Lula faz ofensiva em área bolsonarista e acena a prefeitos: 'RJ vai virar'
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) realizou um comício lotado no Campo do Heliópolis, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, região onde adversário Jair Bolsonaro (PL) venceu nos 13 municípios.
O tom dos discursos foi de virada na região e promessa de maior sinergia entre um possível governo Lula e prefeituras do RJ. No estado, Bolsonaro teve vantagem de 984 mil votos. Lula ganhou em 22 dos 72 municípios.
O comício acontece dias após o prefeito de Belford Roxo, Waguinho (União), oficializar apoio a Lula após também ser cobiçado pela campanha de Bolsonaro.
Ameaças e ataques. Waguinho esteve no palco ao lado de sua esposa, Daniela do Waguinho (União), a deputada federal mais votada do estado. Durante seu discurso, ela citou que tem sido atacada devido ao apoio a Lula. "Mas não podemos abaixar a cabeça", disse a deputada reeleita com 213.706 votos.
Não podemos ter nosso direito cerceado, precisamos ter liberdade para fazer nossa escolha."
Daniela do Waguinho (União), deputada federal reeleita
Durante o comício, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), citou que há prefeitos do estado que "têm medo da ameaça do governo autoritário" e que, por isso, não declaram publicamente seus votos.
Muitos prefeitos estão me ligando, muitos prefeitos estão com Lula, [mas] diante dessa circunstância toda que a gente vê no Brasil, às vezes temem [fazer] essa manifestação. Mas o Rio de Janeiro vai virar."
Eduardo Paes, prefeito do Rio, em entrevista
Em vários momentos, Lula saudou Waguinho. Na caminhada em direção ao Campo de Heliópolis, o candidato petista agradeceu a "disposição, coragem e destemor" de Waguinho ao dizer "em alto e bom som que Belford Roxo é uma cidade livre".
Eu sei quantas ofensas ele [Waguinho] recebeu, quantas provocações, quantas ameaças."
Lula (PT) ao agradecer comício em Belford Roxo
Em território adverso. Incursões em redutos bolsonaristas têm sido raras na campanha petista. Na própria Baixada Fluminense, Lula esteve em apenas um ato no primeiro turno, em Nova Iguaçu (RJ).
Entre os chamados "bolsões de Bolsonaro", Lula só visitou o Sul. O ex-presidente não foi ao Centro-Oeste, com exceção do Distrito Federal —tarefa que coube a Geraldo Alckmin (PSB), vice na chapa, em uma rápida passagem por Goiás. Também não foi aos estados que mais apoiam o presidente no Norte. No Sudeste, não visitou o Espírito Santo, onde Bolsonaro teve a maior vitória.
Números. No primeiro turno, Lula perdeu para Jair Bolsonaro (PL) em Belford Roxo. O atual presidente teve 54,79% dos votos, enquanto o petista recebeu 38,90% dos votos.
Apoio a Dantas. Durante as agendas, o ex-presidente comentou a operação contra o governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), deflagrada hoje. "Na minha opinião, está cheirando suspeição, porque é um processo antigo. Faltando pouco tempo para as eleições, você tentar tirar um candidato que é adversário do candidato do Arthur Lira, presidente da Câmara", disse.
Políticos pop. Os presentes tratavam lideranças que participaram do ato como astros pop —de Waguinho ao senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que, mesmo sendo de outro estado, teve seu nome entoado. Waguinho foi o mais aplaudido depois de Lula.
Daniela do Waguinho fez um discurso inflamado e foi muito ovacionada. Antes, ela fez par com Janja, esposa de Lula, no já tradicional momento de entoar o principal jingle da campanha petista. A exemplo de Janja, Daniela levantou a plateia, cantou e dançou.
Samba e funk na plateia. O Campo de Heliópolis estava lotado. Sem estimativa de público pela organização, muitas pessoas ficaram para fora por não caber na área interna. A militância presente esteve animada, no ritmo de samba e também de funk. A cada fala, um batuque no meio do público animava o povo, que cantava "olê olê olê olá Lula Lula" em ritmo de samba.
Durante o discurso, Lula alfinetou Bolsonaro: "Aprenda a governar esse país respeitando os interesses do povo. Nós vamos ganhar as eleições no estado do Rio."
Após a fala, militantes cantaram o trecho de um funk antigo: "Baixada é cruel, os sinistros são de Bel", uma alusão ao município.
Militantes usam vermelho, apoiadores usam... Uma recomendação que circulou pela Baixada Fluminense pedia que os apoiadores presentes fossem ao ato de branco. No palco, os anfitriões, Lula e Janja vestiam branco, outros políticos vestiam azul, mas ninguém vestia vermelho.
No chão, um cenário diferente: grande parte da militância foi de vermelho e outros apoiadores foram de cores diversas, sem predominância de branco. A intenção dos organizadores era de que, em um reduto bolsonarista, uma cor neutra teria mais chance de atrair indecisos e eleitores de Waguinho, de perfil mais conservador, do que o vermelho tradicional do PT.
Caminhada pelas ruas. Antes, Lula fez uma caminhada pelas ruas do município, momento que aproveitou para cumprimentar apoiadores dentro de um ônibus. A campanha petista havia previsto apenas o comício no município, mas de última hora a caminhada foi incorporada à agenda.
Nesse sentido, funciona a estratégia de segmento do PT defensor das caminhadas sob argumento que elas agregam pessoas que não iriam a um comício, mas, que pegas desprevenidas, juntam-se ao cortejo.
O ato foi uma articulação de André Ceciliano, deputado estadual pelo PT e candidato derrotado ao Senado, com Waguinho (União), prefeito do município e presidente estadual da sigla —que liberou filiados a apoiarem quem quiserem no segundo turno.
Camarote andante. Puxando a caminhada, estavam a presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o ex-ministro Gilberto Carvalho (PT) e o ex-senador e deputado federal eleito Lindbergh Farias (PT-RJ).
O jogo virou. Dado a atrasos em seus atos, o ex-presidente chegou à avenida principal de Belford Roxo, pouco depois das 17h —horário remarcado em cima da hora. Dessa vez, no entanto, quem ficou esperando foi o petista. Ele foi o primeiro a subir na caminhonete, seguido pelo deputado estadual André Ceciliano (PT-RJ). Waguinho foi o último a chegar, às 17h35, e o cortejo partiu.
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