SP: Deputado bolsonarista propõe CPI para investigar pesquisas eleitorais
O deputado estadual de São Paulo Gil Diniz (PL-SP) propôs a abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar divergências entre as pesquisas eleitorais e os resultados do 1º turno das eleições de 2022.
Diniz, que é apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL) tem enviado sua proposta aos deputados da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) por e-mail desde a noite de ontem (3). Ele tenta coletar assinaturas para abrir a comissão.
Ele justificou a proposta de CPI por causa "da divergência radical, extrapolante das margens de erro estatístico, entre as projeções das pesquisas eleitorais para presidente da República, governador do Estado e senador por São Paulo, e os respectivos resultados do primeiro turno das eleições de 2022."
Os erros nas pesquisas. Nas últimas pesquisas Datafolha, Ipec e Quaest, publicadas um dia antes da votação, Bolsonaro variava entre 36% e 39% dos votos válidos. No entanto, ele terminou a apuração com 43,2%, diferença acima da margem de erro dos institutos. O presidente já declarou diversas vezes não acreditar nos levantamentos, e agora alguns de seus aliados têm afirmado — sem provas — que as pesquisas foram manipuladas.
No caso do estado de São Paulo, a diferença foi ainda maior: as pesquisas indicavam que Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) disputariam o segundo turno, com o petista em primeiro e o ex-ministro de Bolsonaro em segundo. Os dois, de fato, avançaram, mas com Tarcísio à frente de Haddad por uma diferença de mais de um milhão de votos.
A eleição para o Senado também se mostrou diferente. Segundo o Datafolha de 1º de outubro, Márcio França (PSB) liderava a preferência do eleitor com 45% dos votos válidos. Atrás dele aparecia o ex-ministro Astronauta Marcos Pontes (PL), com 31%. No dia seguinte, Pontes foi eleito com 49,9%, enquanto França ficou em segundo lugar com 36,1%.
Outros pedidos
Diniz não é o primeiro bolsonarista a reclamar dos levantamentos eleitorais: o líder do governo na Câmara, o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), anunciou que apresentará um projeto de lei que criminaliza o erro nas pesquisas.
Eduardo Bolsonaro (PL-SP), deputado federal reeleito e filho do chefe do Executivo, disse que coletaria assinaturas para abrir uma CPI ainda esta semana.
Já o deputado federal Capitão Augusto (PL-SP) defende limitar a divulgação de pesquisas às vésperas de eleições. Em entrevista ao UOL News ontem ele afirmou que os levantamentos podem influenciar os eleitores.
"Temos uma fatia do eleitorado que chamamos de efeito manada, que gosta de acompanhar a maioria. As pesquisas induzem esse eleitor a votar naquele candidato [que aparece ganhando em intenções de votos]".
Outro a reclamar dos levantamentos, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) enviou um requerimento para abrir uma CPI na Casa contra os métodos de apuração.
Arthur Lira (PP-AL), deputado reeleito e presidente da Câmara, descartou abrir uma CPI. Apesar disso, ele afirmou ser necessário discutir uma "boa legislação" para que os institutos de pesquisa não apresentem tantas disparidades dos resultados finais.
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