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Celso de Mello diz que fala de Bolsonaro sobre nordestinos é 'inaceitável'

Celso de Mello, ministro aposentado do Supremo - Reprodução
Celso de Mello, ministro aposentado do Supremo Imagem: Reprodução

Rayssa Motta

São Paulo

07/10/2022 15h33

O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro aposentado Celso de Mello, criticou nesta sexta-feira, 7, a fala do presidente Jair Bolsonaro (PL) que atribuiu a vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Nordeste, no primeiro turno das eleições, às taxas de analfabetismo na região.

Celso de Mello disse que as observações do presidente foram "reprováveis, preconceituosas e inaceitáveis" e que o comportamento de Bolsonaro é "indigno e vergonhoso".

"A respeito dos brasileiros nascidos no Nordeste, torna-se necessário fazer, para repelir suas insultuosas alegações, breve relações de alguns nomes dos incontáveis nordestinos ilustres que, para honra do Brasil, brilharam na história de nosso País nos diversos setores da atividade humana", reagiu.

O ministro citou mais de 50 nordestinos célebres, como o jurista Ruy Barbosa, os escritores Manuel Bandeira, Ariano Suassuna, Rachel de Queiroz e Jorge Amado, o bispo Dom Helder Câmara e o ex-presidente Deodoro da Fonseca (veja a lista completa ao fim da matéria).

Celso de Mello declarou voto em Lula ainda no primeiro turno. Ele disse que Bolsonaro é um "político menor, sem estatura presidencial" e que nega "reverência" à democracia.

O presidente disse, na última quarta-feira, 5, que Lula venceu em 9 dos 10 Estados com maior taxa de analfabetismo. "Você sabe quais são esses estados? No nosso Nordeste. Não é só taxa de analfabetismo alta ou mais grave nesses estados. Outros dados econômicos agora também são inferiores na região", afirmou Bolsonaro em transmissão ao vivo nas redes sociais.

Após o resultado do primeiro turno das eleições, diversos casos de racismo contra nordestinos começaram a ser expostos nas redes sociais. Lula teve 67% dos votos válidos na região contra 26,8% de Bolsonaro.

Veja a lista completa do ministro Celso de Mello:

Josué de Castro, Aloísio Azevedo, Anísio Teixeira, Frei Caneca, José de Alencar, Manuel Bandeira, Nise da Silveira, Irmã Dulce, Paulo Freire, Ariano Suassuna, Augusto dos Anjos, Tobias Barreto, Clovis Beviláqua, Bárbara de Alencar, Deodoro da Fonseca, Epitácio Pessoa, Ruy Barbosa, Pedro de Araújo Lima (Marquês de Olinda, 1oº Diretor da Faculdade de Direito de Olinda, em 1827, e, dentre outros cargos políticos, foi Regente Único do Império do Brasil), Visconde de Rio Branco, Condessa de Barral (na França) e Condessa da Pedra Branca (no Brasil), Jorge Amado, Gonçalves Dias, Cipriano Barata, Matias de Albuquerque, Gilberto Freyre, Pontes de Miranda, Francisco de Paula Batista, Aníbal Bruno, Braz Florentino Henriques de Souza, Luiz Pinto Ferreira, Sílvio Romero, Gilberto Amado, Graça Aranha, Anibal Freire da Fonseca, Laudelino Freire , Francisco de Assis Rosa e Silva , Zacarias de Góis e Vasconcelos, José Higino Duarte Pereira, Franklin Dória, Odylo Costa Filho, Arthur Azevedo, Raimundo Correia, José Américo de Almeida, José Lins do Rego, Rachel de Queiroz, João Maurício Wanderley (Barão de Cotegipe), Freitas Henriques (1o. Presidente do STF na República), Nísia Floresta, Cardeal Dom Eugênio Sales, Dom Helder Câmara, Cardeal Dom Joaquim Arcoverde (1oº Cardeal do Brasil e da América Latina), Manoel de Carvalho Pais de Andrade (um dos principais líderes e autor da proclamação da Confederação do Equador), Conselheiro João Alfredo (como Presidente do penúltimo Conselho de Ministros do Império, foi ele decisivo na aprovação parlamentar do projeto de lei que se converteu na Lei Áurea), José de Barros Lima e Cruz Cabugá (dois dos líderes da grande Revolução Pernambucana de 1817), Henrique Dias , André Vidal de Negreiros e Antonio Felipe Camarão (heróis da expulsão dos holandeses do Nordeste brasileiro), General José Inácio de Abreu e Lima (participou das guerras de independência da América espanhola e foi um dos generais de Simón Bolívar, o Libertador das Américas).