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Após polêmica por se declarar pardo, ACM Neto usa filtro 'bronze' em vídeo

Do UOL, em São Paulo

06/10/2022 23h42Atualizada em 07/10/2022 11h16

O nome do candidato ao governo da Bahia ACM Neto (União Brasil) repercutiu na noite desta quinta-feira (6) após a conta do candidato no Instagram ter publicado um vídeo dele fazendo campanha e adicionarem o filtro "Bronzer", da influenciadora Carol Peixinho.

Nas redes sociais, internautas acusaram o político de tentar "escurecer" o tom da pele usando o filtro. A publicação do conteúdo com o filtro foi confirmada ao UOL pela assessoria de campanha do candidato.

"Foi falta de atenção, coincidência. Foi um erro da equipe, não tem outra coisa para dizer. É verdade [a publicação do conteúdo]", disse a assessoria do ACM à reportagem. Após a repercussão, o stories do vídeo com o filtro foi apagado.

O candidato e ex-prefeito de Salvador vem sendo alvo de críticas por se declarar como "pardo" ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na disputa pelo governo da Bahia — estado onde cerca de 80% da população se autodeclara negra.

Inicialmente, ACM Neto se autodeclarou como "branco" ao registrar sua candidatura na Corte Eleitoral. Na ocasião, ao UOL, a campanha justificou que se tratou de um "equívoco do departamento jurídico, corrigido no mesmo dia ou no seguinte à publicação", e mantém que o político sempre se autodeclarou como pardo, questão que tem causado acusações de que ele teria buscado se beneficiar das cotas do fundo eleitoral.

Ao jornal O Estado de S.Paulo, ACM Neto afirmou que sempre se identificou como pardo. Ele avaliou que críticas representam "falta de caráter" e "desespero" dos adversários. O candidato também negou ter passado por qualquer procedimento de bronzeamento artificial.

Veja os comentários dos internautas sobre o uso do filtro pelo candidato:

"ACM neto deu o maior vacilo hoje, postou um storie no Instagram antes de salvar e aparece nitidamente o uso do filtro 'bronzer de Carolpeixinho' usado para escurecer a pele dele na rede social. O menino de vovô não vai ser governador", escreveu um internauta.

"INACREDITÁVEL. ACM Neto usa filtro 'Bronzer de Carol Peixinho' no Instagram para ficar mais escuro nas imagens", apontou outro internauta.

ACM disputa segundo turno com candidato do PT

O ex-secretário estadual de Educação da Bahia Jerônimo Rodrigues (PT) e ex-prefeito de Salvador ACM Neto vão disputar o segundo turno na eleição para governador da Bahia no próximo dia 30 de outubro.

Aliado do atual governador Rui Costa (PT), Jerônimo cresceu no final e surpreendeu ao alcançar 49,45% dos votos válidos — o que parecia improvável até uma semana antes da eleição — e evitar a vitória de ACM Neto no primeiro turno, que tinha 40,80% dos votos. O primeiro turno ocorreu no último domingo (2).

Dos três maiores candidatos, quem ficou de fora da disputa foi o candidato de Jair Bolsonaro (PL) e ex-ministro da Cidadania, João Roma (PL), que era um das apostas do presidente para tentar vencer na região Nordeste.

A dificuldade do PT de vencer na primeira rodada da disputa pode ser explicada pelo imbróglio na definição do nome. Jerônimo foi escolhido como candidato apenas após a desistência de Jaques Wagner, já este ano, de concorrer pelo grupo. Essa é a primeira eleição que ele disputa.

Questão racial pautou parte da disputa

Jerônimo começou a disputa bem atrás nas pesquisas, mas foi impulsionado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele deu uma arrancada na reta final no primeiro turno e conseguiu uma quantidade de votos capaz de levá-lo ao segundo turno.

Lula, por sinal, decidiu ir na sexta-feira (30) a Salvador e realizou um ato público com Jerônimo, tentando impulsionar o candidato baiano — o que parece ter dado certo.

A Bahia é um estado estratégico para o PT: o partido governa lá desde 2007 e tem no local o seu maior reduto do país em tempo de governos seguidos e em população governada.

Já ACM Neto se esquivou de nacionalizar a campanha: evitou declarar apoio a Soraya Thronicke (União Brasil), candidata à Presidência pelo seu partido, e buscou se distanciar da polarização entre as candidaturas de Lula e do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Também na reta final da campanha, a Justiça Eleitoral puniu a coligação de ACM Neto e suspendeu quase 10 mil segundos (cerca de 166 minutos ou quase três horas) do seu tempo de propaganda no rádio e na TV.

A maior polêmica envolveu o fato de ACM Neto ter se autodeclarado pardo ao TSE, o que gerou controvérsias entre o eleitorado da Bahia, que tem população predominantemente autodeclarada negra.

No Brasil, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a população negra é formada pela soma daqueles que se autodeclaram pretos e pardos. Em entrevista a uma emissora baiana, ele afirmou que se considera pardo, mas não negro, e disse que a classificação do IBGE para a população negra no país é um "erro" do instituto, e não dele.