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Irmão de Gagliasso, 1ª trans e herdeiras de Marielle: os eleitos no RJ

Thiago Gagliasso (PL), Dani Balbi (PCdoB) e Renata Souza (PSOL) - Arte/UOL
Thiago Gagliasso (PL), Dani Balbi (PCdoB) e Renata Souza (PSOL) Imagem: Arte/UOL

Do UOL, no Rio

04/10/2022 04h00

Impulsionados pela eleição para a Presidência da República, o PL, de Jair Bolsonaro, e o PT, de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estão entre os partidos com maior representação na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) a partir de 2023.

Com ascensão de novos bolsonaristas e a desidratação de outros apoiadores do presidente, o Legislativo fluminense contará com perfis inéditos, como a primeira deputada trans do RJ, e uma bancada maior da esquerda.

O PL, partido de Bolsonaro, elegeu 17 deputados —somando seis entre os dez candidatos mais votados—, enquanto o PT conseguiu sete cadeiras (duas a mais em relação a 2018).

Entre os dois partidos, está o União Brasil, que elegeu oito deputados —inclusive o mais votado da Casa—, mas nove a menos do que os antigos DEM e PSL conseguiram na última legislatura.

Mais votados. O deputado mais votado foi Márcio Canella (União), com 181.274 votos. O mais votado do partido de Bolsonaro e segundo mais votado na Casa, Douglas Ruas (PL), alcançou 175.977 votos —desse total, 149.576 votos vieram de São Gonçalo, na região metropolitana do RJ.

É que o pai de Ruas, Capitão Nelson (PL), é prefeito da cidade e foi eleito em 2020 com forte associação à imagem de Jair Bolsonaro.

A mulher mais votada e terceira parlamentar com mais votos foi do PSOL: Renata Souza conseguiu a reeleição com mais de 174 mil votos. Ela era assessora da vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada em março de 2018.

Mulheres no topo. Outras duas mulheres compõem a lista dos dez deputados mais votados. Uma delas é Elika Takimoto (PT) que, com 95.263 votos, foi a segunda mulher mais votada para a Alerj.

Fecha o trio Giselle Monteiro, irmã do vereador cassado Gabriel Monteiro (PL), que perdeu o mandato após acusações de estupro e assédio. Ela conseguiu 95 mil votos com o mote "fiscalização" da administração pública —o mesmo que o seu irmão. Giselle foi a mulher mais votada da direita e a 10ª candidata com mais votos no pleito deste ano.

Quem é quem? Outros quatro candidatos do PL estão entre os mais votados na Alerj:

  • Dr Serginho (123.739 votos), com discurso alinhado ao governador Cláudio Castro (PL) e Bolsonaro;
  • Delaroli (114.155 votos), irmão do prefeito de Itaboraí (RJ), onde conseguiu 50% dos seus votos;
  • Thiago Gagliasso (102.038 votos), que ganhou projeção nacional ao romper com o irmão Bruno Gagliasso por questões ideológicas --Bruno é alinhado à esquerda;
  • Rodrigo Bacellar (97.822), um dos principais operadores no esquema de cargos secretos na Fundação Ceperj, revelado pelo UOL --ele nega irregularidades e indicações políticas;

Bolsonarismo raiz. Entre os outros eleitos do PL, estão nomes de primeira hora do bolsonarismo: Filippe Poubel, Anderson Moraes e Márcio Gualberto —que chegaram à Alerj em 2018— e Índia Armelau, que exercerá seu primeiro mandato.

Valdecy da Saúde, outro eleito pelo PL, fez campanha sem associar seu nome a Bolsonaro —e inclusive foi gravado em vídeo revelando voto em Lula.

Completam a lista do maior partido da Alerj Jair Bittencourt, Samuel Malafaia —irmão do pastor Silas—, Renato Miranda, Célia Jordão, Dr. Deodalto e Alan Lopes.

Bancada maior. No campo da esquerda, PT, PCdoB e PSOL elegeram 13 deputados.

A única deputada do PCdoB foi Dani Balbi, professora universitária, que será a primeira deputada trans no RJ. Marina do MST foi eleita pelo PT com campanha firmada com o mote do movimento sem-terra.

Pelo PT, nomes associados a políticos históricos no estado conseguiram uma vaga: Renato Machado e Zeidan, eleitos com base forte em Maricá (RJ), reduto petista no estado, e Andrezinho Ceciliano, filho do atual presidente da Alerj e candidato derrotado ao Senado.

Vereadores eleitos em 2020, como Verônica Lima (PT), em Niterói, Yuri (PSOL), em Petrópolis, e Prof. Josemar (PSOL), em São Gonçalo, também passarão a compor a bancada da esquerda na Alerj. Flávio Serafini e Dani Monteiro, do PSOL, foram reeleitos.

Também assessora de Marielle, Dani foi eleita para seu primeiro mandato em 2018, na esteira da campanha por mais eleições de mulheres negras, logo após do assassinato da vereadora. Mônica Francisco, também ligada a Marielle, não conseguiu a reeleição.

Afilhados do Paes. Guilherme Schleder (PSD) e Eduardo Cavaliere (PSD) conseguiram se eleger para a Alerj com as bênçãos do prefeito do Rio, Eduardo Paes, presidente da sigla no estado. Schleder foi secretário municipal de Esporte e Lazer e Cavaliere, titular da pasta do Meio Ambiente.

Bolsonaristas pelo caminho. Os números expõem uma mudança no perfil da Alerj e também como alguns deputados com votação expressiva em 2018 não conseguiram reeleição.

Naquele ano, a mulher mais votada foi Alana Passos (PL), na época no PSL, com mais de 106 mil votos. No domingo (2), os 39 mil votos recebidos por ela não foram suficientes para a reeleição.

Outros nomes do bolsonarismo que se elegeram pelo extinto PSL não estarão na Alerj a partir de 2023, como Alexandre Knoploch (antes, 103 mil votos; agora, 23 mil) e Coronel Salema (antes, 99 mil votos; agora, 20 mil).

Rodrigo Amorim (PTB) —deputado eleito com mais votos (140 mil) em 2018 após quebrar uma placa de homenagem a Marielle— foi reeleito agora com menor expressão, cerca de 47 mil votos.