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Joel: Damares usa caso do esgoto da extrema direita para criar pânico moral

Colaboração para o UOL, em São Paulo

13/10/2022 13h23Atualizada em 13/10/2022 13h37

O relato da senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF) sobre supostos abusos sexuais de crianças no Pará pode ter saído de teorias conspiratórias da extrema direita, segundo o comentarista do UOL News Joel Pinheiro.

Em entrevista à Rádio Bandeirantes hoje, Damares disse que as denúncias "a gente ouve nas ruas, na fronteira", sem especificar qual região fronteiriça. "Eu tenho uma suspeita. A Damares não ouviu essa história escabrosa nas ruas de Marajó", disse Joel. "Isso surgiu de redes da internet de extrema direita que buscam espalhar o pânico moral na população."

Segundo o jornalista, Damares usou a história para propagar a ideologia pregada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).

"É uma ideologia extremista que busca divulgar e promover a histeria com os casos mais escabrosos possíveis, muitas vezes sem evidência nenhuma", afirmou o comentarista.

Para Joel, Damares não quer admitir que a denúncia é falsa, pois irá mostrar que não foi uma "ministra séria". A senadora eleita chefiou a pasta da Mulher, Família e Direitos Humanos (MDH) no governo Bolsonaro.

"Não acredito que essas histórias específicas sobre Marajó irão aparecer em nenhum relato ou denúncia sérios. Acredito que vamos descobrir que isso veio da rede de esgoto online das fake news extremistas que são do bolsonarismo, mas não só dele, são de uma extrema direita mundial que se utiliza das mesmas práticas", disse.

Sakamoto: História de Damares, da forma como está colocada, só piora

Em participação no UOL News, o colunista Leonardo Sakamoto também repercutiu o caso da ex-ministra Damares Alves.

"Essa história, do jeito que está colocada, só piora. Uma ministra que recebe informações nas ruas de que crianças estão tendo os seus dentes arrancados para fazer sexo oral deveria ter colocado alguém para investigar", disse o jornalista.

"É fato que a exploração sexual de crianças e adolescentes existe e é forte na região Norte", acrescentou. "Então, a pergunta é: por que ela não informou [sobre os supostos crimes]? Se ouviu, ela tinha que ter movido algo. Se não moveu, a ministra passou pano para bandido."

Sakamoto: Bolsonarismo quis agir contra ato de Lula no RJ e trata pobres como bandidos

Leonardo Sakamoto também falou sobre a polêmica do boné com as letras "CPX" usado ontem pelo ex-presidente Lula (PT) durante caminhada de campanha no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro.

O item foi atacado por apoiadores de Bolsonaro nas redes sociais, que disseram que o acrônimo é de uma gíria de grupos criminosos, o que não é verdade.

"CPX significa complexo de favelas. Temos vários complexos de favelas no Rio: do Alemão, da Penha, da Maré, do Salgueiro. Mas o bolsonarismo passou a divulgar a mentira de que isso estava associado ao Comando Vermelho", afirmou Sakamoto.

"Além de uma mentira política, isso reforça o preconceito contra comunidades pobres do Rio de Janeiro, que já são tratadas como bandidos por parte da elite fluminense", prosseguiu.

"Essa fake news tem o mesmo DNA de outra usada contra Marielle Franco, de que ela namorava um líder do Comando Vermelho e tinha sido eleita com dinheiro do crime organizado", apontou o colunista.

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