Bolsonaro pediu para Playboy não publicar menção a aborto, diz ex-editor
O presidente Jair Bolsonaro (PL) teria pedido, em 2011, para a revista Playboy cortar o trecho de uma entrevista na qual ele admitia ter cogitado pedir à sua ex-esposa, Ana Cristina Siqueira Valle, que abortasse. A gestação era de Jair Renan Bolsonaro, hoje com 24 anos.
Segundo Jardel Sebba, que entrevistou Bolsonaro para a revista Playboy em 2011, o então deputado federal o chamou antes do início de uma nova rodada de perguntas e pediu que a resposta na qual que mencionava o aborto, citada no dia anterior para a mesma publicação, fosse deixada de fora da revista.
"Ele disse que chegou a pensar em sugerir um aborto para essa mãe do Jair Renan. Isso nunca foi publicado", revelou Jardel Sebba ao portal Goiás 24 horas, em depoimento publicado hoje.
O então editor da revista Playboy afirmou também ter pensado que Bolsonaro pediria para tirar uma referência a tortura, mas que não foi o caso.
Bolsonaro também mencionou aborto em 2000. Bolsonaro declarou o seu pedido de aborto à ex-esposa também à revista IstoÉ, conforme trechos recuperados pela colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, na última semana. A entrevista, de fevereiro de 2000, trouxe o presidente classificando o aborto como "uma decisão do casal".
Questionado se já havia passado por essa situação, Bolsonaro confirmou: "Já. Passei para a companheira, e a decisão dela foi de manter. Está ali, ó", respondeu, apontando para uma foto de Jair Renan.
Aborto virou tema na eleição presidencial. O debate sobre tema do aborto tem mobilizado tanto Bolsonaro quanto seu adversário na corrida presidencial, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a se posicionarem contra o procedimento devido à resistência religiosa cristã conservadora ao assunto.
Apesar de o aborto ser considerado impopular com uma parcela do eleitorado, a mudança na legislação para flexibilizar ou não as atuais condicionantes para o procedimento no Brasil não dependeria apenas do presidente.
Isso porque uma alteração na lei atual teria que vir do Legislativo — ou seja, da Câmara dos Deputados e do Senado — ou do Judiciário — com uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) trazendo novas interpretações da lei atual.
Hoje, o Brasil permite a interrupção da gravidez em três situações: em casos de estupro, de risco à vida da mulher e de anencefalia.
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