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Petistas comemoram em SP apreensivos com 2º turno: 'Bolsonaro surpreendeu'

Apoiadores de Lula se reúnem na avenida Paulista - Herculano Barreto Filho/UOL
Apoiadores de Lula se reúnem na avenida Paulista Imagem: Herculano Barreto Filho/UOL

Do UOL, em São Paulo

02/10/2022 22h36Atualizada em 02/10/2022 23h01

Apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ocuparam hoje à noite a avenida Paulista, na região central de São Paulo, contando com a possibilidade de comemorar uma vitória ainda no primeiro turno, como indicaram as últimas pesquisas de intenção de voto. No início da apuração, no entanto, viram o que não esperavam: o atual presidente, Jair Bolsonaro, aparecia na liderança.

Eleitores ouvidos pela reportagem se disseram surpresos na primeira metade da apuração. Enrolados em bandeiras vermelhas, com faixas e bonés, os petistas monitoravam a apuração pelos celulares. Como se fosse uma partida de futebol em final de campeonato, havia momentos de tensão causada pela votação de Bolsonaro, acima do que projetavam as pesquisas.

Bolsonaro surpreendeu. Imaginava que a votação dele fosse ser ainda menor do que as pesquisas indicaram. Ainda é uma comemoração, mas tenho medo do que pode acontecer. Não imaginava que o bolsonarismo ainda fosse estar tão forte depois deste governo"
Guilherme Marcondes Ferraz Filho, economista

Lula virou na segunda metade, mas não o suficiente para garantir a vitória. A eleição vai para segundo turno com uma margem menor do que a projetada pelos institutos de pesquisa.

Apesar do susto inicial e do resultado, o clima era de festa. Os eleitores comemoraram, ainda contidos, e só extravasaram quando Lula superou Bolsonaro (com 70% das urnas apuradas). Houve quem gritasse "eu acredito", sem que ficasse claro se a referência era a uma já improvável vitória no primeiro turno ou a uma eventual vitória petista no segundo turno.

masp, petistas - Herculano Barreto/UOL - Herculano Barreto/UOL
Petistas se concentraram no masp para acompanhar a apuração de votos do 1º turno
Imagem: Herculano Barreto/UOL

"Aqui, era aquela energia de quem esperava pela vitória no primeiro turno. Agora, ficou aquele sentimento de medo, mas ainda misturado com esperança. As pessoas ficaram mais contidas", disse Lucas Moreira, 26, que trabalha como agente cultural nas periferias de São Paulo.

Dois grupos se aglomeraram na avenida. Um deles acompanhou o resultado da apuração em frente ao Masp (Museu de Arte de São Paulo). O outro, em frente à Fiesp.

A polícia fechou um trecho da via no sentido centro por volta das 19h30. Um pequeno grupo de bolsonaristas foi orientado pela própria PM a seguir para outro local, para evitar confusões.

Vaias para Moro

Houve momentos de vaias, quando o telão colocado na Paulista em frente à Fiesp exibiu as vitórias do ex-juiz Sergio Moro, eleito senador no Paraná, e de Hamilton Mourão, que se elegeu senador no Rio Grande do Sul.

Euforia só quando Lula ultrapassou o número de votos de Bolsonaro. Motoristas do outro lado da pista, aberta para carros, passavam buzinando, com a mão esquerda para fora exibindo o "L", marca da campanha.

Em um megafone, uma apoiadora gritava o percentual de votos do petista. De vez em quando, passava algum apoiador do presidente para gritar fazer alguma provocação. Mas nenhum episódio avançou para a violência.

A presença de alguns jornalistas no canteiro que corta a avenida em frente ao Masp despertou desconfiança em um pequeno grupo, que elaborou teses de que poderiam ser policiais disfarçados.

"O Bolsonaro caiu de novo!", gritava, de tempos em tempos, uma mulher em meio ao grupo. A resposta imediata surgia em gritos de apoio.

"Abre as urnas do Nordeste pro Nordeste salvar o Brasil mais uma vez", dizia um deles, em referência à demora da apuração em alguns estados da região.

Do outro lado da avenida, havia presença de policiais militares, que se espalharam pelas esquinas da via. Embora sem episódios de violência, houve casos de provocação, quando bolsonaristas passavam pelo local gritando "mito", atitude repetida pelo ambulante Osvaldo Pires Valentim, 49, ao responder aos petistas que se manifestavam ao ver as toalhas com o rosto do Bolsonaro estendidas ali. "Tem aquele negócio, tem que levar na esportiva",' justificou.

Apesar de ser eleitor do presidente, Osvaldo também vendia toalhas com o rosto de Lula na Paulista. E exibia um ranking de vendas por candidato.

"A partir de amanhã, vou zerar a conta agora para o segundo turno", disse.