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Socióloga: Pesquisas erram no Senado por dificuldade histórica de captação

Colaboração para o UOL, em São Paulo

03/10/2022 11h24

Em entrevista ao UOL News, a socióloga Flávia Rios, professora da UFF (Universidade Federal Fluminense), falou sobre as diferenças das intenções de votos mostradas nas pesquisas eleitorais com o resultado das urnas.

Segundo ela, as pesquisas erraram principalmente nas projeções para o Senado Federal, o que poderá ser usado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores na campanha do segundo turno.

"As pesquisas estão sendo um prato cheio para o bolsonarismo, que vem atacando as urnas e isso faz parte do discurso", disse a especialista.

"É também uma estratégia do bolsonarismo para legitimar a tentativa de [Bolsonaro] se construir como o candidato que corre por fora, o chamado 'datapovo'", completou.

"As pesquisas erraram, especialmente no Senado. Acho que houve uma dificuldade muito grande para capturar o Senado, o que foi decisivo para puxar votos do Bolsonaro", afirmou, acrescentando que essa dificuldade é uma tendência percebida em outras pesquisas eleitorais.

Diretor da Quaest explica diferença em pesquisas e diz que postura de Ciro levou a voto útil em Bolsonaro

Eleitores de Ciro Gomes (PDT) migraram para o presidente Jair Bolsonaro (PL) no primeiro turno, segundo a avaliação do diretor da Quaest Consultoria, Felipe Nunes.

Em entrevista ao UOL News, o CEO defendeu os dados das pesquisas eleitorais, destacando que os levantamentos não eram um "prognóstico", e sim um "diagnóstico" da sociedade. "As pesquisas têm um papel fundamental de nos ajudar a entender os movimentos que estão por vir", disse Nunes.

O executivo destacou as duas últimas pesquisas da consultoria para embasar sua avaliação sobre a migração de votos de Ciro para Bolsonaro.

"No dia 28/9, mostramos que Lula tinha 51%, e Bolsonaro 36%. Tebet 5%, e Ciro, 7%. No dia 1º, divulgamos outra pesquisa mostrando o Lula caindo, com 49%, e Bolsonaro subindo com 38%. Ou seja, a tendência de última hora já era de aproximação", destacou.

"Lula acabou ficando com 48%, dentro da margem de erro, mas Bolsonaro apareceu com 43%. Isso quer dizer que ele cresceu cinco pontos. De onde vem esse voto? Houve aproximadamente 3 pontos do Ciro que foi embora não para o Lula, mas para Bolsonaro. A postura que Ciro adotou na reta final da campanha foi determinante no tipo de apontamento que fez para o eleitor", afirmou Nunes.

Deputado do PL defende limitar divulgação de pesquisas eleitorais

O deputado federal Capitão Augusto (PL-SP) disse, em entrevista ao UOL News, que deve ser difícil criminalizar as pesquisas eleitorais como propõe o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). No entanto, o parlamentar defende limitar a divulgação de pesquisas às vésperas de eleições.

"Acredito que não tem como punir, mas alguma coisa tem que ser feita", afirmou o deputado. "Temos uma fatia do eleitorado que chamamos de efeito manada, que gosta de acompanhar a maioria. As pesquisas induzem esse eleitor a votar naquele candidato [que aparece ganhando em intenções de votos]", acrescentou.

Em entrevista ao UOL na noite de ontem, logo após a votação, Barros disse que apresentará, já nesta segunda-feira (3), um projeto de lei que criminaliza o erro nas pesquisas.

O líder do governo na Câmara afirmou que seu projeto estabelecerá "punições severas" aos institutos de pesquisas cujos resultados dos levantamentos, às vésperas das eleições, ultrapassarem a margem de erro.

Capitão Augusto reafirmou que criminalizar as pesquisas pode não ser uma opção, mas é preciso "ter alguns instrumentos".

"Na minha opinião, deveria limitar a divulgação de pesquisas ao limite de cinco dias das eleições e não divulgar pesquisas na sexta-feira. Isso é um erro porque induz o eleitor", disse o deputado.

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