Dallagnol e casal Moro comemoram vitória: 'Lava Jato renasceu como fênix'
O ex-ministro da Justiça e senador eleito pelo Paraná Sergio Moro (União Brasil), sua esposa e deputada federal eleita por São Paulo Rosangela Moro (União Brasil) e o ex-procurador da República Deltan Dallagnol (Podemos), eleito para a Câmara dos Deputados pelo Paraná, comemoraram as respectivas vitórias nas urnas ontem com menções à Operação Lava Jato, cujo legado político impulsionou os três junto aos eleitores.
"Grande vitória. Vencemos todo o sistema político contra nós. Poucos aliados políticos, mas valorosos. Vencemos o PT no Paraná", escreveu Moro em uma publicação no Twitter.
"A Lava Jato vive e vai chacoalhar Brasília novamente", completou ele, que atuou enquanto juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba durante a operação antes de deixar a magistratura para ser ministro de Jair Bolsonaro (PL), em 2018.
"Hoje, a Lava Jato renasceu como uma fênix, mas não das cinzas, e sim dos corações dos mais de 340 mil paranaenses", escreveu Dallagnol, o deputado federal mais votado de seu estado.
Moro também parabenizou Deltan pela vitória: "O povo paranaense mandou um recado claro sobre o que pensa a respeito do procurador da Lava Jato e sobre todas as artimanhas jurídicas que visaram e ainda visam prejudicá-lo", escreveu.
Já Rosangela, que se elegeu por São Paulo com uma campanha de forte vinculação ao esposo, afirmou que "honraria" cada voto. Ela fez o comentário em resposta a uma publicação do União Brasil, que a definiu como um nome que "levanta a bandeira da Lava Jato e das pessoas com doenças raras".
Estes serão os primeiros cargos eletivos dos três. No caso de Sergio Moro, a disputa pela vaga no Senado foi contra um ex-padrinho político, Alvaro Dias (Podemos), que também tinha discurso de defesa da operação e era apoiado por Dallagnol.
Sergio Moro e Deltan Dallagnol tiveram papel central na prisão de Lula. Tanto o ex-juiz como o ex-procurador da Lava Jato colocaram-se na campanha como críticos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que angariou 48,43% dos votos no 1º turno e disputará a Presidência da República com Bolsonaro no dia 30 de outubro.
Nos últimos anos, ambos tiveram a imagem desgastada por reversões judiciais que devolveram a Lula seus direitos políticos e que apontaram irregularidades no processo que o condenou.
Moro foi o juiz responsável por condenar Lula a 9 anos e 6 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelo caso do triplex do Guarujá (SP).
Em segunda instância, a pena do ex-presidente foi aumentada para 12 anos e 1 mês. O STJ (Superior Tribunal de Justiça) chegou a manter a condenação, mas reduziu a pena para 8 anos, 10 meses e 20 dias. Lula ficou preso por 580 dias e ficou impedido de concorrer às eleições de 2018.
Em abril de 2021, essa e outra condenação — do sítio do Atibaia — foram anuladas pelo STF. Na época, a maioria dos ministros concordou com a incompetência da 13ª Vara Federal de Curitiba para julgar Lula. Depois, em junho de 2021, Moro seria considerado um juiz parcial pelo STF na condução do processo do triplex do Guarujá.
Já Deltan foi condenado por danos morais contra Lula devido a uma apresentação de PowerPoint, exibida durante coletiva de imprensa, para divulgar a primeira denúncia da Operação Lava Jato contra o ex-presidente, sobre um suposto esquema de corrupção envolvendo o tríplex no Guarujá.
Transmitido ao vivo, o anúncio da denúncia ficou marcado pela fala de Deltan de que Lula seria "o comandante máximo" de esquemas de corrupção e pelo diagrama no PowerPoint —que logo se tornou meme e alvo de críticas.
A indenização firmada por de R$ 75 mil. O ex-procurador pediu para que apoiadores lhe ajudassem com transferências por Pix, que totalizaram, segundo Deltan, em R$ 575 mil.
Moro e Dallagnol também foram figuras centrais da chamada "Vaza Jato", uma série de reportagens que publicou mensagens vazadas entre procuradores e Moro, então juiz, no decorrer da Operação. As discussões pelo Telegram culminariam no reconhecimento da parcialidade de Moro ao julgar o caso do triplex, na anulação das decisões da Lava Jato pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e, por extensão, na revogação da prisão de Lula.
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