Mais humildes acreditam em promessa mirabolante de picanha, diz Bolsonaro
Em evento hoje com empresários mineiros em Belo Horizonte, o presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu que eles conversem com o eleitorado "mais humilde e necessitado" que "acredita nas promessas mirabolantes de picanha e auxílios estratosféricos". O candidato à reeleição esteve com governadores reeleitos e seu candidato a vice, Braga Netto (PL), na Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais).
"Conversem com os mais humildes, com os mais necessitados, porque eles, uma parte [deles] continua acreditando nas promessas mirabolantes de picanha e auxílios estratosféricos. Se fosse possível, daríamos", afirmou Bolsonaro. No encontro, o chefe do Executivo recebeu um documento com propostas do setor produtivo no estado.
A declaração de Bolsonaro é uma referência ao discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), contra quem disputará o segundo turno. O petista afirma que, se eleito, o brasileiro voltará a comer picanha.
Estavam presentes no evento em Belo Horizonte os governadores reeleitos Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais; Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro; Ibaneis Rocha (MDB), do Distrito Federal; e Antonio Denarium (PP), de Roraima.
Auxílio. Bolsonaro também tem usado propostas para brasileiros de baixa renda durante a campanha eleitoral. Reportagem do UOL mostrou que após quatro dias do primeiro turno, o candidato à reeleição anunciou três iniciativas:
- antecipação do pagamento de outubro do Auxílio Brasil;
- relançamento de um programa de renegociação de dívidas com a Caixa Econômica Federal;
- a promessa de pagar o 13º do Auxílio Brasil para mulheres a partir de 2023.
Antes do primeiro turno, o presidente conseguiu aprovar a PEC dos Auxílios —um pacote de benefícios para diferentes públicos.
Críticas ao petista. Ao longo do discurso, Bolsonaro fez diversas críticas ao adversário e afirmou que a "especialidade" do PT é "mentir e enganar, especialmente os mais humildes". "A verdade, em grande parte, veio pelas mídias sociais", completou.
Tanto Bolsonaro como Braga Netto fizeram acenos ao eleitorado mineiro. O presidente abriu seu discurso chamando o público de "conterrâneos" e afirmando "ser" de Juiz de Fora — local em que sofreu um ataque de facada quando candidato em 2018.
Vice mineiro e conservador. Braga Netto discursou antes de Bolsonaro, lembrou que é de Belo Horizonte e disse que cresceu pedindo benção ao pai, a mãe e aos avós porque a população do estado é "conservadora e família".
O foco da fala do general é o eleitorado mais conservador que valoriza a pautas de costumes, perfil de voto cobiçado pela campanha do presidente. Bolsonaro tenta reverter no segundo turno o resultado das unas no último domingo em Minas — Bolsonaro teve 43,6% dos votos e Lula 48,29%.
Braga Netto enfatizou, porém, a necessidade de campanha olhar para "fora da bolha" e também fez referência aoàs promessas da campanha adversária.
"Se realmente querem nos ajudar, vendo que o governo está dando certo, nos ajudem com aqueles fora da bolha. Não adianta a gente pregar para convertidos, precisamos da ajuda de vocês para falar com os mais simples, porque ficam levando para os mais simples uma mensagem falsa, "Vou dar picanha", "aumentar salario por decreto" e vocês sabem que isso é impossível", disse o ex-ministro da Defesa.
Plateia amigável. Bolsonaro encontrou um público amistoso em Belo Horizonte — foi bastante aplaudido quando chegou e ao finalizar o discurso. O presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, defendeu o presidente em um episódio recente.
Quando a Polícia Federal realizou uma operação contra empresários que trocaram mensagens golpistas pelo WhatsApp, Roscoe divulgou uma nota alegando que a ação causava insegurança jurídica.
Discurso cristão. Bolsonaro e Braga Netto também fizeram acenos ao eleitorado evangélico. O candidato a vice criticou a mudança, em algumas escolas, que não comemoram mais os dias dos pais e das mães e, sim, o da família.
A Carta nossa é única. E da nossa população cristã é a Bíblia. Como disse Braga Netto: nossa família é sagrada. Nós sabemos o quanto a esquerda fez mal a nossa família, basta ver o decreto de 2009 PNDH-3 [Programa Nacional de Direitos Humanos], o capítulo mais importante é a desconstrução da heteronormatividade e outra da ideologia de gênero.
Jair Bolsonaro em evento com empresários de Minas
Reportagem do UOL Confere verificou que o programa citado por Bolsonaro ainda está vigente e que não recebeu alterações desde o governo Lula. O documento não cita "ideologia de gênero" e aborda uma única vez sobre "heteronormatividade"
O Programa Nacional de Direitos Humanos reconhece as diversas constituições de família, e não propõe "um ataque frontal à família brasileira", mas aumenta seu conceito para estender direitos à população LGBTQIA +. A íntegra do decreto está disponível neste link.
Foco em Minas. A região Sudeste concentra 4 em cada 10 votos brasileiros e Minas Gerais foi o único estado da região em que Bolsonaro perdeu. Neste segundo turno, o presidente planeja pelo menos três atos de campanha em cidades mineiras.
Uma das agendas deve ser a visita Igreja Batista da Lagoinha, em Belo Horizonte, muito popular entre os evangélicos da cidade. A importância de Minas para a campanha do presidente é tão grande que há integrantes do núcleo duro que defendem prioridade total ao estado. Lula deve visitar a capital mineira no domingo (9) —ele fará uma caminhada seguida de discurso.
Desde a redemocratização, nenhum presidente eleito perdeu em Minas.
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