação dos nossos jovens?

[William Bonner]: Tempo, candidata.

[Soraya Thronicke]: Perdão, não entendi.

[William Bonner]: O tempo dela estava esgotado. A senhora responda.

[Soraya Thronicke]: Sem problema, até passo uma parte do tempo. Porque aqui a gente está debatendo o Brasil, fazendo esse bate bola educado, né, com urbanidade, enfim. Candidata, nós realmente temos um problema muito grave, falamos muito em conectividade, falamos muito em tablets, só que tem crianças nas escolas que estão sem água, sem merenda. A merenda, a 36 centavos. E enquanto tem gente que come picanha, que o quilo custa quase dois mil reais, e se lambuza no leite condensado, as nossas crianças comem bolacha seca com suquinho em pó. As nossas crianças, a grande maioria, eu tenho conversado com elas, às vezes só têm aquela refeição na escola. O país foi abandonado. Hoje 240 mil crianças fora da escola. E como é que nós vamos resolver isso? Acima de tudo, nós tivemos cinco ministros da educação. Um foi preso, e aí os escândalos que caminham, tramitam, dizem que nada foi provado, Simone, nada foi provado. Só que nós somos advogadas, a gente estuda. Fui sua aluna, você é uma excelente professora, você me elogiou, nós trabalhamos e estudamos, não somos nem-nem. Então nós sabemos muito bem o que está acontecendo nesse país. E dentro do Poder Judiciário, nós temos que respeitar o devido processo legal. Isso tudo demora, tem inquérito, tem todas essas fases, tem o Ministério público, como foi o caso da pandemia também. Dizem que nada foi provado. Foi sim, nosso trabalho terminou com a entrega de um relatório. Aí passamos para os órgãos competentes e estamos aguardando o resultado desses órgãos competentes. Não adianta mentir para a população que nada aconteceu, e que nada foi provado.

[Simone Tebet]: Você tem toda a razão, eu acho que o maior desafio hoje do Brasil, e as nossas mães sabem disso, é o que fazer para manter os nossos jovens na escola, que hoje são sequestrados pela violência, pelas drogas, pelo crime organizado. Eu vou mudar essa realidade. Vou implantar a reforma de ensino médio técnico, período integral. E para manter esses jovens, nós vamos ter conectividade, internet em todas as escolas públicas, e vamos garantir um prêmio para o jovem que concluir o ensino médio. Eu já fiz a conta, nós vamos premiar em cinco mil reais o jovem que terminar o ensino médio, para ele fazer o que ele quiser com esse dinheiro desde que ele estude para que ele tenha um futuro digno, emprego de qualidade e renda, sabe como? Dois milhões se formam, isso dá dez bi. É metade, senadora Soraya, candidata, é metade do dinheiro gasto do orçamento secreto, que hoje é utilizado pelo governo para comprar voto no Congresso Nacional.

[William Bonner]: Sua tréplica, por favor.

[Soraya Thronicke]: Quero aqui lembrar sobre privatização. Enquanto o atual governo disse que iria privatizar EBC, usou, não fez como não privatizou praticamente nada, estou aguardando até hoje prestação de contas sobre isso, mas, ao invés de pelo menos utilizá-la para ajudar a população, como fez a Rede Vida. A Rede Vida tem dois canais que dão aula para os nossos alunos. E antes da internet, a televisão aberta que chega na casa das pessoas. Mas diferentemente do presidente de Portugal, que foi dar aulas, não, a EBC ficou a serviço de fazer propaganda, campanha antecipada para o atual governo. É muito triste, é uma lástima. E sim, essa, eu sou superprivatista, mas eu não venderia a EBC justamente porque eu utilizaria para nos ajudar a cobrir esse déficit que a pandemia deixou.

[William Bonner]: Candidatas, muito obrigado. As senhoras podem retornar a seus lugares. Antes de encerrar esse bloco, nós vamos conceder direito de resposta ao candidato Jair Bolsonaro, que pediu em referência a uma fala da candidata Simone Tebet. Por favor, candidato, o senhor pode se aproximar do púlpito, o senhor tem direito a um minuto.

[Jair Bolsonaro]: Insiste na tecla do orçamento secreto, o parlamento derrubou o veto. Ou seja, o parlamento falou que o orçamento tem que existir. Eu sou escravo da Constituição e tenho que cumprir as leis, se o parlamento derrubou o veto, é lei. Eu não tenho qualquer acesso ao orçamento secreto. Vocês têm a chance agora. Por ocasião da votação do orçamento normal, tirar esses 19 bilhões do orçamento secreto e suprir as demais áreas, é muito fácil fazer isso aí. Façam. E eu fico vendo que algumas pessoas se descobrem aqui, como candidatas. Viram a pandemia toda acontecer, não fizeram nada. Até uma candidata aqui defendeu lá na CPI que o desvio de recursos não deveria ser apurado. Ou seja, milhares de nordestinos morreram por causa de desvios na compra de respiradores que não chegaram.

[William Bonner]: Obrigado, candidato, nós estamos encerrando aqui o terceiro bloco do nosso debate, e no próximo as perguntas voltam a ser com temas determinados em sorteio, nós voltamos em instantes.

*Participaram desta cobertura:
Em São Paulo: Ana Paula Bimbati, Beatriz Gomes, Caê Vasconcelos, Gilvan Marques, Isabela Aleixo, Juliana Arreguy, Letícia Mutchnik e Rafael Neves.
No Rio de Janeiro: Felipe Pereira e Lucas Borges Teixeira.
Em Brasília: Camila Turtelli, Gabriela Vinhal, Hanrrikson de Andrade e Letícia Casado.