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CNBB lamenta 'exploração da religião para angariar votos no 2º turno'

Jair Bolsonaro no barco durante o Círio de Nazaré, em Belém - Raimundo Pacco/Reuters
Jair Bolsonaro no barco durante o Círio de Nazaré, em Belém Imagem: Raimundo Pacco/Reuters

Do UOL, em São Paulo

11/10/2022 13h30

A presidência da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) condenou, por meio de nota divulgada hoje, "a intensificação da exploração da fé e da religião" como meio de angariar votos nessas eleições.

A entidade, sem citar nomes, afirmou que "momentos especificamente religiosos não podem ser usados por candidatos para apresentarem suas propostas de campanha" e que a "manipulação" tira o foco de "reais problemas que necessitam ser debatidos e enfrentados em nosso Brasil".

O posicionamento da CNBB ocorre um dia antes da celebração do Dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, cujas comemorações no Santuário de Aparecida, no interior de São Paulo, atraem multidões. O presidente Jair Bolsonaro (PL) estará presente ao evento, assim como fez no ano passado.

No fim de semana, Bolsonaro estava no Pará para o Círio de Nazaré, outra data religiosa importante em homenagem à Nossa Senhora do Nazaré. Mesmo sem ser convidado pela igreja, Bolsonaro esteve no navio da Marinha durante a procissão fluvial. Nas redes sociais, o filho Eduardo Bolsonaro chamou a romaria de "barqueata" pró-Bolsonaro e foi criticado.

Quem também esteve presente foi a socióloga Rosângela da Silva, conhecida como Janja, esposa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Janja evitou falar de Bolsonaro, mas afirmou que agradeceu à santa por um primeiro turno "sem violência" e que pediu pelo mesmo no segundo turno.

"Ratificamos que a CNBB condena, veementemente, o uso da religião por todo e qualquer candidato como ferramenta de sua campanha eleitoral", complementa a nota da CNBB, antes de finalizar "convocando" cidadãos e cidadãs "a fazerem deste momento oportunidade de reflexão e proposição de ações que foquem na dignidade da pessoa humana e na busca por um país mais justo, fraterno e solidário".

Leia a nota na íntegra:

"Existe um tempo para cada coisa" (Ecl. 3,1)
Lamentamos, neste momento de campanha eleitoral, a intensificação da exploração da fé e da religião como caminho para angariar votos no segundo turno. Momentos especificamente religiosos não podem ser usados por candidatos para apresentarem suas propostas de campanha e demais assuntos relacionados às eleições. Desse modo, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lamenta e reprova tais ações e comportamentos.
A manipulação religiosa sempre desvirtua os valores do Evangelho e tira o foco dos reais problemas que necessitam ser debatidos e enfrentados em nosso Brasil. É fundamental um compromisso autêntico com a verdade e com o Evangelho.
Ratificamos que a CNBB condena, veementemente, o uso da religião por todo e qualquer candidato como ferramenta de sua campanha eleitoral. Convocamos todos os cidadãos e cidadãs, na liberdade de sua consciência e compromisso com o bem comum, a fazerem deste momento oportunidade de reflexão e proposição de ações que foquem na dignidade da pessoa humana e na busca por um país mais justo, fraterno e solidário."