Com Bolsonaro e Michelle, pastores pedem votos: 'Falem com suas mulheres'
"A batalha final será no dia 30 de outubro, em nome do senhor Jesus". Foi na presença do presidente Jair Bolsonaro (PL) que o pastor José Wellington pediu votos durante culto evangélico na AD Belém (Assembleia de Deus Ministério de Belém) na tarde de hoje (4). O encontro, na zona leste de São Paulo, teve a presença da primeira-dama Michelle Bolsonaro e de outros parlamentares.
Bolsonaro chegou ao local por volta de 17h45. O evento durou cerca de uma hora. Além de Michelle, ele estava acompanhado pelo filho, o deputado federal reeleito Eduardo Bolsonaro (PL-SP), pelo candidato ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) e pelo senador eleito Marcos Pontes (PL-SP).
Boa parte dos fiéis levantou assim que o Bolsonaro e Michelle entraram. Antes que o chefe do Executivo pudesse se pronunciar, o hino nacional tocou. Na sequência, o pastor-presidente da AD Belém, José Wellington, pediu aos fiéis que conversem com suas esposas porque mulheres "têm facilidade" de pedir votos. Antes que a primeira-dama subisse ao púlpito, só havia homens ali.
"Aqui o senhor [Bolsonaro] tem representantes de todas as cidades do estado de São Paulo. Desde manhã venho falando com eles do trabalho, que quando voltarem para suas igrejas, que falem com suas famílias, suas mulheres. Elas têm uma facilidade muito grande de pedir votos", disse Wellington.
"Vamos fazer Amém?". Wellington também pediu que os deputados presentes no culto se levantassem para que os fiéis pudessem orar por eles. "Se Deus quiser estaremos no dia 30 de outubro votando 22 e 10", disse, em referência aos números de Bolsonaro e Tarcísio nas urnas.
Estamos bem próximos da vitória. Temos uma batalha, e a batalha final será no dia 30 de outubro em nome do senhor Jesus."
Pastor José Wellington da AD Belém
Rotina de oração. Bolsonaro disse que há três anos adquiriu a rotina de rezar um "Pai Nosso" todas as manhãs, seguido de um pedido: "Que o povo um dia não venha a sofrer as dores do comunismo". Novamente, o presidente afirmou que o Brasil é "a terra prometida".
Abstenção. Uma das grandes preocupações da campanha do presidente é manter a militância motivada para ir votar em 30 de outubro — a taxa de abstenção neste ano foi de 20,95%. No culto desta noite, Bolsonaro abordou o assunto ao falar da vitória de Gabriel Boric, político de esquerda, na última eleição presidencial do Chile.
"Lá quem decidiu a eleição não foi quem foi as urnas, foi quem não foi as urnas", disse Bolsonaro.
Em discurso que antecedeu o de Bolsonaro, Michelle pediu que os fiéis conversem com aqueles "que ainda não sabem em quem votar".
"As pessoas ainda não têm esse entendimento pela cegueira espiritual, pelo espírito da mentira", declarou a primeira-dama.
Nordeste. Wellington também disse aos fiéis para conversarem com parentes nordestinos. O placar do primeiro turno presidencial no Nordeste ficou em 66,7% para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra 27% para Bolsonaro. Os dois disputam o segundo turno.
"Queria pedir... Nós todos temos parentes no Nordeste. Ligue para seu parente no Nordeste e diga para quem ele deve votar para presidente. Porque muitos nordestinos estão mal informados, porque não tem uma imprensa boa. E vamos pedir também para aqueles que não votaram. Vamos levar os nossos idosos, que não saíram de casa, vamos levá-los para votar", disse o pastor.
Jejum e oração. Tanto Michelle quanto os pastores repetiram a narrativa que o Brasil vive um momento de guerra espiritual e que a igreja não pode ser omissa. Assim como no 7 de setembro e antes do primeiro turno, as lideranças evangélicas pediram que os fiéis façam jejum e oração pelo futuro do país.
Escolhido. Michelle voltou a dizer que Bolsonaro, vítima de um ataque a faca em 2018, "é um milagre do Senhor" e que cumpre uma missão espiritual no país. Ela também sinalizou, sem citar nomes, que Lula é contrário aos cristãos. Nesta tarde, o petista se reuniu com frades franciscanos.
"É inadmissível um cristão falar que vota num ser que é contra a palavra do Senhor, que é contra a noiva do Senhor", disse, sem citar nomes, em referência ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), adversário de Bolsonaro no segundo turno.
Hoje Lula se encontrou com frades franciscanos em meio à divulgação de notícias falsas sobre sua religiosidade, e disse que sua fé e sua espiritualidade são algo que considera muito sagrado — ainda nesta terça o TSE mandou apagar publicações que tentam ligar o ex-presidente à perseguição de cristãos.
Sequelas da covid. Antes de Bolsonaro chegar, José Wellington relatou a experiência de ter lutado contra a covid-19 e disse que ficou "de frente com a morte". Na visão dele, a fé o ajudou a enfrentar esse momento difícil. O líder religioso também relatou que ainda sofre sequelas da doença na perna. "Espero, em breve, estar 100%."
Família na política. Wellington ajudou a divulgar a candidatura da filha, Marta Costa, para deputada estadual em São Paulo. Filiada ao PSD, ela foi reeleita com mais de 170 mil votos.
O pastor também trabalhou como cabo eleitoral nas redes sociais pela reeleição do deputado federal Paulo Freire Costa (PL-SP).
Em seu perfil no Instagram, o pastor postou vídeos e fotos apoiando os dois e também a candidatura de Bolsonaro. Ele é seguido por Michelle e pelo ex-ministro da Educação Milton Ribeiro.
Rebeldes. Durante o culto, fiéis ignoraram as orientações de pessoas da organização do evento e levantaram os celulares assim que Bolsonaro começou a discursar.
Durante o discurso das lideranças evangélicas, uma pessoa da organização havia pedido, individualmente, para que os presentes parassem de gravar.
Mais compromissos. No fim da tarde, o presidente terá ainda outro compromisso com lideranças evangélicas: a reunião de obreiros e pastores da Assembleia de Deus Madureira São Paulo, no Brás.
Os dois compromissos fazem parte da primeira agenda pública de Bolsonaro após a divulgação do resultado nas urnas no primeiro turno.
Apoio do atual governador
Bolsonaro chegou à igreja logo após receber apoio formal do governador Rodrigo Garcia (PSDB), que tentou a reeleição, mas foi derrotado nas urnas no último domingo (2).
Antes de assumir o cargo de governador do estado, o tucano era vice do ex-governador João Doria (PSDB), adversário direto do atual chefe do Executivo federal e postulante à reeleição.
Segundo Garcia, a direção nacional do PSDB realiza hoje uma reunião para formalizar a posição de neutralidade na disputa entre Bolsonaro e Lula. Com isso, as representações estaduais ficam livres para definir um posicionamento no segundo turno do pleito nacional.
Independência. Indagado pela imprensa se havia comunicado ou não a decisão ao padrinho político, Doria, Garcia se esquivou e respondeu ter dado ciência apenas aos caciques do partido: Bruno Araújo, presidente da Executiva Nacional, e Marco Vignoli, chefe do diretório estadual.
Bolsonaro reagiu com otimismo ao apoio de Garcia e declarou que a entrada do tucano na campanha à reeleição é "muito bem-vinda".
Mais cedo, ele também recebeu o apoio do governador reeleito de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo).
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