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OAB-MG investiga conselheiro que disse que Lula 'tinha de ser fuzilado'

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato ao Palácio do Planalto - Ricardo Stuckert
Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato ao Palácio do Planalto Imagem: Ricardo Stuckert

Do UOL, em São Paulo

07/10/2022 19h34Atualizada em 07/10/2022 19h45

A seccional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em Minas Gerais investiga a conduta do conselheiro da OAB-MG Eliseu Marques que, segundo o jornal O Globo, escreveu em um grupo no WhatsApp que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deveria ser "fuzilado".

"Este bandido [Lula] tinha que ser fuzilado a exemplo de outros que deveriam ter o mesmo fim", escreveu Marques, de acordo com mensagens obtidas pela coluna da jornalista Malu Gaspar. Lula disputará o segundo turno contra Jair Bolsonaro (PL) no próximo dia 30 de outubro. O petista terminou o primeiro turno com 48,43% ante 43,20% do candidato à reeleição.

A declaração ocorreu em um grupo que reúne 160 conselheiros estaduais da Ordem e que é administrado pelo presidente da seccional de Minas, Sérgio Leornardo — a reportagem tentou contato com ele via Instagram, mas não teve retorno.

A fala de Marques ocorreu depois que uma participante do grupo publicou um vídeo de Lula com a frase "Se eles voltarem, o Brasil será como Cuba".

Depois da mensagem de Eliseu, explicou o jornal, Sérgio Leonardo proibiu o envio de mensagens pelos participantes do grupo e pediu para os membros evitarem discussões políticas no grupo. "Não agrega. Temos um compromisso maior com a advocacia mineira", escreveu.

Questionado pelo jornal via ligação telefônica, Eliseu desligou após ser perguntado sobre a mensagem enviada no grupo. "Que mensagem que eu escrevi? Não tenho manifestação nenhuma, não."

O UOL não encontrou forma de contatar o conselheiro, pois não havia número de telefone no CNA (Cadastro Nacional dos Advogados). O espaço segue aberto para manifestação.

OAB-MG diz que não admite essas condutas. Em nota enviada ao UOL, a seccional mineira lamentou o ocorrido e anunciou que providências "serão tomadas para apuração da conduta do conselheiro no âmbito ético disciplinar".

"A seccional mineira da OAB, mais uma vez nesta semana, foi surpreendida com um pronunciamento que requer firme posicionamento institucional. Há pouco, lamentavelmente, houve o vazamento de uma mensagem do grupo privado de conselheiros estaduais. A OAB-MG destaca que o conteúdo desta mensagem não é compatível com os princípios e os valores que a instituição defende."

A seccional ainda destacou que "não admite qualquer atitude que contenha discriminação, preconceito, incitação a violência ou discurso de ódio".

"A gestão 2022/2024 da OAB-MG trabalha para inovar, incluir e avançar e seguirá dedicada para que não haja retrocessos civilizatórios na sociedade brasileira."

Outro episódio. Nesta semana, outra situação polêmica também ocorreu na seccional mineira. A advogada Flávia Aparecida Rodrigues Moraes foi exonerada da OAB de Uberlândia (MG) após vídeos publicados nas redes sociais a mostrarem fazendo afirmações xenofóbicas contra nordestinos. Flávia era vice-presidente da Comissão da Mulher Advogada da entidade.

Na gravação, Flávia aparece ao lado de duas mulheres e diz que não irá mais gastar dinheiro no Nordeste. "Nós geramos emprego, nós pagamos impostos e sabe o que a gente faz? A gente gasta o nosso dinheiro lá no Nordeste. Não vamos fazer isso mais. Vamos dar dinheiro para quem realmente precisa, quem realmente merece", afirma a advogada no vídeo.

Em uma publicação na página oficial da OAB de Uberlândia no Facebook, o diretor presidente da entidade, José Eduardo Batista, disse que, além da exoneração, também foram abertos processos ético-disciplinares contra Flávia.