Partido de Bolsonaro elege bancada recorde e infla centrão para 2023
Partido escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro para disputar a reeleição, o PL teve um crescimento significativo no Congresso neste ano, ampliando a presença do chamado "centrão" no Congresso Nacional, e será a maior bancada da Câmara pela primeira vez na história da legenda, com 99 deputados eleitos.
O PT, juntamente com os partidos que formaram a federação Brasil da Esperança, de Luiz Inácio Lula da Silva, ficou em segundo lugar, com 79 cadeiras de deputados federais.
Neste cenário, a esquerda, com PSB (14), PDT (17), PSOL e Rede (14), irá reunir 124 deputados.
Já o centrão com, Republicanos (42), PP (47), PL (99), PSD (42), Patriota (4) e PTB (1), terá 235.
O crescimento do grupo do qual o PL faz parte pode significar dificuldade para a governabilidade de um eventual governo de esquerda e mais facilidade para uma possível continuidade do governo Bolsonaro.
Importância do Congresso
O presidente, seja ele quem for, precisará ter interlocução com deputados e senadores para conseguir aprovar projetos do seu interesse e avançar com seus planos de governo. Para aprovar uma mudança na Constituição, por exemplo, são necessários 308 votos favoráveis em dois turnos.
Além disso, os partidos com maior presença na Câmara têm prioridade na ocupação de cargos relevantes no Legislativo, como a presidência de comissões permanentes importantes, como por exemplo, a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).
"O resultado da eleição confirmou as projeções da eleição do PL como principal força política no Congresso Nacional", afirma o analista político do Diap Neuriberg Dias.
"O PL crescendo, criando uma bancada relevante, mostra a força política eleitoral do presidente Bolsonaro. Afinal de contas foi o partido ao qual ele se filiou e esse crescimento deve ser atribuído a ele", afirma o cientista político e vice-presidente da Arko Advice, Cristiano Noronha.
"Se o PL decidir fazer parte de um eventual governo Lula, o Valdemar da Costa Neto [presidente da sigla] pode ter dificuldade nisso e encontrar alguma dissidência interna. Eventualmente, alguns parlamentares podem até deixar o PL. Mas se Bolsonaro vencer, isso ajuda muito na governabilidade", diz Noronha.
Investimento no Congresso
De olho nesse controle da governabilidade, o centrão investiu no Congresso nestas eleições e estará mais forte no ano que vem, após ter recuado em 2018 com a onda da renovação política.
O grupo se revitalizou durante a atual legislatura, principalmente após a vitória de Arthur Lira (PP) à Presidência da Casa, e com a criação do orçamento secreto, que deu munição política para os integrantes do grupo, com a destinação de verbas para seus redutos eleitorais.
Em sua primeira fala após os resultados, Bolsonaro celebrou o crescimento da bancada. "Parece que o PL fez uma bancada de mais de cem. Esse pessoal todo vai ser convidado para conversar conosco", disse. "É um partido que sai na frente para disputar cargos na mesa."
PL no comando
Em 2018, o PL elegeu uma bancada de 33 deputados federais, tendo entre seus quadros, o presidente da bancada da bala, Capitão Augusto (PL-SP) —reeleito neste domingo (2) com 168.738 dos votos— e Flávia Arruda (PL-DF), ex-ministra da Secretaria de Governo de Bolsonaro, derrotada nesta eleição na disputa para o Senado pelo Distrito Federal pela ex-ministra da Mulher, Família e Diretos Humanos, Damares Alves (Republicanos-DF).
Após a janela partidária -período antes da campanha eleitoral em que deputados podem trocar de partido sem perder o mandato- o PL se tornou a maior bancada da Câmara dos Deputados, a sigla superou o PT, que oficialmente soma 56 cadeira e saltou para 76 deputados.
Esse crescimento é também um resultado do número recorde de candidatos registrado pelo partido que saltou de 164 candidatos registrados em 2018 para 502 neste ano, um aumento de mais de 200%.
Puxadores de voto
Figuras chaves do bolsonarismo em São Paulo, como Carla Zambelli, Eduardo Bolsonaro e Ricardo Salles, foram responsáveis por puxar votos e garantir a bancada robusta do PL.
O Progressista, partido do atual presidente da Câmara, Arthur Lira, e do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, também cresceu a bancada e passou para 47 deputados, ante 38 eleitos em 2018. O Republicanos, partido que desenhou uma estratégia nacional voltada para a Câmara dos Deputados durante as eleições, também cresceu.
Desunião
Partido resultante da fusão entre os antigos DEM e PSL (partido pelo qual Bolsonaro se elegeu em 2018), o União Brasil cresceu para 59 deputados, oito a mais em relação à sua bancada atual na Câmara.
A sigla teve divergências internas durante a campanha, com a reunião de quadros de ideologias distintas, colecionou brigas e conflitos sobre o repasse de verba entre seus candidatos.
O União foi o dono da maior fatia do fundo eleitoral neste ano —verba pública para financiar as campanhas eleitorais— com R$ 782 milhões. Neste cenário, o União já iniciou tratativas na última semana para compor com partidos do centrão na próxima legislatura.
Segundo a Folha de S.Paulo, o presidente da Câmara, Arthur Lira, teria dito que o PP estuda uma fusão com o União Brasil.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.