Bolsonaro precisa de virada inédita para conquistar reeleição no 2º turno
Com quase 100% das urnas apuradas, o presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), disputará o segundo turno com o candidato do PT e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas, para virar o jogo, o atual presidente precisa de um feito inédito.
Desde que foi criado o segundo turno, um presidente nunca saiu eleito após ser derrotado no primeiro turno. Nesta eleição, porém, a diferença de Bolsonaro para Lula é a menor dos últimos pleitos.
Para quebrar a tradição que já dura 33 anos, Bolsonaro precisa tirar uma vantagem para o petista. Lula aparece na frente com 48,32% dos votos, enquanto Bolsonaro, com 43,29% dos votos.
Em 1994 e 1998, Fernando Henrique Cardoso venceu as eleições no primeiro turno.
Desde o fim da ditadura militar, que comandou o Brasil de 1964 a 1985, o país teve oito eleições presidenciais, das quais seis foram para o segundo turno (1989, 2002, 2006, 2010, 2014 e 2018).
O cientista político Francisco Fonseca, professor da FGV-SP (Fundação Getúlio Vargas) e da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica), explica que, além da diferença grande de votos entre os dois candidatos, o problema de Bolsonaro é o tempo.
"Além de ser um percentual grande para acontecer uma virada, o tempo é muito curto entre uma votação e outra", diz. O segundo turno acontecerá no dia 30 de outubro, ou seja, daqui a 28 dias.
Na avaliação do professor, os 50% de rejeição de Bolsonaro apontados pelas últimas pesquisas também dificultam o avanço do presidente sobre o adversário petista.
"Com estes números, ninguém tem condições de ganhar a eleição. Outro fator importante é que, politicamente, tudo o que o Bolsonaro tinha a oferecer para que o eleitor mudasse de opinião já foi usado no primeiro turno, como o pacote de bondades, entre elas o rebaixamento no preço dos combustíveis, e uma campanha antipetista", afirma.
Mesmo as fake news usadas pelas redes sociais bolsonaristas, não devem ter o mesmo impacto de 2018, opina o professor Fonseca.
"O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) está mais ativo, inclusive bloqueando e tirando do ar várias campanhas. Além disso, os partidos como um todo estão mais atentos e denunciando mais. Aquela novidade que ninguém imaginava em 2018 deixou de ser tanta novidade agora. É claro que seria ingênuo dizer que a rede de gabinete do ódio teria terminado. Continua surtindo efeitos, mas bem menores do que os de 2018", disse o cientista político.
Eleição foi 6 vezes ao 2º turno
A partir da redemocratização, em 1989, o Brasil teve seis segundos turnos. Analisando os anos de 1989, 2002, 2006, 2010, 2014 e 2018, o candidato que ficou mais perto de virar a disputa foi o ex-senador Aécio Neves (PSDB), em 2014. Hoje ele é deputado federal por Minas Gerais e candidato à reeleição no cargo.
Ele chegou ao segundo turno com 33,5% dos votos válidos, enquanto Dilma Rousseff (PT) tinha obtido 41,59%. No segundo turno, depois de obter o apoio de Marina Silva, então no PSB, Aécio obteve 48,36% dos votos válidos contra 51,64% de Dilma, uma diferença de pouco mais de 3% dos votos válidos.
Após sofrer o impeachment em 2016, Dilma voltou a concorrer em 2018, mas não conseguiu se eleger senadora por Minas Gerais, perdendo para Rodrigo Pacheco (então no DEM, hoje no PSD) e Carlos Viana (então no PHS, hoje no PL). Ela não disputa nenhum cargo nestas eleições.
Como foram os primeiros turnos anteriores:
2018 - Bolsonaro eleito
Bolsonaro: 46,03%
Haddad: 29,28%
2014 - Dilma reeleita
Dilma: 41,59%
Aécio Neves: 33,55%
2010 - Dilma eleita
Dilma: 46,91%
José Serra: 32,61%
2006 - Lula reeleito
Lula: 48,61%
Alckmin: 41,64%
2002 - Lula eleito
Lula: 46,44%
José Serra: 23,19%
1989 - Collor eleito
Collor: 30,47%
Lula: 17,18%
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